O Brasil mantém um investimento forte na construção e modernização de espaços esportivos, mas não consegue manter e gerir a infraestrutura construída. Apesar de um investimento do governo federal de cerca de R$ 2,9 bilhões em infraestrutura esportiva nos últimos oito anos, o país é carente de instalações adequadas para a prática do esporte. A constatação é do coordenador geral de Excelência Esportiva da Secretaria Nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Avelar.
Segundo ele, apesar do grande investimento na construção, a gestão e administração dos aparelhos esportivos são muito deficitários no país. Sequer há profissionais capacitados ou cursos para formação de mão de obra especializada no ramo. De acordo com Avelar, a construção de estádios, ginásios e centros aquáticos é feita sem se planejar como e quem os utilizará, o que faz com que os serviços oferecidos por eles não sirvam adequadamente aos usuários. O resultado é a não sustentabilidade do aparato esportivo construído.
“Apesar dos números, você no seu bairro vê aquele negócio abandonado, mal utilizado. A gente se preocupa muito em construir, em fazer. Mas como se faz a gestão para que isso seja utilizado? Se constrói, para não sei quem utilizar; se eu não sei quem vai utilizar, eu não sei que serviço que eu vou poder implementar para esse usuário, e aí acontece o problema de sustentabilidade”, diz Avelar, que participou hoje de 2º Congresso Ibero-americano de Instalações Esportivas e Recreativas, em São Paulo.
O coordenador critica ainda a simples transposição de projetos de praças esportivas do exterior para o Brasil, sem a devida adequação a realidade local. “A gente tem tirar o foco do produto simplesmente e começar a levar esse foco para quem vai usar essa instalação. Se eu pretendo construir um ginásio multiuso, tem que pensar em quem que vai estar consumindo aquilo, utilizando aquilo. Não simplesmente pegar um modelo lá de fora e trazer”, ressalta.
O presidente da Associação Internacional de Infraestruturas Desportivas e Recreativas. Juan Andrés Hernando, assinala que o problema de se investir pouco na manutenção e gestão das praças esportivas não está restrito ao Brasil. “Algumas vezes, quando falamos com o político responsável, quando chega o momento de administrar e se falar em manutenção eles dizem: mas é nova! Vamos já gastar dinheiro? Temos que explicar então que nós comemos todos os dias, e a instalação também se desgasta e também precisa ser atendida todos os dias.”
(Agência Brasil)
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