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AMANTES HASANLU

Enigma dos esqueletos "abraçados" intriga Ciência há 50 anos

Os denominados "Amantes de Hasanlu" fascinam pesquisadores e o público desde sua descoberta, nos anos 70.

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Imagem ilustrativa da notícia Enigma dos esqueletos "abraçados" intriga Ciência há 50 anos camera A pose dos esqueletos, que sugere um último gesto de conforto ou afeto diante da morte iminente, capturou a imaginação coletiva e se consolidou como um dos mais emblemáticos achados arqueológicos relacionados à condição humana. | ​Foto: Reprodução.

Em meio às ruínas de uma antiga civilização devastada pela violência, dois corpos permanecem entrelaçados em um abraço eterno. Esta imagem, tão poética quanto perturbadora, não pertence a um romance trágico, mas à realidade arqueológica descoberta na década de 1970, no noroeste do atual Irã.

Os denominados "Amantes de Hasanlu" fascinam pesquisadores e o público desde sua descoberta. A pose dos esqueletos, que sugere um último gesto de conforto ou afeto diante da morte iminente, capturou a imaginação coletiva e se consolidou como um dos mais emblemáticos achados arqueológicos relacionados à condição humana.

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A história desses esqueletos começa em aproximadamente 800 a.C., quando o próspero assentamento de Hasanlu, um importante centro comercial e artístico próximo ao Lago Úrmia, sofreu um ataque brutal.

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Invasores, possivelmente do Reino de Urartu, executaram um massacre que dizimou a população local e incendiou a cidade.

A violência ocorreu de forma tão súbita e devastadora que transformou o local em uma espécie de "Pompeia do Oriente Médio", com a preservação das vítimas exatamente onde caíram. Centenas de corpos foram encontrados nas ruas e entre os escombros dos edifícios carbonizados.

Em 1972, arqueólogos da Universidade da Pensilvânia fizeram uma descoberta extraordinária durante escavações no sítio arqueológico de Teppe Hasanlu: dentro de uma caixa de tijolos de barro e gesso, dois esqueletos abraçados pareciam compartilhar um último momento de intimidade antes da morte.

Além das aparências

Inicialmente, os arqueólogos identificaram os esqueletos como um casal heterossexual, o que contribuiu para a narrativa romântica que se desenvolveu ao seu redor. No entanto, análises mais recentes revelaram que ambos os esqueletos pertencem a indivíduos do sexo masculino.

O esqueleto identificado como Sk 335 tinha entre 19 e 22 anos no momento da morte, enquanto o Sk 336, que aparece com a mão direita a tocar o rosto do outro, tinha entre 30 e 35 anos. Ambos apresentavam boa saúde, sem ferimentos fatais evidentes, o que sugere que morreram por asfixia durante o incêndio que consumiu a cidade.

"A descoberta de que ambos eram homens não diminui o impacto emocional da cena, mas certamente nos obriga a reconsiderar nossas interpretações iniciais", explica um dos pesquisadores envolvidos no estudo dos esqueletos.

Interpretações diferentes

A relação exata entre os dois indivíduos permanece um mistério. Poderiam ser amantes, sim, mas também amigos próximos, parentes ou até mesmo desconhecidos que, em um momento de terror extremo, buscaram conforto mútuo.

"A experiência humana inclui momentos difíceis e a necessidade de conforto do outro", observa o Museu Penn, onde os esqueletos foram exibidos nas décadas de 1970 e 1980. "Enquanto essas duas pessoas enfrentavam junto com outros habitantes seu momento mais sombrio, um abraço poderia ter sido a resposta natural diante de uma pressão extrema."

O que torna o caso ainda mais intrigante é a ausência de artefatos ou itens pessoais junto aos esqueletos, diferentemente de outras vítimas do mesmo massacre, que foram encontradas com adornos como pulseiras e tornozeleiras.

O valor do enigma para a arqueologia

Talvez o mais valioso sobre os "Amantes de Hasanlu" seja justamente o que desconhecemos sobre eles. A impossibilidade de determinar com certeza sua relação nos convida a refletir sobre como nossas próprias concepções modernas modelam a interpretação do passado.

"Projetamos nossas expectativas e valores contemporâneos em evidências arqueológicas que resistem a interpretações definitivas", comenta uma especialista em arqueologia do Oriente Médio. "Isso revela mais sobre nós mesmos do que sobre as pessoas que estudamos."

Independentemente de sua verdadeira relação, os esqueletos entrelaçados de Hasanlu oferecem um vislumbre comovente da humanidade em seus momentos finais: mesmo diante do terror e da destruição, duas pessoas encontraram conforto uma na outra, o que deixa um testemunho silencioso da necessidade humana de conexão que transcende épocas e culturas.

Quase três milênios depois, continuamos fascinados por esse abraço final, na tentativa de decifrar um código emocional que, talvez, não precise ser decifrado para ser profundamente compreendido.

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