
A uma semana da maior festa católica do povo paraense, a capital do Estado respira uma atmosfera de luzes, cores e devoção à padroeira. Nos quatro cantos da cidade, as ruas cheiram à maniçoba e ganham novas cores por causa das fitas e flores que ornamentam as berlindas em frente a prédios e residências. O clima inevitavelmente contagia a todos, que acabam partilhando de uma mesma energia, mesmo quem é de fora.
E se o Círio está no sangue do paraense, é na Basílica Santuário que o coração bate mais forte. Por lá, o Arraial de Nazaré já começou há uma semana e tem atraído todo mundo que passa pela cidade. “Já tem muitos turistas visitando a gente, conhecendo a nossa cultura e rezando junto conosco”, disse Ray Aragão, 53 anos. Ela trabalha num estande de artesanato no arraial. “O nosso maior público são os turistas que chegam encantados com a nossa fé em Nossa Senhora de Nazaré. Hoje mesmo atendi pessoas que vieram de Minas Gerais (MG), Maranhão (MA) e do Rio de Janeiro (RJ) que disseram que vão voltar no próximo ano”, completou.
O gerente do parque que funciona no arraial de Nazaré, Gilberto Costa, pontuou que o movimento está menor que o do ano passado, porém percebe um grande fluxo de visitantes. “Este ano o arraial começou mais tarde um pouco e o movimento deve melhorar a partir da próxima semana”, comentou.
O vendedor de camisas personalizadas do Círio, Sandro Silva, 47, também aposta que o movimento no Arraial melhore a partir da próxima semana. “A venda maior é para o turista. Romeiro passa por aqui apenas de visita e dificilmente compra”, expôs. No entanto, ele observa que nos últimos dias um volume maior de pessoas passou a frequentar o arraial, muitos com um comportamento que demonstravam um encantamento pela festa nazarena. À noite, um show de luzes para iluminar berlindas em janelas, pontos turísticos e postes.
Se nas ruas os paraenses já respiram o Círio de Nazaré, dentro de casa esse clima faz toda a diferença. O casal Henrique Sauma e Roberta Amanajás colocou a maniçoba no fogo e já comprou a maior parte dos ingredientes do almoço de domingo, inclusive o tucupi. “Eu sou filho de promessa a Nossa Senhora de Nazaré e promesseiro. Minha devoção vem desde antes de nascer, praticamente”, ressaltou.

Sociólogo ele analisa esse período festivo como uma grande coesão social. “As pessoas já não têm mais o costume de sentar na frente de suas casas para conversar com o vizinho. Estão mais reservadas e fechadas em suas casas. Mas no Círio a população toma conta das ruas novamente. Laços de amizade e de amor que se afrouxam ao longo do ano, nessa época se apertam de novo e as pessoas se reaproximam”, analisou Henrique Sauma.
Produtos do almoço tradicional estão mais caros este ano
Os principais produtos e ingredientes do tradicional almoço do Círio estão mais caros este ano. De acordo com pesquisas realizadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/Pará), os itens sofreram reajustes expressivos em relação ao Círio do ano passado, em especial, o pato, peru, frango, a maniva/maniçoba e o tucupi. Nas feiras livres, o pato vivo (de 2,5 kg a 3,5 Kg) custa entre R$ 80,00 a R$ 100,00. Já o congelado está custando entre R$ 16,29 a R$ 18,29 em supermercados da capital paraense.
Se o consumidor optar trocar o pato pelo peru, por exemplo, pode economizar até R$ 5,31, já que em um supermercado situado no bairro do Marco, em Belém, o peru da marca Rezende está custando R$ 12,98, enquanto que o pato congelado da marca Germânia custa R$ 18,29 o quilo. Mas se o consumidor optar pelo frango, a economia pode ser ainda maior, pois chega a ser R$ 12,31 mais barato que o pato.
Contudo, há católicos que não dispensam o pato no tucupi com o jambu na mesa. É o caso da família da dentista Leana Oliveira, 46 anos, que se declara apaixonada pela iguaria. “Eu só não troco porque sou alucinada por pato. Vai diminuir a quantidade, mas trocar não”, garante. “Compro o pato caipira, de produtores em menor escala. Sai uns 30% mais barato do que na feira e é mais saudável”, explicou ela que também inclui a maniçoba no cardápio, mas compra já pronta.
Já a nutricionista Janete Soeiro, 47, costuma comprar os produtos nas feiras. “Ainda não pesquisei. Normalmente faço o peru no tucupi e vatapá. A família é pequena. Então combino com minhas irmãs e cada uma leva um prato pronto”, assinala.
Pesquisa de Preços
DIEESE
Feiras Livres:
Pato vivo (2,5 kg a 3,5 Kg) – R$ 80,00 a R$ 100,00
Maniva crua (kg) – R$ 3,00 a R$ 4,00
Maniva pré-cozida (kg) – R$ 5,00 a R$ 10,00
Tucupi (garrafa de 2 litros) – R$ 5,00 a R$ 12,00
Supermercados
Pato congelado (kg) – R$ 16,29 a R$ 18,29
Frango resfriado (kg) – R$ 6,83 a R$ 7,99
Maniva pré-cozida (kg) - R$ 2,99 a R$ 4,90
Tucupi (garrafa de 2 litros) - R$ 7,86 a R$ 13,98
DIÁRIO
Pesquisa feita em um supermercado da capital
Peru Rezende (kg) – R$ 12,98
Peru Seara (kg) – R$ 14,98
Peru Perdigão (kg) – R$ 16,48
Pato Germânia congelado (kg) – R$ 18,29
Frango Americano congelado (kg) – R$ 6,08
Frango Amazônia congelado (kg) – R$ 6,09
Frango Avis Pará congelado (kg) – R$ 5,98
Frango Americano temperado (kg) – R$ 7,25
Maniva pré-cozida (kg) – R$ 2,69
Maniçoba Tucuruvi (kg) – R$ 29,73
Tucupi Tropical (garrafa de 2 litros) – R$ 10,00
Tucupi especial Sabor Amazônia (garrafa de 2 litros) – R$ 12,33
Tucupi Sabor da Terra (garrafa de 2 litros) – R$ 7,86

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