
Uma tragédia ocorrida em Teresina (PI) acendeu um alerta nacional sobre a negligência com elementos simples, como o uso e a fixação de móveis. A pequena Alice Brasil Souza da Paz, de apenas 4 anos, morreu no dia 5 de agosto de 2025, após ser atingida por uma penteadeira infantil dentro da brinquedoteca do Colégio CEV, na unidade Kennedy, zona Leste da capital piauiense. O caso causou forte comoção e levantou debates sobre responsabilidade, prevenção e a cultura do cuidado nas escolas brasileiras.
Alice havia ido à escola celebrar o aniversário junto com o irmão gêmeo, Arthur. Em vídeos divulgados pela família e exibidos no programa Fantástico, da TV Globo, a menina aparece sorridente, brincando com amigos e pais, minutos antes do acidente.
CONTEÚDOS RELACIONADOS
- Mulher nua é presa após matar o pai e diz que ele a obrigava a se prostituir
- Felca anda de carro blindado após denunciar exploração infantil
- Mulher se apaixona por homem que recebeu o coração do marido falecido
Na brinquedoteca da escola, enquanto interagia com outras crianças, Alice se deitou no chão próximo de uma penteadeira que não estava fixada à parede. Segundo imagens obtidas pela reportagem, uma outra criança passou por baixo do móvel, provocando o tombamento. A estrutura caiu diretamente sobre a cabeça da menina, causando um traumatismo craniano fatal.

Apesar dos esforços da equipe da escola e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Alice não resistiu aos ferimentos. O sepultamento aconteceu no dia seguinte.
VEJA AS IMAGENS DAS CÂMERAS
Imagens, versões conflitantes e dor familiar
A comoção aumentou após a exibição da reportagem do Fantástico, que mostrou trechos inéditos do circuito de segurança interno da escola. Em uma das imagens, é possível ver o momento do acidente. A TV Globo também entrevistou os pais de Alice, que fizeram fortes declarações sobre a falta de respostas e a condução da crise pela escola.
“Entregamos uma filha viva e recebemos uma filha morta”, declarou o pai, o Major Cláudio Sousa, visivelmente abalado. A mãe, Dayana Brasil, acrescentou: “Foi a cena mais cruel que já vi na vida. Enterrei uma criança que deveria estar brincando agora com o irmão.”
Quer mais notícias de Brasil? Acesse o canal do WhatsApp do DOL
Segundo os pais, as versões fornecidas pela escola foram contraditórias. “Primeiro disseram que era um brinquedo, depois mudaram. Até agora não recebemos explicações concretas”, disse Cláudio. Ele enfatiza que não busca vingança, mas justiça "para que nenhuma outra criança passe pelo que a nossa Alice passou".
Falhas de segurança e cultura do cuidado
A tragédia expôs um problema recorrente nas escolas brasileiras: a ausência de protocolos de segurança adequados para a faixa etária infantil. A arquiteta Flávia Lima, ouvida pelo Fantástico, alertou que móveis em ambientes com crianças devem ser fixados ou ter estrutura segura o suficiente para não oferecer risco. “A criança não vai usar o espaço como o adulto espera. Ela escala, se esconde, se pendura. E o ambiente precisa estar preparado para isso.”
Após o acidente, o Colégio CEV anunciou medidas emergenciais, como a retirada de móveis soltos, revisão de protocolos internos e a criação de um comitê de segurança com a participação de pais e especialistas. No entanto, segundo a reportagem, a equipe da TV Globo não teve autorização para verificar as mudanças anunciadas.
A mãe de Alice reforçou que, mais do que leis, é preciso mudar a mentalidade: “Não preciso de uma lei para cuidar de alguém. Se não houver o interesse, a boa vontade, a cultura do cuidado, não adianta.”
Investigações e providências
A Polícia Civil do Piauí abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente, com prazo de 30 dias para conclusão. O Ministério Público do Estado também instaurou um procedimento administrativo com o objetivo de recomendar medidas preventivas para outras instituições de ensino — incluindo a obrigatoriedade de treinamentos de primeiros socorros para funcionários de escolas públicas e privadas.
O Ministério da Educação (MEC) informou que a escola está com sua situação de funcionamento regular e que acompanha o caso. Enquanto isso, a família busca apoio psicológico para o irmão gêmeo de Alice, Arthur, que presenciou toda a cena e ainda não compreende totalmente a ausência repentina da irmã.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar