A religião é uma forma de alguém se conectar com o divino e suas crenças, além de buscar serenar os corações. No catolicismo, muitos recorrem a santos que podem ouvir suas preces e realizar seus pedidos.
São Longuinho, um dos santos mais populares da Igreja Católica, é associado a uma curiosa crença popular que diz que, ao dar três pulinhos, ele ajuda a encontrar objetos perdidos. Mas, por trás disso, existe uma história repleta de mistérios, lendas e tradições.
O nome “Longuinho” é uma derivação do latim Longinus, que faz referência à lança romana utilizada por um soldado para perfurar o lado de Jesus Cristo durante a crucificação, conforme relatos bíblicos. A identidade de Longuinho, no entanto, não é clara. A tradição o associa ao soldado romano que teria transpassado o peito de Jesus com a lança, mas a Bíblia não menciona o nome desse personagem.
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De acordo com o teólogo J. Alves, em entrevista a BBC, "São Longuinho é um dos santos mais populares, e sua devoção remonta aos tempos da igreja primitiva". Alves também destacou a possível origem do nome Longinus, que remeteria à lança utilizada para verificar a morte de Jesus. Já o pesquisador Thiago Maerki, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), reforçou a associação lendária entre o nome e a lança, que teria sido um dos símbolos do soldado romano.
SÃO LONGUINHO E A FÉ CRISTÃ
A história sobre São Longuinho é em grande parte baseada no Evangelho de João, que descreve a ação do soldado ao cravar a lança no lado de Cristo para confirmar sua morte. A tradição popular identifica Longuinho como o centurião romano Cássio, que teria sido tocado pela cena e se convertido ao cristianismo, abandonando o exército romano para se dedicar à fé cristã. Segundo a tradição, Longuinho teria se retirado para a Capadócia, onde foi preso e martirizado.
Uma versão mística da história de São Longuinho narra que, ao perfurar o lado de Jesus com a lança, o sangue de Cristo teria caído sobre seus olhos, curando uma cegueira que o afligia. Para o estudioso Maerki, essa cura simbólica “significa que os olhos de Longuinho se abriram para a verdade da fé cristã”, e não apenas uma cura física.
O martírio de Longuinho é envolto em mistério e lendas. Uma das narrativas conta que ele teria sido preso e torturado por sua fé, sendo condenado à morte após uma série de perseguições, inclusive uma que envolvia um leão. Outra versão, encontrada na Legenda Áurea, afirma que ele foi condenado à morte, mas antes de ser executado, fez uma promessa de interceder pela cura do governador cego. Imediatamente após sua execução, o governador recuperou a visão.
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TRÊS PULINHOS
Porém, o aspecto mais curioso de São Longuinho, no imaginário popular, é a sua associação com a prática de dar "três pulinhos" para encontrar objetos perdidos. De acordo com Alves, essa tradição teria origem na figura de um soldado baixo, que, durante festas e banquetes na corte romana, aproveitava sua estatura para recuperar objetos caídos no chão, ajudando aqueles ao seu redor. Outra explicação aponta para a própria canonização do santo, que teria sido assistida por um pedido de ajuda para encontrar documentos perdidos, os quais teriam sido miraculosamente reencontrados após a oração a Longuinho.
A crença popular sobre São Longuinho, além disso, sugere que ele teria dificuldades de locomoção, o que explicaria o costume dos três pulinhos, que, mesmo se baseando em lendas, refletem a visão do povo sobre sua figura.
A santidade de São Longuinho foi formalmente reconhecida no ano 999, pelo Papa Silvestre II, quando ele foi oficialmente canonizado. Sua história, embora envolta em mistério e lendárias explicações, continua a influenciar a devoção popular, especialmente no Brasil, onde o gesto de pedir ajuda para encontrar objetos perdidos tornou-se uma das manifestações mais conhecidas de sua fé e intercessão.
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