Transformar matéria-prima em produtos acabados, como, talvez, essa cadeira onde você está sentado nesse momento. Essa é uma realidade no setor florestal madeireiro do Pará. As empresas associadas à AIMEX (Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira) investem em alta tecnologia e mão de obra qualificada para aproveitar ao máximo todo o potencial que a madeira oferece, gerando renda e emprego em solo paraense, de forma sustentável.
Uma matéria-prima beneficiada pode, até mesmo, triplicar seu valor, em comparação à venda de um produto bruto, além de garantir a especialização de empregos e aumentar o número de postos de trabalho.
Na Amazônia, a produção e exportação de matéria-prima sempre foram uma realidade na atividade econômica. No entanto, há mais de 30 anos, o setor produtivo de base florestal vem se empenhando para agregar cada vez mais valor a essa matéria-prima e, assim, aumentar a geração de emprego e a lucratividade dos produtos paraenses.
“Ainda no final dos anos 1980, o próprio setor produtivo paraense liderou um movimento a nível nacional, com o objetivo de proibir a exportação de madeira em tora oriunda de florestas nativas. O objetivo era agregar valor internamente e entregar produtos acabados, com alto grau de beneficiamento. Por que tínhamos que exportar madeira bruta, para uma indústria nos Estados Unidos produzir pisos, se podíamos vender esse piso já pronto, empregando mais pessoas e gerando mais lucro para empresas, estados e municípios?”, pontua o diretor executivo da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará, Eduardo Leão.
O movimento deu certo e, em 1989, uma resolução do Conselho Nacional do Comércio proibiu a exportação. Atualmente, esse item só é permitido se tiver como origem áreas reflorestadas.
A virada industrial
Na década de 1970, cerca de 60% da produção madeireira exportada pelo Pará era bruta, ou seja, a mesma árvore que era retirada da floresta, era embarcada em navios e enviada para fora do Brasil.
Hoje, passados 50 anos, a realidade é exatamente oposta. Mais de 80% da matéria-prima passa por, pelo menos, algum processo de beneficiamento e cerca de 44% são transformados em produtos com alto valor agregado. Dos antigos 60% de madeira em tora exportada, resta, atualmente, pouco mais de 17%, todos oriundos de áreas plantadas.
E a diferença salta aos olhos: em 1973, foram comercializados cerca de 710 mil m³ de madeira, com um valor médio de US$ 44 por m³. Em 2020, pouco mais de 210 mil m³ foram exportados, movimentando um valor de mais de US$ 210 milhões ou US$ 979 por m³.
Hoje, o principal produto exportado pelo Pará é a madeira perfilada – pisos, decks, tacos e frisos -, considerada um produto com alto valor agregado.
Tecnologia para agregar valor
Desde a proibição da exportação de madeira em tora, o setor madeireiro vem fazendo o dever de casa, investiu em máquinas e equipamentos, qualificou mão de obra e, hoje, entrega produtos finais com qualidade a nível mundial, uma vez que são voltados para exportação.
Um exemplo disso é a Tramontina, empresa com indústrias localizadas na grande Belém e parte da produção terceirizada em outros cidades no interior do Estado, como Moraes de Almeida e Santarém. “Criamos produtos de valor agregado com a madeira nacional. Os itens harmonizam a madeira com uma infinidade de materiais e design diferenciado, gerando uma percepção de valor ainda maior à matéria-prima. São mais de 2.500 itens em linhas de móveis para áreas internas e externas, além de utilidades domésticas como cabos de cutelaria e itens em madeira para cozinha”, afirma o diretor da empresa, António Pagliari.
Para produzir esses itens, a indústria utiliza mais de 400 equipamentos com emprego de tecnologia de ponta, como robôs de pintura, robôs de movimentação de materiais e uma infinidade de equipamentos CNC’s (controle numérico computadorizado).
Essa tecnologia, permite um aproveitamento quase total da matéria-prima. A empresa chega a usar pedaços de madeira de 9,5 x 21,5 x 97,5 mm, usados na produção de cabos de cutelaria. “As produções dos pequenos pedaços de madeira são planejadas desde o desdobro da tora, gerando um aproveitamento superior da madeira. Os demais resíduos que ainda sobram são usados na geração de vapor, tanto para gerar energia elétrica como para a secagem de madeira”, acrescenta Pagliari, diretor da Tramontina no Pará.
Para Eduardo Leão, diretor executivo da Aimex, esses exemplos mostram que há um empenho do setor madeireiro de gerar emprego e renda no Pará, ao mesmo tempo em que se constrói uma indústria robusta, com alta tecnologia empregada e mão de obra especializada. “Quando você exporta matéria-prima, você também exporta empregos. E o contrário também é verdadeiro, quanto mais valor agregado, mais beneficiamento de produtos, maior o retorno econômico e social, com a geração de empregos. Hoje, o setor florestal pode ser considerado um exemplo nessa pauta”, defende Leão. Atualmente, estima-se que o setor florestal paraense emprega cerca de 30 mil pessoas, entre diretas e indiretas, com uma curva acentuada no beneficiamento da matéria-prima madeireira.
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