O número de mortes causadas pelo ciclone Freddy ultrapassou os 270 nesta quarta-feira (15), tornando-o uma das tempestades mais letais da África das últimas duas décadas. Em uma trajetória incomum, a tempestade tropical saiu do sul do continente no final de fevereiro e retornou à mesma região no início de março, deixando um rastro de destruição em três países Maláui, Moçambique e Madagascar.
A maior parte dos óbitos ocorreu no Maláui, onde as autoridades contabilizaram 225 mortes desde que a tempestade voltou a tocar o solo do país, na segunda-feira. O Departamento de Gestão de Desastres nacional ainda reportou 41 desaparecidos e 707 feridos em decorrência das chuvas fortes, que continuam a afetar partes do território.
As operações de resgate, que envolvem as forças de segurança do país e outras entidades, seguiam na manhã desta quarta.
Porta-voz da Cruz Vermelha no país, Felix Washoni afirmou à agência de notícias AFP que o maior desafio dos socorristas são as enchentes, uma vez que a destruição de pontes tem dificultado o acesso às vítimas. Ele contou que pessoas têm sido resgatadas do alto de árvores e de telhados.
O fornecimento de energia também foi parcialmente interrompido, uma vez a companhia nacional de eletricidade teve que desligar algumas de suas principais hidrelétricas em razão das tempestades.
A área mais afetada é Blantyre, centro financeiro e comercial da nação. Chilobwe, um vilarejo situado em uma colina, sofreu vários deslizamentos de terra, que puseram abaixo as casas de tijolos do local. Famílias e socorristas tiveram que escavar a lama, às vezes com as mãos, à procura de entes próximos e corpos no vilarejo. "Há pessoas mortas por toda parte. Todos perderam alguém", afirmou Fadila Njolomole, 19, também à AFP.
Na vizinha Moçambique, ao menos 21 pessoas morreram segundo informações do governo divulgadas na terça-feira. Chuvas fortes continuavam nesta quarta no porto de Quelimane e áreas adjacentes. Porta-voz da agência de desastres nacional, Paulo Thomas afirmou que milhares de pessoas foram resgatadas pelos serviços de emergências, mas "outras milhares estão fora de alcance".
Braço das Nações Unidas para assuntos climáticos, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirma que o Freddy deve se tornar o ciclone tropical mais duradouro já registrado. Ele se formou no noroeste da Austrália na primeira semana de fevereiro.
Pesquisas indicam que tempestades tropicais estão ficando mais fortes com a intensificação das mudanças climáticas no mundo. Ao absorver o calor produzido pela queima de combustíveis fósseis, o oceano esquenta. E quando essa água quente do mar evapora, a energia térmica é transferida para a atmosfera, ocasionando tais fenômenos.
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