O ditado popular pode ser antigo, mas o ensinamento deixado pode acender um alerta importante para se esquivar de golpes financeiros que, apesar de velhos conhecidos, ainda hoje têm feito centenas de vítimas: quando a vantagem for demais, é melhor desconfiar. No mês de agosto, a Polícia Civil do Pará, por meio da Diretoria Estadual de Combate à Corrupção (Decor), transferiu de São Paulo para Belém um homem acusado de ser o mentor de um grupo empresarial que aplicava o golpe conhecido como “pirâmide financeira”. A estimativa apontada pela polícia é de que mais de 500 pessoas tenham sido vítimas do esquema somente no Pará.
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Apesar do número considerável de pessoas vitimadas, o diretor da Divisão de Investigação e Operações Especiais (Dioe) da Polícia Civil do Pará, delegado Neyvaldo Silva aponta que o golpe praticado apresenta as mesmas características de outros golpes já registrados neste estilo de ‘pirâmide’. “
As características são as mesmas. Ele ofertava sempre rendimentos muito acima dos valores que são praticados no mercado financeiro. Não é possível um rendimento de 10% a 11% no mercado atual. Não se consegue um investimento na rede bancária, na rede financeira neste patamar de rendimento”, considera o delegado. “Então, as pessoas, muitas vezes movidas por esse percentual, além do bom convencimento que têm os estelionatários, acabavam pagando valores e depois de muito tempo vinham saber que era um golpe”.
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No esquema em questão, o acusado de estelionato se dizia proprietário de uma empresa de investimentos financeiros que oferecia a garantia de ganhos escalonados mensais que podiam chegar a 10% ao mês. Estima-se que os prejuízos causados pela empresa já passem de R$ 60 milhões.
O ESQUEMA
Nesse esquema de ‘pirâmide financeira’, o estelionatário capta investidores, que na verdade são vítimas. No início, o estelionatário vai recebendo os valores investidos pelas vítimas e vai agraciando alguns desses ‘investidores’ com rendimentos. Para fomentar essa base da pirâmide com investimentos, o estelionatário pega o dinheiro de um investidor para cobrir o pagamento dos rendimentos de outro investidor.
“Até que chega um momento em que esse processo não se sustenta, acaba faltando dinheiro, além do que, também, muitas vezes o estelionatário gosta de ostentar, exibir e mostrar que está bem financeiramente e aí ele começa a comprar carro de luxo, viagens, fazendo uso do dinheiro das pessoas”, explica Neyvaldo, ao apontar que quando o esquema quebra e não há mais como pagar os rendimentos, é quando o estelionatário some. “Ele sai do Estado em que ele está praticando o golpe e vai para outro Estado. Então, muitas vezes quando as pessoas buscam a polícia, esses estelionatários já estão fora do Estado e, às vezes, até fora do Brasil”.
O delegado chama a atenção para o fato de que até mesmo pessoas que possuem algum conhecimento sobre o mercado financeiro acabam caindo neste tipo de golpe. Um alerta importante para se proteger contra a ação desses criminosos é sempre desconfiar de ofertas muito vantajosas, que fogem da realidade observada no mercado. “Muitas vezes as vítimas são movidas pela ambição, acham que terão um lucro fácil, um rendimento muito fácil e a pessoa acaba investindo valores, inclusive, altos. Como o estelionatário tem essa característica de protelar, a vítima demora a se atentar que caiu em um golpe”.
Fique atento
A desproporção de valor é um sinal de que a oferta pode se tratar de um golpe. A orientação vale não apenas para investimentos financeiros, como para qualquer transação. Se um determinado aparelho celular é vendido por R$10 mil no mercado e alguém que você não conhece está oferecendo o mesmo aparelho por R$5 mil, desconfie de que pode ser o golpe. Desconfie de ofertas muito tentadoras.
Caso tenha sido vítima de um golpe, a pessoa pode procurar qualquer delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência. A depender do volume ou da gravidade da situação, o caso pode ser direcionado para a Dioe, que é a delegacia especializada.
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