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Belém teve o pior tratamento de esgoto entre as capitais em 2017

A ausência de condições adequadas de saneamento básico é a última trincheira da desigualdade brasileira, causada por falta de planejamento e investimento ao longo das últimas décadas, atingindo mais da metade dos municípios do País. Um estudo divulgado on

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Imagem ilustrativa da notícia Belém teve o pior tratamento de esgoto entre as capitais em 2017 camera O canal da Vileta é um dos espaços públicos que retratam o total descaso da atual gestão municipal | Fernando Araújo

A ausência de condições adequadas de saneamento básico é a última trincheira da desigualdade brasileira, causada por falta de planejamento e investimento ao longo das últimas décadas, atingindo mais da metade dos municípios do País. Um estudo divulgado ontem pelo Instituto Trata Brasil, feito com base nas 100 maiores cidades, deixa claro o tamanho da desigualdade: dos dez piores municípios com oferta de acesso à rede de coleta de esgotos a população, nove estão no Norte e Nordeste do Brasil, entre elas Belém, Santarém e Ananindeua. Já as dez melhoresestão no eixo Sul e Sudeste.

Elaborado com base nos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) – ano base 2017, o levantamento do Instituto Trata Brasil mostra que apenas dois municípios no país atingiram 100% de coleta de esgoto - Piracicaba e Taboão da Serra, ambos em São Paulo – e outros treze, todos no Sul e Sudeste, possuem índice de coleta superior ou igual a 98%,e que também podem ser considerados universalizados.

Por outro lado, Ananindeua e Santarém têm os piores índices nacionais com 0,98% e 4,27%, respectivamente. Belém tem o sexto pior índice com 12,99%.

Já o índice de volume de esgoto tratado confirma os três municípios paraenses – Santarém, Belém e Ananindeua – na lista dos dez piores do Brasil com 1,11%, 0,78% e 0,77%. Só não são piores que Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, que trata apenas 0,15%, e Governador Valares (MG) e São João do Meriti (RJ), cujo índicede tratamento foi de 0%.

PIOROU

O destaque nesta edição de 2019 do relatório elaborado pelo Instituto Trata Brasil vai para Belém, que apresentou resultados negativos em dois níveis de atendimento à população, distanciando a capital paraense cada vez mais do nível ideal de saneamento básico desejado para a saúde da população.

Na análise do tratamento de esgoto, por exemplo, essa queda foi de -1,09% comparando os dados de 2013 com o ano de 2017 (usado para elaboração do estudo). Ou seja, o que era ruim há seis anos, quando o volume de esgoto tratado era de apenas 1,87% em Belém, ficou ainda pior, com o quinto pior resultado nacional e o pior entre as capitais brasileiras, com volume tratado de apenas 0,78%.

Belém teve o pior tratamento de esgoto entre as capitais em 2017
📷 |Daniel Pinto

ÁGUA

Os mesmos resultados negativos também foram registrados na capital nos índices de atendimento de água. Enquanto a maioria dos municípios analisados (90%) possui atendimento de água maior que 80% da população, colocando-os bem próximos da universalização, Belém está na sétima pior posição, com 71,27% da população atendida. Ananindeua é a segunda pior no ranking nacional, com 32,42%, e Santarém é a quarta, com 52,19%.

Mais uma vez fica clara a deficiência do sistema de atendimento da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) nos anos avaliados pelo Instituto Trata Brasil – de 2013 a 2017. O recuo no atendimento de água à população da capital paraense foi de -2,06% nesse período. Em 2013, 73,33% dos moradores de Belém eram atendidos com água tratada da Cosanpa. Em 2014 o volume evoluiu para 90,89% e em 2015 para 97,44%, quase atingindo a universalização, que é considerada quando o fornecimento chega a 98% da população. Porém, a partir de 2016 a Cosanpa, sem dar explicações aos consumidores, começa a entrar em queda vertiginosa, chegando a 70,41% naquele ano e, segundo o Trata Brasil, 71,27% na medição em 2017.

O resultado coloca Belém na contramão do que se observa em outras capitais que registram crescimento na porcentagem da população atendida, como Rio de Janeiro (7,80 p.p.), Palmas (7,44 p.p), Manaus (6,45 p.p) e Rio Branco (5,96 p.p).

Belém teve o pior tratamento de esgoto entre as capitais em 2017
📷 |

Cosanpa teve prejuízos nos últimos 15 anos

Sobre os resultados negativos registrados pelo Instituto Trata Brasil, a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) informa, em nota, ao DIÁRIO que “há 15 anos os prejuízos nos balanços apresentados pelas gestões anteriores provam a falta de investimentos dos governos passados, principalmente para esgotamento sanitário, prejudicando a população que tem direito a serviços essenciais”.

Ainda segundo a companhia, as obras de ampliação e melhoria do sistema de água e esgotamento sanitário estão em andamento em Belém, Ananindeua e Santarém, e em outros dez municípios do Pará.

Paraenses sofreram com um serviço de água precário no Estado
📷 Paraenses sofreram com um serviço de água precário no Estado |Mauro Ângelo

A Cosanpa também informou que o Ministério do Desenvolvimento Regional aprovou mais cinco projetos, que somam cerca de R$ 82 milhões para investimento no Estado e que novos investimentos estão sendo feitos “para mudar essa realidade histórica do Pará e melhorar os índices de Saneamento no Estado”.

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