
Para os católicos, eles são os santos gêmeos que tem o dom da cura. Eram médicos que trabalhavam gratuitamente em prol dos mais pobres. Na umbanda, os “ibejis”, orixás gêmeos, são curandeiros e atendem ao pedido de camponeses concedendo uma boa colheita em troca de doces. Caso as guloseimas não sejam entregues, eles fazem travessuras e podem até reverter o que foi pedido. No Brasil, o culto a estes orixás teve início de forma camuflada, no período da escravidão negra.
Os escravos festejavam os ibejis no dia de São Cosme e Damião, 27 de setembro, para garantir que sua manifestação afro religiosa não fosse proibida, nem impedida. Fortalecendo, neste sentido, o sincretismo religioso. Tradição essa que resiste ao tempo e ao preconceito, e que ganhou novos formatos com a distribuição de bombons para as crianças.
No bairro da Pedreira, em Belém, o dia dos santos é celebrado em meio a uma ação social voltada para a comunidade. Um almoço para famílias atendidas por projetos sociais é oferecido pelo Instituto Cultural Nagô Afro-Brasileiro (Icanb), na Travessa Humaitá. A brincadeira com as crianças começa a partir das 16h, quando os bombons são distribuídos em meio a atividades lúdicas. Os preparativos começaram no início da semana quando as doações de brinquedos e de bombons começaram a ser entregues no terreiro.
TRADIÇÃO FAMILIAR
O pai de santo Fernando de Ogum comenta que os doces são doados por benfeitores, pessoas que estão agradecendo por graças alcançadas por intermédio de São Cosme e Damião. “É uma festa tradicional em nossa casa, começou há 50 anos com o meu pai”, disse o religioso.
Ao todo 100 pessoas, dos quais 60 são filhos de santo de pai Fernando, estão envolvidos com a programação e entrega dos bombons. “Tudo é feito com carinho, com respeito. O nosso evento é muito forte aqui no bairro e é reconhecido, o que nos conforta e dá ânimo para continuarmos com a festa. Nestes tempos de intolerância, formamos uma resistência com o apoio da comunidade”, frisa, ao completar que mais de duas mil pessoas devem passar pelo instituto, hoje. “São Cosme e Damião são exemplos de simplicidade, pureza, da continuação do amanhã... Eles fazem despertar as crianças que tem dentro da gente”, reitera o pai de santo.
A HISTÓRIA DOS SANTOS
Os gêmeos nasceram em Egeia (agora Ayas, no Golfo do skenderun, Cilícia, Ásia Menor), e tinham outros três irmãos. O pai foi mártir durante a perseguição dos cristãos na era de Diocleciano. Cosme e Damião eram médicos que curavam os enfermos. Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio. O dia de São Cosme e Damião é celebrado também pelo candomblé, batuque, xangô do Nordeste, xambá e pelos centros de umbanda onde são associados aos ibejis, gêmeos amigos das crianças.
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