
Já tem dez anos que a Joyce Almeida, 26 anos, se mudou para a passagem Amoras, no bairro do Tapanã, periferia de Belém, e durante todo esse tempo se viu alguma melhoria na comunidade foi porque os próprios moradores se uniram. Não há pavimentação asfáltica, e nem rede de esgoto. O mato toma conta das vias. No período de chuva, ela e outras famílias sofrem com os alagamentos provocados pela cheia do canal ‘mata fome’.
Nesse período, é a poeira que toma conta de tudo. Carros – inclusive o da coleta de lixo – não trafegam por ali. “A gente não aguenta mais esta situação. A gente espera pelo menos uma ação de limpeza e implantação de um sistema de drenagem porque isso não é rua, é uma vala”, desabafou. Nos últimos dois anos, a moradora tem lutado para conseguir isenção ou desconto do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbano (IPTU). “O do ano passado foi R$ 600, que tivemos de pagar parcelado”, ressaltou.
Até mesmo o aterro que foi jogado na rua, para tentar nivelar a via, foi fruto de coleta que ela e outros moradores fizeram. “Então é a gente que está fazendo isso tudo. Esta rua era só uma ponte, fomos nós que aterramos”, disse. “Ano passado quando fui tentar negociar o desconto do IPTU, argumentando sobre o que estávamos fazendo para melhorar a nossa situação, a resposta que tive foi que não importava como estava a rua e nem o que a gente estava fazendo, e sim a casa. Eu tinha que pagar”, prosseguiu ao apontar novamente as péssimas condições de moradia que a comunidade enfrenta.
Ela lembra que há quatro anos o prefeito Zenaldo Coutinho esteve pela comunidade, prometendo melhorias, mas todas as promessas ditas não foram cumpridas. “Vereadores são a mesma coisa. Inclusive, temos moradores eleitos aqui no bairro e que nunca olharam por nós”, comentou Joyce. A situação por lá é tão ruim que os moradores precisam recolher o lixo e deixar em um ponto próximo a 4ª rua do Tapanã para que a equipe da prefeitura recolha os resíduos. “Não adianta que não passa carro por aqui”, reafirmou Joyce.
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CUSTOS
Paralela à Passagem Amoras está a Passagem Jacob, onde mora o Ryan Wagner Piedade, 17. Em frente à casa dele, uma carrada de aterro foi despejada e o material será espalhado pela via na tentativa de melhorar as condições de pavimentação, já que asfalto ou sistema de drenagem por ali é uma realidade bem distante. “Uma carrada desta custa R$ 150 e somos nós moradores que temos comprado para tentar melhorar as coisas por aqui”, reforçou o jovem, que se mudou há menos de um ano para o local. “Neste pouco tempo nunca vi nenhuma ação da prefeitura por aqui, sempre são os moradores tentando fazer algo”, frisou.
Ryan ressalta ainda que todas ações da comunidade precisam ser feitas neste período de verão, pois quando as chuvas começam o canal do ‘mata-fome’ transborda e todas as casas daquela área vão para o fundo. “Tanto que se tu ver todas as casas são em estilo palafita ou construídas bem altas porque o volume de água por aqui é bem grande”, disse.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Belém para pedir um posicionamento em relação à situação das ruas do Tapanã. Até o fechamento desta edição, não recebeu respostas.
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