Ao saber da notícia da gravidez, uma das maiores preocupações e até angústias das futuras mamães é sobre como será o dia da chegada do seu bebê. Parto normal, cesárea ou humanizado: afinal, qual a melhor escolha? Ouve a opinião de familiares e amigos, mas ainda assim continua na dúvida. Saiba que você não é a única a enfrentar esse dilema.

Dados do Ministério da Saúde apontam que 52% das futuras mamães ainda optam pela cesariana no Brasil, sendo que 82% são realizados na rede privada e apenas 37% na rede pública.

Para o diretor geral do Hospital Riomar e obstetra, Francisco Renée Campos de Araújo, a melhor escolha é por aquele em que a mãe e o bebê estejam bem.

O médico Francisco Renée Campos de Araújo, Diretor Geral Hospital Rioma (Foto: acervo pessoal)

Com a ajuda do especialista, o BABY DOL tirou as principais dúvidas das futuras sobre cada tipo de parto:

Como é feito o parto normal?

O normal envolve um trabalho de parto, com contrações sentidas na hora certa. A partir disso, o médico avalia a dilatação do colo do útero, que deve chegar a 10 cm. Se o espaço for insuficiente para o bebê passar, é feito um corte cirúrgico na região perineal. Quando o colo estiver completamente dilatado e as contrações estiverem fortes, as paredes do útero farão uma pressão e, com a ajuda da mãe, impulsionarão a criança para fora.

“O parto normal é aquele que ocorre via vaginal. O processo de duração é dependente das fases as quais a gestante é internada: fase de latência ou fase ativa do trabalho de parto”, explica o obstetra.

Como é feita a cesariana?

A cesariana é um procedimento cirúrgico em que é preciso fazer uma anestesia, que pode ser a raquiana ou peridural. As duas são aplicadas nas vértebras das costas. Depois disso, é feita uma sondagem, antissepsia (limpeza especial) e uma incisão por sete camadas até chegar ao bebê.

“O parto cesareano é aquele onde há retirada do bebê por via alta, abdominal. Dura em torno de 30 minutos, porém, sem dúvidas a cesariana é o de maior risco, uma vez que envolve maior número de procedimentos”, ressalta Francisco.

Como é feito o parto humanizado?

O parto humanizado é aquele em que a grávida tem controle e decisão sobre todos os aspectos do trabalho de parto, como posição, local, anestesia ou não, além da presença dos familiares, cabendo à equipe médica respeitar as decisões, levando em consideração a segurança e a saúde da mãe e do bebê.

Qual o parto mais indicado pelos médicos?

Segundo o diretor do Hospital Riomar, o parto normal é o mais indicado por especialistas quando a gravidez não apresenta complicações. Além de evitar problemas respiratórios para o bebê, o procedimento também traz benefícios para a mãe.

“Tanto a cesariana, quanto o parto normal tem uma boa recuperação. No entanto, os partos via alta, cesariana, geralmente são mais demorados em relação à recuperação. Hoje estamos tendo uma prevalência das mães pelos partos normais - especialmente por aquelas devidamente orientadas -, principalmente por causa da recuperação mais rápida”.

A escolha do parto e indicações

Apesar de médicos estimularem o parto normal e muitas mães já estarem optando pelo tipo de procedimento, há alguns casos que exigem a realização da cesariana. Segundo o obstetra Francisco Renée, a cesariana é indicada em casos comuns quando há descolamento de placenta, gestações em que é criança é muito maior que a pelve da mãe ou em quando o bebê está sentando.

“Se não bem indicada, a escolha do parto pode afetar a saúde da mãe e do bebê. Inúmeras indicações devem ser levadas em conta, que vai desde a doenças gestacionais a peso fetal. Por isso, a mãe e seu médico devem ajustar este meio de se parir”, sugere.

OMS tenta frear explosão de cesáreas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu em fevereiro deste ano, novas diretrizes para estabelecer padrões de atendimento globais para mulheres grávidas saudáveis. A medida visa reduzir intervenções médicas desnecessárias, recomendando que equipes médicas e de enfermagem não interfiram no trabalho de parto de uma mulher de forma a acelerá-lo, a menos que existam riscos reais de complicações.

Mães relatam experiências de dar à luz

O chorinho agudo anuncia a chegada de mais uma vida ao mundo. Mal sabem os pequenos o que suas mães passaram. Mãe falam sobre dor, espera, ansiedade e alegria que envolve o parto e relembra suas experiências. Confira:

“Três filhos tudo normal”

Mãe de uma menina e dois meninos, Carla Andrade, sempre falava que quando fosse ter um filho seria de parto normal. E assim foi com as gestações de Safira Àgata, Sidney Andrade e Juan Lucas Andrade.

Carla é mãe de três, todos vindos ao mundo de parto normal. Foto: Arquivo Pessoal

“Eu escolhi o parto normal por saber que o risco de morte era bem menor, além da recuperação mais rápida. Tive meu segundo e terceiro filho tudo normal e foi a melhor escolha para mim, principalmente por poder sair com meu filho nos braços logo no outro dia. Foi uma experiência maravilhosa”, conta Carla.

“Escolhi normal, mas recorri a cesárea”

Cássia Tatiane Santos Grandidier, mãe do pequeno Caio Santos Grandidier, desde o início optou pelo parto normal, mas acabou recorrendo a cesariana.

