Ventilador ou ar-condicionado ligados, bebidas geladas, busca por sombra, cabelos grandes amarrados, roupas amenas. Vale tudo para enfrentar o calorzão. A verdade é que essas táticas são meros paliativos diante da onda de calor que está cada vez mais intensa em todo o mundo.
A confirmação desse cenário se reflete nos números do serviço de monitoramento climático da União Europeia, o Copernicus, que anunciou, na última quinta-feira (07), que o ano de 2024 deve superar 2023 e se tornar o mais quente desde que as medições de aquecimento começaram.
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De acordo com a instituição, o ano de 2023 atingiu uma média de temperatura 1,48°C acima do nível pré-industrial (período entre 1850 e 1900). Diferentemente do ano de 2024, que tem grandes chances de ultrapassar a marca de 1,5°C de aumento, podendo atingir alarmantes 1,55°C.
Temperatura global de 2024 atinge recordes
Este será o primeiro ano completo em que a temperatura global deve ultrapassar o aumento de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Esse recorde só poderia ser evitado se as temperaturas médias de novembro e dezembro se mantivessem praticamente normais, o que é improvável, pois o aquecimento global continua em ritmo acelerado.
Para a diretora do Copernicus, Samanta Burges, esse novo recorde deve servir como um "catalisador" para aumentar os esforços na luta contra as mudanças climáticas, especialmente na próxima COP-29, conferência da ONU que começa na próxima segunda-feira (11) em Baku, no Azerbaijão.
Em números, a temperatura média global nos últimos 12 meses (de novembro de 2023 a outubro de 2024) foi 0,74°C mais alta que a média dos anos de 1991 a 2020 e 1,62°C acima da média pré-industrial. Os primeiros dez meses de 2024 também registraram temperaturas recordes, com um aumento de 0,71°C em relação à média de 1991-2020. Esse valor é 0,16°C superior ao mesmo período de 2023.
No mês de outubro, as temperaturas globais continuaram altas. O mês foi o segundo outubro mais quente já registrado, ficando atrás apenas de outubro de 2023. A média da temperatura na superfície do planeta foi de 15,25°C, o que representa um aumento de 0,80°C em relação à média histórica. Em comparação com o período pré-industrial, esse aumento foi de 1,65°C.
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O aquecimento das águas também segue um padrão alarmante. A temperatura média da superfície dos mares foi de 20,68°C, apenas 0,10°C abaixo de outubro de 2023. Algumas áreas, como o Oceano Pacífico, apresentaram temperaturas abaixo da média, devido à influência do fenômeno climático La Niña. No entanto, em grande parte dos oceanos, as temperaturas continuam muito altas, como no Atlântico Norte, onde o calor tem alimentado furacões, como os já observados na temporada de 2024.
Outro dado preocupante é a extensão do gelo marinho. No Ártico, a cobertura de gelo atingiu o quarto nível mais baixo já registrado para o mês de outubro, ficando 19% abaixo da média histórica. Já na Antártida, o gelo também está em níveis abaixo do esperado, com uma redução de 8% em relação à média, sendo este o segundo pior resultado para o mês de outubro.
A divulgação dos dados do Copernicus ocorre na mesma semana em que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi eleito. O novo presidente americano, considerado negacionista do aquecimento global, pretende aumentar a produção de combustíveis fósseis, o que pode agravar ainda mais a crise climática.
O acontece se a temperatura global atingir 2º C
Se ações intensivas de combate para combater as mudanças climáticas não forem feitas, o aquecimento global pode fazer com que a temperatura global atinja 2,8º C até o final do século. Essa projeção coloca em risco quase metade da população mundial, uma vez que essa parcela é vulnerável aos impactos das mudanças climáticas.
O Painel de Mudanças Climáticas da ONU mostra o que poderia acontecer se o aquecimento aumentasse 2º C até 2100.
Veja o que pode acontecer:
- haveria um aumento de 170% no risco de inundações;
- verões sem gelo no Ártico;
- um aumento do nível do mar de 56 cm;
- seca severa para 410 milhões de residentes urbanos;
- fortes ondas de calor para 28% da população mundial;
- perda total dos recifes de coral.
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