plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 33°
cotação atual R$


home
MERCADO

Encontrar emprego após 50 anos vira desafio a trabalhadores

Para quem passou dessa idade, arranjar emprego é sempre mais difícil pelas exigências das empresas. Porém com organização, empenho e controle é possível vencer as resistências e garantir uma vaga nova

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia Encontrar emprego após 50 anos vira desafio a trabalhadores camera A pandemia agravou a situação do mercado de trabalho para quem tem mais de 50 anos | Marcelo Camargo/Agência Brasil

A administradora de empresas Sônia Moreno, 58 anos, começou a trabalhar ainda muito jovem, aos 19 anos, mas logo teve que abdicar da sua vida profissional para cuidar dos seus pais que eram idosos. Ficou 31 anos sem uma ocupação formal e permaneceu assim até quando completou 50 anos, quando começou a traçar novos desafios para a sua vida e passou a trabalhar em órgãos públicos do município de Ananindeua, onde reside.

“Não tive tantas dificuldades financeiras durante o período que estive desempregada. O grande problema na administração pública é quando muda de gestor, pois há uma grande exoneração de servidores, que causa uma angústia e uma sensação de impotência muito grande diante dessa situação, foi o tempo que voltei a ficar desempregada e a idade avançada atrapalha”.

Há 3 meses, Sônia conseguiu um posto na prefeitura de Ananindeua e trabalha como secretária numa creche. “As dificuldades para quem é mais velho são inúmeras, mas durante o tempo que estive empregada sempre passei por bons ambientes de trabalho, sendo ativa e focada por onde passei, o que contribuiu muito para que a idade não fosse levada em consideração”.

Ela afirma que a pandemia afetou muito pessoas de idade mais avançada, principalmente por conta da saúde, que é mais delicada para os mais velhos. “Além disso, muitos empregadores optam por serviço de pessoas mais novas, sem levar em consideração a experiência que podem agregar”.

O relato de Sônia mostra uma realidade no Brasil: a idade mais avançada do trabalhador está diretamente relacionada à sua dificuldade em arranjar um emprego. Por outro lado, uma nova tendência vem surgindo nos últimos anos: conforme a expectativa de vida do brasileiro aumenta, cresce a necessidade de o mercado de trabalho absorver profissionais com 50 anos ou mais.

Thallys Ferreira, psicólogo organizacional, diretor de Gente e Gestão da Trainee RH, lembra que durante a pandemia muitos profissionais acima de 50 anos foram afastados de seus postos de trabalho e passaram a exercer suas funções remotamente. “Outros tantos, porém, foram desligados, uma vez que suas atividades não poderiam ser realizadas dessa forma, ou as empresas não estavam adaptadas para essa modalidade de emprego”, ressalta. Essa movimentação se deu principalmente por esse grupo, segundo pesquisas, estar mais propenso a ter complicações em caso de contaminação pelo Coronavírus. Como então reinserir esses profissionais na pós-pandemia?

Para Ferreira, o mercado de trabalho vem valorizando cada vez mais as “soft skills”, habilidades comportamentais como: criatividade, resolução de problemas, coordenação de equipes e empatia. “Essas habilidades são muitas inerentes à pessoa, mas podem ser desenvolvidas ao longo da carreira. É mais raro, portanto, vermos um profissional mais jovem reunir uma gama relevante de soft skills”.

Por este motivo, mas também pelo envelhecimento da nossa população - segundo o IBGE, o número de idosos deve chegar a 25,5% da população em 2060 -, muitas organizações vêm criando programas específicos para reintegrar os mais experientes. “Existem ainda plataformas dedicadas exclusivamente ao cadastro de profissionais +50 e de empresas, de diversos segmentos, que buscam esse perfil, como é o caso da MaturiJobs”.

Para reingressar no mercado, Thallys considera importante haver a reciclagem constante com cursos que atualizem as melhores práticas do mercado em seu ramo de atuação. “Existem muitos cursos que podem ser feitos remotamente. “Quem almeja uma vaga nessa faixa etária deve estar adaptado ao home office, buscando conhecer quais tecnologias são utilizadas na sua área de interesse. Pode-se pedir orientação a amigos, familiares, ou conhecidos mais habituados ao uso de computadores e da internet”.

O uso de redes sociais profissionais, como o LinkedIn, diz, “é interessante para estabelecimento de contatos com colegas que os indiquem, caso surjam oportunidades nas empresas onde atuam”.

Equilíbrio emocional é fundamental

A publicitária Silvana Pereira Matos, 50 anos, atuou em diversas agências e veículos de comunicação ao longo da sua vida. “Durante todo esse tempo tenho visto as mudanças ocorrerem. E a cada dia, mais jovens têm entrado nesse mercado como empreendedores. E muitas vezes a experiência de valorosos profissionais é deixada de lado...”

Ela explica que a área de publicidade está muito atrelada ao novo, ao criativo, e que, infelizmente, pessoas com 50 anos ou mais muitas vezes são rotuladas como defasadas. “É lamentável, mas muitos gestores ainda não conseguem enxergar que é uma boa troca juntar a nossa vivência com a vibe da juventude. Tenho trabalhado com jovens e a experiência tem sido recompensadora”, garante.

Silvana ficou desempregada em novembro de 2020. “Desde aquela época venho batalhando por me inserir novamente no mercado. Agora estou num processo de treinamento para uma vaga. As perspectivas são boas. Um conselho que dou é sempre manter o psicológico sadio, equilibrado. Muitas vezes bate um desânimo e às vezes amanhecemos mal... É fundamental manter o equilíbrio e se manter atualizado”, pondera.

Renata Dolzane Leal, psicóloga clínica e organizacional avalia que a reinserção de pessoas acima de 50 anos no mercado de trabalho só é possível a partir de momento que o profissional assimila e se predispõe a se desconstruir, se livrar de padrões pré-estabelecidos e se permite reconstruir sua história profissional.

“Há necessidade, principalmente, que a pessoa trabalhe suas competências comportamentais, tais como: flexibilidade, adaptabilidade e mudança de mindset (pensamento) entre outros. Isso permitirá a esse profissional aceite o novo”, diz.

Além de buscar se aperfeiçoar no mundo digital, o profissional deve se adaptar a novas estratégias de trabalho como o home office, estando sempre aberto a mudanças. “Perfis com mais expertise são muito bem-vindos em ambientes corporativos, que requeiram vasta experiências baseado em vivências, segurança e senhoridade. Não existe um ambiente adequado. Tudo vai depender da cultura em que a pessoa será reinserida”, detalha Renata, que também é consultora de Gestão e Gente.

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Notícias Pará

    Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

    Últimas Notícias