
Armas, esculturas eróticas, móveis luxuosos, uma Ferrari F8 avaliada em mais de R$ 4 milhões e até uma réplica do carro de Fórmula 1 usado por Ayrton Senna. Esse foi o cenário encontrado pela Polícia Federal durante mais uma fase da Operação Cambota, que investiga um esquema bilionário de fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS.
Na manhã desta sexta-feira (12), a PF prendeu Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", e o empresário Maurício Camisotti, apontados como operadores centrais do esquema. As prisões foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A operação também executa 13 mandados de busca e apreensão, incluindo endereços ligados ao advogado Nelson Wilians, dono de um dos escritórios mais caros do país.
A investigação apura descontos indevidos de mensalidades associativas aplicados sem autorização nos benefícios de milhões de aposentados. Segundo a PF, o grupo movimentou valores bilionárias e ostentava uma vida de luxo, evidenciada pelos itens apreendidos, que incluem relógios caros, dinheiro em espécie, quadros, esculturas e automóveis de alto padrão. A PF ainda não divulgou oficialmente a quem pertencem os bens que foram recolhidos na manhã desta sexta-feira (12).
Veja fotos dos itens apreendidos:
Prisões, mandados e defesa
Apontado como líder do esquema, Antônio Carlos Camilo Antunes foi preso na residência dele, em Brasília. Um dos mandados de busca também foi cumprido na casa do filho dele, Romeu Carvalho Antunes, onde, em maio, a PF já havia apreendido uma BMW e diversos documentos.
O advogado de Antunes, Cleber Lopes, afirmou a jornalistas que a prisão pegou todos de surpresa. “Estamos com toda a documentação separada, catalogada, e vamos apresentá-la à autoridade policial na perspectiva exatamente de desfazer esta equivocada compreensão que foi, talvez convenientemente construída contra o senhor Antunes, para, eventualmente, distensionar outros interesses”, disse.
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Lopes ainda destacou que Antunes tem colaborado com a Justiça desde março e que sempre obteve autorização judicial para viagens. “Ele não tem tido contato com ninguém, mantendo o foco em sua defesa”, disse, ao criticar o que considera uma decisão equivocada do STF ao autorizar a prisão preventiva.
Envolvimento de Nelson Wilians
Outro nome de destaque citado na Operação Cambota é o do advogado Nelson Wilians. Por meio de nota à impressa, ele afirmou estar colaborando com as investigações e confiante de que será inocentado. De acordo com a PF, relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que o escritório de Wilians repassou R$ 15,5 milhões a Camisotti, por meio de movimentações financeiras classificadas como “atípicas”.
“Os valores transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação”, justificou Nelson Wilians. “Ressaltamos que a medida cumprida [o mandado de busca e apreensão] é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade”, completou.
Avanço nas investigações
A operação desta sexta-feira (12) foi considerada um avanço importante pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura o caso no Congresso. O presidente da comissão, senador Carlos Viana, classificou as prisões como apenas o início de uma ampla responsabilização.
“Temos muitas outras pessoas que também têm que ser presas, têm que dar declarações na cadeia. Para que não possam fugir e, principalmente, para que não possam esconder o patrimônio roubado dos aposentados”, afirmou.
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Viana também lembrou que, na semana passada, a CPMI enviou ao relator do caso no STF, ministro André Mendonça, o pedido de prisão de 21 investigados. Além disso, a comissão aprovou, nesta última quinta-feira (11), cerca de 400 requerimentos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telemático dos envolvidos, incluindo Antunes e Camisotti.
A expectativa agora é que os presos compareçam à CPMI na próxima semana. “Agora, o próximo passo é pedirmos ao ministro André Mendonça que o STF libere [para depor à CPMI] o senhor Antunes, o Careca [do INSS], na próxima segunda-feira (15), e o senhor Camisotti na próxima quinta-feira (18)”, afirmou o senador.
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