A manhã desta quarta-feira (29) começou marcada pela presença de dezenas de corpos na Praça São Lucas, na Penha, Zona Norte do Rio. Moradores e familiares levaram as vítimas da megaoperação das polícias Civil e Militar - a mais letal da história fluminense -, que tinha como objetivo conter a expansão do Comando Vermelho.
De acordo com o ativista Raull Santiago, fundador do Instituto Papo Reto, o número de mortos deve crescer nas próximas horas. Por volta das 9h, já havia 60 corpos reunidos na praça, todos mortos na operação da última terça-feira (28). "Tem mais corpos chegando. Os carros acabaram de subir porque mais pessoas foram encontradas em algumas partes da favela", contou Raull, emocionado, ao relatar a cena de horror.
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O CHORO DAS FAMÍLIAS
O militante, conhecido pela atuação em defesa dos direitos humanos, descreveu o cenário como um dos mais impactantes de sua trajetória. "Nada me marca tanto quanto o choro da família. Infelizmente eu queria que isso não fosse uma realidade dentro da minha existência, mas os corpos como eles estão ali, estraçalhados, violados de tantas formas, isso, infelizmente, não me choca tanto quanto o que está acontecendo aqui no entorno. O choro dos familiares", desabafou.
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Além do forte cheiro que tomava conta da região, o ativista destacou a dor do reconhecimento dos corpos por mães, pais e irmãos. "Seja ele alguém que realmente estava envolvido com o mercado ilícito das drogas. Seja ele alguém que estava no lugar errado, na hora errada. Pessoas inocentes. Tem todo tipo de pessoa. E mãe é mãe, né? Isso aqui é a única coisa que me destrói, é a única coisa que me assombra", disse Raull.
O QUE DIZ O GOVERNO DO RIO
Até o momento, as autoridades não confirmaram se os corpos reunidos na praça estão incluídos no balanço oficial de 64 mortos divulgado pelo governo estadual. Caso não estejam, o número total de vítimas pode chegar a 118.
Enquanto a comunidade ainda tenta se refazer do trauma, a cidade voltou à normalidade. O prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou o retorno ao Estágio 1 de operação, o mais baixo na escala de cinco níveis de monitoramento. "Modais operando normalmente, cidade fluindo com normalidade. Permanecemos atentos. Informem-se por canais oficiais!", publicou Paes em suas redes sociais.
Segundo o Centro de Operações e Resiliência do Rio (COR), o estágio indica ausência de grandes ocorrências. Na véspera, o Rio havia sido classificado em Estágio 2, devido ao risco de novos confrontos; um prenúncio do dia que entraria para a história como o mais sangrento já registrado na cidade.
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