O clima é de silêncio, choro e incerteza em frente ao Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio de Janeiro. Desde a manhã de quarta-feira (29), familiares de vítimas da megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha se revezam em busca de notícias, enfrentando longas filas e procedimentos burocráticos para tentar reconhecer os corpos.
A ação, considerada a mais letal da história do país, deixou 117 suspeitos mortos, segundo números oficiais das Polícias Civil e Militar. Mais da metade dos corpos já foi identificada, de acordo com informações preliminares das autoridades.
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As necropsias estão sendo realizadas exclusivamente no IML Afrânio Peixoto, que foi fechado para receber apenas os corpos das vítimas da operação. Por causa da grande demanda, a Polícia Civil determinou que todos os outros corpos de ocorrências comuns sejam encaminhados ao IML de Niterói, na Região Metropolitana.
Até o início da noite de quarta-feira, seis corpos haviam sido oficialmente liberados, segundo a Defensoria Pública do Estado. A Polícia Civil, no entanto, não divulgou o número exato de vítimas identificadas nem detalhes sobre nomes ou idades.
Familiares que buscam informações precisam realizar um cadastro no posto do Detran-RJ, localizado ao lado do necrotério. Somente após essa etapa são autorizados a fazer o reconhecimento oficial dos corpos. A medida visa organizar o fluxo de atendimento, mas tem gerado filas e tensão entre os parentes que aguardam desde cedo.
Laudos e investigações
O IML é responsável por analisar cada um dos cadáveres e elaborar laudos detalhados que apontem as causas das mortes e o tipo de ferimento encontrado. Os resultados servirão de base para o inquérito que apura a condução da operação — que mobilizou 2,5 mil agentes das forças de segurança do Rio e resultou em mais de 100 mortes e 113 prisões.
Segundo o governador Cláudio Castro (PL), o número oficial de mortos ainda não é definitivo, já que a contagem só é consolidada quando os corpos dão entrada oficialmente no IML ou em hospitais públicos. Ele alegou que parte das vítimas ainda pode estar em áreas de difícil acesso ou ter sido removida por familiares antes da chegada das autoridades.
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Moradores ajudaram a contabilizar corpos
A atualização da contagem de mortos só ocorreu após moradores das comunidades afetadas se mobilizarem para recolher e alinhar corpos nas ruas — um ato que chocou o país e intensificou o debate sobre a letalidade das operações policiais no Rio.
A Defensoria Pública e o Ministério Público Federal acompanham o caso e pediram transparência nas perícias, além de acesso aos laudos necroscópicos e às informações sobre a identificação das vítimas.
Enquanto isso, o IML segue sob vigilância e com restrição de acesso, em meio à dor das famílias que aguardam uma resposta e o direito de se despedir.
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