
Nos corredores da democracia norte-americana, onde a liberdade de expressão sempre foi celebrada como um dos pilares do Estado, uma nova medida adotada pelo Pentágono reacendeu um debate histórico: até que ponto o governo pode impor limites à imprensa em nome da segurança nacional? A decisão mais recente promete mudar a rotina de jornalistas que cobrem o coração do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
Agora, os profissionais que acompanham o dia a dia do Pentágono terão que assinar um documento comprometendo-se a submeter suas matérias para aprovação prévia de agentes do governo antes da publicação. Quem se recusar poderá perder a credencial de acesso ao prédio.
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CRÍTICAS E RESPOSTA LINHA DURA
A determinação foi recebida com duras críticas por organizações de defesa da imprensa. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, rebateu afirmando que a "imprensa não comanda o Pentágono". Em uma rede social, ele endureceu o tom: "Use um crachá e siga as regras - ou vá para casa".
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O Clube Nacional de Imprensa, entidade que representa jornalistas no país, considerou a medida "um ataque direto ao jornalismo independente, exatamente onde o escrutínio independente mais importa: nas Forças Armadas dos EUA".
PAPEL HISTÓRICO DOS JORNALISTAS
O presidente da associação, Mike Balsamo, lembrou o papel histórico dos repórteres que acompanharam guerras e missões militares. "Esse trabalho só foi possível porque os repórteres puderam buscar fatos sem precisar da permissão do governo", destacou. Segundo ele, ao condicionar a divulgação das informações ao aval das autoridades, a população deixa de receber notícias independentes.
"[O público] está recebendo apenas o que as autoridades querem que ele veja. Isso deveria alarmar todos os americanos. Reportagens independentes sobre as Forças Armadas são essenciais para a democracia. É o que permite aos cidadãos responsabilizar os líderes e garante que as decisões de guerra e paz sejam tomadas à luz do dia", completou Balsamo.
VIOLAÇÃO DA PRIMEIRA EMENDA
A Fundação Liberdade para Imprensa também se manifestou, classificando a decisão como "a mais grave" violação da Primeira Emenda da Constituição dos EUA. "O governo não pode proibir jornalistas de divulgar informações públicas simplesmente alegando que são secretas", afirmou a entidade.
A política se soma a outras restrições recentes impostas pelo governo Trump. Em maio, o próprio Pentágono já havia limitado a circulação de repórteres em áreas antes livres, exigindo escolta para determinados acessos. Na semana passada, a Casa Branca elevou o tom contra a mídia ao ameaçar cancelar licenças de emissoras críticas. Pouco depois, a ABC, pertencente à Disney, suspendeu "indefinidamente" o programa do apresentador Jimmy Kimmel, conhecido opositor do presidente, após pressão direta do governo.
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