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"Não existe lugar seguro", diz brasileiro na Faixa de Gaza

A família de Rabee tem se deslocado por casas de parentes e amigos desde que os conflitos começaram, sempre tentando fugir dos bombardeios diários

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Imagem ilustrativa da notícia "Não existe lugar seguro", diz brasileiro na Faixa de Gaza camera Brasileiros buscam ajuda em Faixa de Gaza | Divulgação

O palestino com cidadania brasileira Hasan Rabee, 30, gravou vídeos de bombardeios a poucos metros da casa em que está abrigado na Faixa de Gaza. Ele está encurralado no sul do território palestino e aguarda há 12 dias a formalização de um acordo para cruzar a fronteira com o Egito e fugir da zona de guerra.

As imagens mostram explosões em áreas residenciais e numa rodovia da cidade de Khan Yunis. Várias colunas pretas e densas de fumaça sobem ao céu. "Bombardeio agora ao lado da casa. Não existe lugar seguro na Faixa de Gaza", diz Rabee, que está na casa de sua mãe, em uma das gravações.

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Rabee viajou a Gaza para visitar parentes antes dos atentados feitos por terroristas do grupo Hamas contra civis em Israel, em 7 de outubro. Acabou surpreendido pelo confronto e ficou encurralado. Agora, teme pela vida da esposa e das filhas de três e seis anos, que são brasileiras e o acompanharam na viagem.

"Infelizmente não tem nenhuma notícia de que vamos sair [de Gaza]. Nem hoje e nem amanhã", diz Rabee. "À noite houve bastante ataque na cidade de Khan Younis e em Rafah. Bastante gente morta, feridos." Outras 12 pessoas que também fugiram da região norte dividem a casa da mãe do palestino com cidadania brasileira.

Ele afirma que Gaza está à beira do colapso. A população continua sem água, gás e eletricidade. Os mercados e as padarias, conta Rabee, estão lotados de pessoas que buscam alimento. Por ora, a entrada de ajuda humanitária, anunciada por Israel nesta quarta (18), ainda não se concretizou.

O território palestino, onde vivem mais de 2 milhões de pessoas, está totalmente bloqueado pelas forças israelenses desde o ataque do Hamas. Após os atos terroristas, Tel Aviv deu um ultimato para que todos os moradores no norte do território, onde está metade da população total, fossem para o sul.

Rabee tenta distrair as crianças com pinturas ou aviões de papel. As atividades, porém, por vezes interrompidas pelas explosões de bombas. "As crianças choram o dia inteiro. São mais de 12 dias em casa, estão fechadas. Não podem nem entrar. Elas ficam chorando, dizem que querem passear. [...] As coisas estão bem complicadas mesmo."

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Não é a primeira vez que o palestino vive momentos de terror na região. Nascido em Gaza, Rabee teve de fugir da região em 2014, quando as forças israelenses lançaram a operação Margem Protetora para destruir foguetes e túneis usados pelos terroristas. Em 50 dias de confronto, 2.270 palestinos e 82 israelenses morreram.

Rabee então veio para o Brasil, onde recebeu o status de refugiado e arrumou emprego na cidade de São Paulo como vendedor de acessórios para celulares. No fim do mês passado, voltou a Gaza pela primeira vez desde então.

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