Criatividade e tradição no manto de Nazaré

Miçangas, vidrilhos, pedras preciosas, ouro e os pontos certos do artesão baseados em um desenho inspirador. Assim começa a confecção de um dos símbolos do Círio: o manto de Nossa Senhora de Nazaré.

O antigo testamento descreve que Maria e Jesus usavam mantos, como explica Mizar Bonna, responsável pela criação e desenho dos mantos desde 1995. "Os povos dessa época valorizavam muito o manto. Nossa Senhora agasalhava Jesus nele, no momento de frio. O manto de Maria nos traz Jesus, significa proteção, como se ela colocasse todo o povo debaixo dele", comenta Mizar.

Ela conta ainda que quando o caboclo Plácido encontrou a imagem ela estava envolvida em um manto. "Dizem que era uma capinha portuguesa em formato triangular que dentro trazia um papel com a descrição Nossa Senhora de Nazaré do Desterro, devoção portuguesa".

Mizar começou a desenhar os mantos para pagar uma promessa do marido. "Ele faz parte da diretoria de Nazaré e quando passou por uma cirurgia do coração pediu que doasse o manto de 1994. E me pediu para desenhar", contou.

O manto é uma doação de promesseiros a Virgem de Nazaré. São necessários quatro meses para a elaboração da vestimenta que muda a cada ano de acordo com o tema do Círio.

Os artesãos gastam em média R$4 mil para a confeccção. Mas esse valor já chegou a R$22 mil. "Foi em um ano que ele foi todo rebordado a ouro com o trabalho de um ourives. Porém o promesseiro não se nega a pagar. Existe uma lista enorme de pessoas dispostas a vestir a mãezinha", disse Mizar.

A peça é elaborada em segredo e só é mostrada na quarta-feira antes do Círio. "Só posso falar que deste ano o nome é alegria e foi baseado nos periquitos do CAN. Vocês vão gostar", revela Mizar. (Sâmia Maffra, DOL)

Serviço

A apresentação do manto acontece nesta quarta-feira (5) às 18h na Basílica Santuário de Nazaré.