No dia em que a guerra na Ucrânia completou uma semana, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, se pronunciaram sobre a guerra.
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Até aqui, Moscou só admitiu 498 mortes, enquanto Kiev diz ter matado mais de 9.000, ambas figuras certamente distorcidas. Putin disse que cada família de militar morto ganhará 7 milhões de rublos (R$ 330 mil nesta quinta) e uma ajuda mensal. Ele fez uma homenagem aos caídos.
A Rússia e a Ucrânia concordaram em estabelecer os chamados corredores humanitários em regiões sob fogo de Moscou. O acerto, ainda sem detalhes claros, foi anunciado pelas delegações russa e ucranianas que se reuniram perto na Belarus, perto da fronteira com a Ucrânia, ao longo da tarde e início da noite (manhã e tarde em Brasília).
Pouco antes do anúncio, o presidente Vladimir Putin havia dito em um pronunciamento em rede de TV que tais corredores já estavam garantidos pelos militares russos. Na fala, ele manteve a intenção de ir até o fim em sua guerra, que disse estar indo "de acordo com o plano" apesar dos aparentes problemas logísticos e resistência ucraniana.
Corredores humanitários ou zonas de segurança implicam cessar-fogo, algo que, como foi visto na guerra da Bósnia nos anos 1990, é um instrumento bastante precário. Além disso, eles podem ser utilizados para desocupar áreas de civis potencialmente hostis aos invasores, sem garantias imediatas de que um dia voltarão para suas casas.
Uma variante da tática foi vista na guerra civil síria, quando Putin interveio para salvar a ditadura aliada de Bashar al-Assad. Ali, os russos montaram um destrutivo cerco a Aleppo, considerado criminoso por muitos, para desentocar radicais islâmicos. Num dado momento, ofertaram corredores humanitários para que os remanescentes fossem embora.
Isso facilita a eventual ocupação militar de territórios. Tomando um dos eixos do ataque russo, o sul ucraniano: o cerco que se forma a Mariupol, último bastião impedindo a ligação terrestre entre o Donbass (área ao leste dominada desde 2014 por rebeldes pró-Rússia) e a Crimeia (anexada por Putin em 2014), sugere um ataque potencialmente devastador à cidade.
A retirada eventual dos civis de lá pode favorecer o plano presumido de Putin de remover a área da soberania ucraniana, por exemplo. Seria custoso e traria desgaste, mas melhor do que matar muita gente na cidade com quase 500 mil habitantes.
Não se antevê algo assim em Kiev, a capital de 3 milhões de habitantes, embora lá o cerco esteja estacionado a cerca de 25 km da cidade. Como em Mariupol, os bombardeios são mais à distância, com as incursões de soldados dos primeiros dias da campanha militar tendo ficado para trás.
Já deixaram a Ucrânia cerca de 1 milhão de seus 44 milhões de habitantes, para a Polônia e outros países vizinhos. Até a quarta (2), o governo em Kiev contava cerca de 2.000 civis mortos, sem revelar baixas militares. Os russos só falam de 498 soldados caídos.
Seja como for, são cenários incipientes. As duas delegações concordaram em uma terceira rodada de negociações, em data a definir, o que já é melhor do que um rompimento total -ainda que ambos os lados possam querer ganhar tempo, por motivos diversos.
Na segunda (28), a conversa entre eles não deu em nada. Havia uma expectativa vazada pelo Ministério das Relações Exteriores russo de que um cessar-fogo pudesse ser negociado, mas o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que as demandas russas de rendição eram inaceitáveis.
Um dos negociadores ucranianos, David Arajamia, postou no Facebook antes da reunião exatamente a questão dos corredores humanitários.
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