Cássia com o filho após o nascimento (esq.) e atualmente (dir.). Foto: Arquivo Pessoal

“Eu queria ter normal e quando estava com seis meses comecei a fazer alguns exercícios para ajudar na hora do parto. Quando completei 40 semanas, minha obstetra falou que meu filho poderia nascer a qualquer momento. Só que cheguei a 41 semanas e nada de dor, nem a bolsa estourou. Voltei na obstetra e ela me encaminhou na mesma hora para a cirurgia, disse que não dava mais para esperar. Na manhã seguinte fui para o hospital. Fiquei muito triste e aborrecida porque queria ter meu primeiro filho normal. Quando chegue na maternidade, fui fazer uma ultrassom e lá o médico detectou que já estava passando pouco oxigênio para o meu bebê e que precisava operar com urgência. Meu bebê nasceu com 57 cm, ele era bem grande. Naquela hora percebi que minha cesárea foi necessária”, relembra a mamãe.

“Eu disse vou parir da maneira mais natural que puder”

Erika Leal, mãe de Lolita Borges Leal e Benjamin Borges Leal conta que desde o início queria que os filhos chegassem ao mundo de parto normal, porque queria respeitar o estado fisiológico do seu corpo.

“Desde quando eu me entendo por gente eu disse que ia parir. Fui para a internet, pesquisei bastante porque não queria que tirassem isso de mim. Pela primeira consulta já vi que não seria por ali que conseguiria ter o meu parto. Achei o parto humanizado, não tinha experiência alguma sobre isso. Vi vídeos, fui atrás de uma doula, conversei com a minha equipe e fui estudando, fui gostando e perdendo o medo. Decidi que ia ter filho em casa, humanizado mesmo. Sempre foi a minha escolha, nunca tive dúvidas. Eu disse vou parir, vai ser na minha casa e da maneira mais natural que eu puder. Naquela época, eu só pensava meu bem-estar do meu bebê, no que eu poderia fazer de melhor. Enquanto muitos mães pensavam nos melhores enxovais ou quarto do hospital, eu pensava em como o meu filho viria ao mundo, qual seria a primeira visão dele e queria que fosse de tranquilidade e de respeito. Esperei o tempo do meu bebê e essa foi a melhor escolha da minha vida”, relembra.

Erika ao lado dos filhos Lolita e Benjamin. Foto: Arquivo Pessoal

Já no segundo filho, Erika manteve a escolha pelo parto normal, principalmente por já ter experiência e sentir mais segurança.

“Foi o mesmo processo, só que mais leve, sem preocupação. Já tinha percorrido aquele caminho, então para mim foi mais fácil e eu consegui lidar mais com isso, com a dor principalmente, pois eu estava mais segura”, conta.

“Tinha muito medo do parto normal”

Vivian Lisboa, mãe do João Vinícius da Rocha Lisboa, relembra que quando estava com seis meses conversou com seu obstetra sobre o parto e já havia batido o martelo sobre a cesárea, por medo do parto normal.

Vivian com o filho João Vinícius após o nascimento e atualmente. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Ele disse que quando estivesse mais próximo, ia perguntar novamente se eu realmente iria querer a cesárea. Eu confirmei que sim porque tinha muito medo do parto normal. Ele marcou a data do parto e fiquei feliz com a minha escolha porque vi meu filho na balança e nem acreditei. Ele nasceu bem grande e eu jamais ia aguentar ter ele normal. Pra mim, a cesária foi a melhor escolha porque no início da gravidez tive um sangramento. Meu parto foi super normal, tranquilo, quando menos percebi, meu filho já estava nascendo”, conta.

“Me preparei para parir, tive que fazer cesárea, mas foi humanizado”

Maria Tereza Jardim, mãe de Izabel Andrade conta que, contaminada pela cultura cesarista, sempre teve medo de parir, mas buscou informações e com o apoio da família, optou por ter um parto respeitoso.

“Quando comecei a estudar feminismo e temas relacionados a maternidade, fui vendo o quanto estamos mergulhadas nessa cultura de medo e de ‘praticidade’ que nos empurra para a cirurgia. Felizmente aprendi sobre parto humanizado e violência obstétrica e quando engravidei, meu marido já estava se atualizando comigo, lendo sobre o assunto. Participamos desde o começo de encontros de gestantes e só fomos tendo certeza da escolha”, disse.

Mamãe Maria Tereza com a filha Izabel. Foto: Arquivo Pessoal

A mamãe explica que se viu obrigada a trocar de obstetra quando a primeiro deixou claro que não acompanhar parto normal.

“Sobre minha preparação, já me cuidava na alimentação e treino, por conta de hipertensão e fazia yoga. Então, só precisei adaptar a intensidade e movimentos durante a gravidez. Tive acompanhamento de nutricionista para ajudar nas fases de enjoos e azia, de cardiologista para checar a hipertensão que já estava sob controle antes da gestação, mas inspirava cuidados, e troquei de obstetra quando a primeira que consultei deixou claro não acompanhar parto normal e não respeitar o trabalho de doulas, além de demonstrar desconhecimento das novas evidências científicas no que tange a indicação de cirurgia. Minha bebê ficou na posição sentada até o fim da gestação. Chegamos a tentar a versão cefálica intrauterina, manobra realizada pela obstetra na tentativa de virar a bebê, mas antes da segunda tentativa a bolsa estourou e acabamos optando pela cesárea por ser menos arriscada no meu caso do que o parto pélvico, que é possível em determinadas condições. Ainda assim, tivemos o respeito pela hora da minha filha. A cirurgia não foi marcada, aconteceu após a ruptura da bolsa e outros itens do plano de parto foram respeitados, como o acompanhamento da doula, o não uso de colírio ou manobras desnecessárias na bebê, o corte do cordão após ele parar de pulsar, dentre outras”, relembra.

Relembre o parto de algumas mamães famosas:

Reportagem: Andressa Ferreira/DOL

Coordenação: Enderson Oliveira/DOL

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