
Em meio a um mundo cada vez mais instável, atravessado por crises políticas, climáticas e existenciais, a literatura continua sendo um dos espaços mais potentes de reflexão, desconforto e reinvenção da realidade.
É nesse espírito que o Prêmio Nobel de Literatura 2025 foi concedido, nesta quinta-feira (9), ao autor húngaro László Krasznahorkai, cuja obra tem sido celebrada por seu mergulho profundo no apocalíptico e no grotesco, mas também por sua fidelidade à força transformadora da arte.
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Segundo o anúncio oficial da Academia Sueca, o autor foi laureado “por sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”.
Conhecido como um dos grandes nomes da literatura centro-europeia contemporânea, Krasznahorkai tem sido frequentemente associado a uma tradição que inclui gigantes como Franz Kafka e Thomas Bernhard. Sua escrita é marcada por longos parágrafos, frases labirínticas e atmosferas densas, onde o absurdo se confunde com a realidade, e o grotesco é parte inseparável do cotidiano.
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Mas o Nobel de 2025 faz questão de destacar que há mais nuances em sua produção:
“Há mais em seu arco, e ele também olha para o Oriente, adotando um tom mais contemplativo e finamente calibrado”, afirma o comunicado oficial da premiação.
Essa multiplicidade de influências — do Ocidente moderno ao Oriente filosófico — reflete uma trajetória literária que, apesar de profundamente enraizada na história e geografia húngaras, busca conexões universais, existenciais e espirituais.
Das fazendas coletivas ao reconhecimento global
László Krasznahorkai nasceu em 1954, na cidade de Gyula, no sudoeste da Hungria, uma região rural que ecoa fortemente em seus textos. Foi esse mesmo cenário que inspirou seu romance de estreia, Sátántangó, publicado em 1985, considerado por muitos como sua obra-prima.
No livro, Krasznahorkai retrata um grupo de moradores desamparados em uma fazenda coletiva abandonada, mergulhados na desesperança de uma sociedade à beira do colapso — uma metáfora direta do fim iminente do regime comunista na Hungria.
Além de Sátántangó, suas obras incluem títulos como:
- Az ellenállás melankóliája (A melancolia da resistência)
- Az urgai ardamente
- A Théseus-általános: titkos akadémiai előadások
Combinando crítica social, delírio estético e uma linguagem profundamente trabalhada, seus livros exploram a fragilidade humana diante da história e da própria existência.
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