O machismo é uma situação presente na sociedade brasileira e acaba se refletindo de diversos modos. As vezes, alguns comentários são feitos com a intenção de serem apenas piadas, mas podem acabar ofendendo mulheres. Muitas campanhas são realizadas para tentar esclarecer essa situação, mas mesmo assim, as casos similares continuam ocorrendo, inclusive na mídia.
Um desses casos ocorreu no Pará. Nesta terça-feira (8), o radialista radialista Ivo Amaral, de 78 anos, se retratou e pediu desculpas por uma piada feita na segunda-feira (7), durante sua participação no Programa Conexão Cultura, da Rádio Cultura do Pará, que acabou sendo interpretada como um comentário machista.
Ao falar sobre a acusação de assédio sexual contra o presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, Ivo disse que “pior que a gente nem conheceu a cara da secretária para ver se valia a pena tanto esforço”.
Pelas redes social, o comentarista pediu desculpas e reconheceu o erro ao fazer o comentário, através de nota assinado pelo seu filho, Alexandre Amaral.
“Mesmo estabilizado financeiramente, Papai nunca largou o rádio, o jornal e a televisão. Não por vaidade, mas por paixão. E muito pela vontade popular que sempre o aplaudiu e o reconheceu como um grande jornalista. Mas ontem, papai errou. E o erro foi grande; fez uma piada de mau gosto, machista, sexista. Hoje, com sua habitual humildade, se retratou. Pediu desculpas e segue em frente. De cabeça erguida. Pelo menos, era assim que deveria ser", afirma a nota.
No texto, o filho de Ivo afirma que o pai não nega que o comentário foi de mau gosto, mas que o radialista foi alvo de críticas descabidas. "Infelizmente, além das críticas equilibradas, justas e pertinentes, pude ver um movimento de oportunistas querendo reduzir 65 anos de um trabalho sério a oito segundos de um comentário infeliz. Com certeza o Ivo Amaral, o camisa 10 do esporte paraense, sairá ainda mais sábio desse episódio. Com a solidariedade de amigos e fãs. Com a distância certa dos oportunistas. O cancelamento público pode estar na moda, mas é tão condenável quanto qualquer piada machista de mau gosto. Quem nunca errou, que atire o primeiro microfone”, diz a nota.
Nesta terça-feira (08), a Rádio Cultura FM também emitiu uma nota se pronunciando sobre o caso. “A Rádio Cultura FM, em seu programa Conexão Cultura, na última segunda-feira (07), no quadro de esportes com o cronista Ivo Amaral, difundiu comentários machistas e desrespeitosos acerca do episódio de afastamento do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, suspeito de assédio sexual por uma funcionária da entidade. A Cultura Rede de Comunicação através da Rádio Cultura, lamenta e repudia, veementemente, o comportamento dos seus colaboradores e pede desculpas públicas. Não existem justificativas possíveis para o ocorrido”, diz.
A nota completa dizendo: “Comentários como esse, em hipótese alguma, devem ser normalizados. As mulheres têm cada vez mais sofrido violências no seu cotidiano, sejam elas físicas, psicológicas, patrimoniais ou morais. O Brasil está em quinto lugar no ranking mundial de feminicídio. A Rádio Cultura FM, ao longo dos anos, tem exercido, com muita dedicação, o seu papel social, informativo e educativo, já tendo sido premiada, no ano de 2016, com o ‘Prêmio Paraense de Jornalismo em Direitos Humanos’, pela matéria em série de três edições ‘Cultura do estupro, não me calo’, veiculada no Jornal da Manhã”.
A Rádio Cultura FM informou na nota, ainda, que “como agentes de informação e transformação social, não permitiremos que a cultura do estupro seja negligenciada e naturalizada na nossa programação. Nesse sentido, o quadro esportivo do radialista Ivo Amaral ficará suspenso por tempo indeterminado. Ressaltamos que, combater esse comportamento implica estarmos atentos a toda e qualquer atitude cotidiana que agrida a dignidade feminina”.
Veja a nota na íntegra:
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