plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 30°
cotação atual R$


home
FATOS AINDA SEM RESPOSTAS

O que ainda falta ser esclarecido sobre a operação no Rio?

Identificação de vítimas, estratégias do Bope, interferência de moradores e perícias permanecem sob questionamento; STF acompanha a operação que resultou em 121 mortes.

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia O que ainda falta ser esclarecido sobre a operação no Rio? camera Moradores dos complexos da Penha e do Alemão contabilizam corpos após a megaoperação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A ação, considerada a mais letal da história do estado, ainda levanta dúvidas sobre a estratégia do Bope, o uso de câmeras corporais e a identificação das vítimas. | Tomaz Silva/Agência Brasil

O Rio de Janeiro foi cenário de uma das ações policiais mais intensas de sua história recente. Entre vielas, morros e áreas de mata, a megaoperação da última terça-feira (28) deixou 121 mortos e provocou um clima de tensão e incerteza. Moradores, autoridades e órgãos de controle tentam compreender o que ocorreu, mas muitas respostas ainda não foram divulgadas.

CONTEXTO DA OPERAÇÃO

A ação policial foi realizada nos complexos da Penha e do Alemão, com o objetivo de conter o avanço do Comando Vermelho. Até a última quinta-feira (30), o balanço oficial indicava 113 presos, 118 armas apreendidas - entre elas 91 fuzis -, 10 menores apreendidos e mais de uma tonelada de drogas confiscadas.

Apesar da divulgação de números, a operação levantou mais perguntas do que respostas. Questões sobre estratégia, legalidade e preservação de provas ainda geram debates intensos entre autoridades e órgãos de fiscalização.

CONTEÚDO RELACIONADO

IDENTIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS

Um dos pontos mais sensíveis é a identificação completa das vítimas fatais. O Instituto Médico-Legal (IML) iniciou a liberação dos corpos para as famílias, mas ainda não há uma lista definitiva de nomes. O atraso na divulgação gera preocupação sobre a transparência do processo e sobre o acompanhamento das investigações pelas famílias das vítimas.

Quer mais notícias nacionais? Acesse o canal do DOL no WhatsApp.

ESTRATÉGIA DO "MURO DO BOPE"

A tática conhecida como "muro do Bope" consistiu no avanço de equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e de outras unidades pela Serra da Misericórdia, área de mata que conecta os complexos. O objetivo era cercar os criminosos e afastá-los das áreas habitadas.

"Entramos pela mata e montamos um muro do Bope para cercar e impedir a movimentação dos criminosos", afirmou o coronel Marcelo Menezes, secretário da Polícia Militar do Rio. A resistência dos suspeitos provocou confrontos armados, e dúvidas surgem sobre o impacto dessa estratégia no alto número de mortes registradas.

INTERFERÊNCIA DE MORADORES

Após os confrontos, moradores teriam removido corpos da mata e retirado roupas camufladas usadas pelos suspeitos, ações que podem comprometer a investigação e a preservação de provas.

"Nós temos imagens de pessoas que retiraram esses corpos da mata e os colocaram em via pública e também tirando a roupa desses marginais. A Polícia Civil está instaurando um inquérito policial na 22ª DP, na Penha, para investigar essas pessoas pelo crime de fraude processual", explicou Felipe Curi, secretário de Polícia Civil.

Ainda não se sabe o quanto essas ações impactarão a produção de provas e as perícias oficiais.

CÂMERAS COROPORAIS DOS AGENTES

Outra questão pendente é a gravação das diligências pelas câmeras corporais dos agentes. Menezes afirmou que todas as imagens seriam disponibilizadas aos órgãos de controle, mas parte delas pode ter sido perdida devido à duração limitada das baterias, que é de cerca de 12 horas.

"As nossas tropas começaram a incursionar às 5h. Há que se levar em consideração que, em algum momento, há a substituição dessas baterias durante o policiamento ostensivo. Certamente, em algum momento, essas imagens podem ter sido interrompidas", detalhou.

PERÍCIAS E LAUDOS

A Defensoria Pública do Rio teve o acesso ao IML negado, o que impede acompanhamento das perícias e análise independente dos corpos das vítimas. Rafaela Garcez afirmou: "Já estamos providenciando esse acesso. A gente está correndo contra o tempo porque esses corpos não vão ficar à disposição da Defensoria. Eles serão provavelmente encaminhados para o sepultamento; por isso, estamos buscando participar da produção dessa prova, mas nos foi impedido."

O órgão solicitou ao STF a realização de perícia paralela, como parte da ADPF das Favelas, que monitora a letalidade policial e estabelece balizas para operações em áreas de risco.

ACOMPANHAMENTO DO STF E DO GOVERNO FEDERAL

O Supremo Tribunal Federal marcou audiência para a próxima segunda-feira (3) com o governador Cláudio Castro (PL) para ouvir esclarecimentos sobre a operação. Enquanto autoridades policiais defendem que todos os protocolos da ADPF foram cumpridos, a Defensoria questiona pontos como ausência de ambulâncias, fechamento de escolas e postos de saúde e a falta de isolamento das áreas para perícia, alertando para possíveis descumprimentos que poderiam comprometer a imparcialidade das investigações.

"Esse conjunto de fatores desperta receio concreto quanto à imparcialidade e consequente fiabilidade das perícias realizadas nos corpos das vítimas, malgrado a intervenção do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, com corpo pericial a ele diretamente subordinado", concluiu a Defensoria.

A megaoperação no Rio de Janeiro expõe tensões históricas entre segurança pública, direitos humanos e transparência institucional. Moradores, familiares das vítimas e órgãos de controle seguem atentos, acompanhando cada desdobramento da ação que marcou a cidade e levantou questões sobre o uso da força, a preservação de provas e a responsabilidade das autoridades.

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Notícias Brasil

    Leia mais notícias de Notícias Brasil. Clique aqui!

    Últimas Notícias