Em janeiro, Éder Mauro usou as redes sociais para elogiar a compra da vacina indiana Covaxin, pelo Governo Federal. Na última sexta-feira (25), a CPI da Pandemia, no Senado, apurou indícios concretos de superfaturamento na compra dos imunizantes do laboratório indiano Bharat Biotech.
Éder Mauro comemora compra superfaturada da Covaxin
Segundo apurou a CPI, ainda durante a gestão de Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde pagou um preço quatro vezes maior pela Covaxin do que pelo imunizante da AstraZeneca. Também há indícios de que o contrato, fechado no valor de R$ 1,6 bilhão com intermediação da empresa Precisa Medicamentos, teria sido assinado a um preço 1000% mais alto que o previsto inicialmente.
Deputado da base aliada, Luís Miranda (DEM-DF) informou à CPI que Bolsonaro foi informado sobre irregularidades na aquisição da Covaxin, e que o Presidente da República afirmou que quem chefiava o esquema da compra da Covaxin, que incluía pressões fora do comum a servidores do Ministério da Saúde, era o deputado Ricardo Barros (PP-RR), líder do governo na Câmara. Diante da denúncia de corrupção no Ministério da Saúde, Bolsonaro não fez qualquer movimento no sentido de investigar o caso, o que, segundo senadores da oposição, caracteriza o crime de peculato.
No post de janeiro, Éder Mauro elogiava também o então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que deixou o governo em no final de março, após forte pressão de senadores que consideravam ruim a atuação do chanceler nas negociações por vacina.
Em março, Éder Mauro voltou a celebrar a compra da vacina indiana Covaxin. À época, a previsão é de que 20 milhões de doses seriam entregues até julho de 2021. "O governo do Presidente Bolsonaro segue empreendendo esforços para a aquisição de vacinas para a população. Além das vacinas já adquiridas, o Ministério da Saúde está negociando com três laboratórios para mais 168 milhões de doses", comemorou o parlamentar, referindo-se à compra de uma vacina marcada por fortes indícios de corrupção.
Sem apontar qualquer fonte, Éder Mauro utilizou suas redes sociais em março para afirmar que a vacina Coronavac (que o deputado insiste em chamar de "vacina chinesa") seria a mais cara e a menos eficaz. Hoje, é de conhecimento público que a vacina mais cara dentre as opções disponíveis é justamente a Covaxin, para qual o governo federal aceitou pagar antecipadamente R$ 45 milhões de dólares.
O servidor concursado do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, chefe da Divisão de Importação da pasta desde 2018, contou à CPI da Pandemia que no ato de importação das doses da Covaxin foram encontradas informações diferentes daquelas do texto original do contrato. Algumas dessas divergências: a forma de pagamento, a quantidade de doses e a indicação de empresas intermediárias.
OS PREÇOS
Apesar do que foi divulgado erroneamente - ou de forma tendenciosa - pelo delegado, os preços corretos dos imunizantes são os seguintes:
Pfizer
US$ 10 (R$ 50,17) por dose (1º contrato)
US$ 12 (R$ 60,20) por dose (2º contrato)
Janssen
US$ 10 (R$ 50,17) por dose (vacina de dose única)
AstraZeneca
US$ 3,16 (R$ 15,85) por dose (produzida na Fiocruz)
US$ 5,25 (R$ 26,34) por dose (produzida no Instituto Sérum, na Índia)
Coronavac
R$ 58,20 por dose
Sputnik
R$ 69,36 por dose
Covaxin (a mais cara)
US$ 15 (R$ 75,25) por dose
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