A equipe multidisciplinar do centro obstétrico da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém (PA) realizou na última sexta-feira, dia 11, um procedimento raro: o parto normal de gêmeos e, mais do que isso, de um dos bebês empelicado, ou seja, ainda na bolsa e envolto no líquido amniótico. Na grande maioria das vezes, o parto gemelar é feito por cesariana e com rompimento da bolsa.
Os gêmeos Miguel e Gabriel são filhos da neuropsicóloga Carolline Sanches, 29 anos, e do técnico de enfermagem Mariano Alves. Miguel nasceu às 10h55min com 2,300 quilos e 44 centímetros; Gabriel, às 10h57min, com 2,160 quilos e 42 centímetros – mas, neste caso, toda a placenta ficou preservada com o menino dentro e a observação dos movimentos e das atividades que exercia dentro do útero. A literatura médica aponta que o chamado parto empelicado ocorre uma vez a cada 80 mil nascimentos.
Um dos responsáveis pelo procedimento, o médico obstetra José Fonseca, relata que é a primeira vez que realiza o parto empelicado numa gestação gemelar:
“Muitos obstetras não têm a oportunidade de presenciar o nascimento de um bebê empelicado durante a carreira .Em gêmeos, em particular, existem alguns casos relatados na literatura médica, mas são bem raros. Não tem como quantificar em palavras a emoção de participar deste momento único”.
O médico explica que este fenômeno natural e belo não apresenta riscos.
"Embora raro, este tipo de parto não traz qualquer risco para o bebê ou para a mãe e, em muitos casos, pode até ajudar a proteger bebê de alguma infecção que a mãe possa passar.”
A residente em ginecologia e obstetrícia Letícia Picanço auxiliou o parto e contou a empolgação da equipe de profissionais com o nascimento de um bebê ainda envolto pela placenta e com todo o líquido amniótico preservado.
“A placenta é uma membrana fina e resistente, mas que facilmente se rompe até a hora do parto, seja pelos movimentos do bebê ou pelo manuseio da equipe para o nascimento. Foi muito emocionante ter a oportunidade de participar deste momento único e notar os movimentos que o bebê faz dentro do útero, pois ele ainda não sabe que nasceu. A gente tem um grande privilégio de poder vivenciar isso algumas vezes na Santa Casa ”, ressalta a residente
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Além da emoção do nascimento, a condição rara do parto permitiu que Mariano participasse ativamente do nascimento dos filhos e rompesse a bolsa amniótica que envolvia Gabriel. O momento foi registrado em vídeo.
"Para mim, foi emocionante. Me senti duplamente abençoado primeiro por presenciar o nascimento dos meus filhos, depois, em questão do Parto empelicado. Quando o cirurgião me chamou para romper a bolsa foi um sentimento único. Já havia ouvido falar que é um acontecimento raro e no momento que rompe a bolsa, me senti mais abençoado e também um pai de muita sorte. Só tenho a agradecer a Deus e a toda equipe da Santa Casa que estive presente neste dia tão especial, vocês são 10. “ conta o pai emocionado
Com os filhos no braço, Carolline destaca que o acompanhamento do pré-natal realizado no Ambulatório da Mulher da Santa Casa, referência na assistência à saúde da mulher e da criança no Estado, foi essencial para que ela se preparasse para a chegada dos gêmeos Miguel e Gabriel “Só tenho a agradecer pelo atendimento que eu e meus filhos recebemos aqui”, ressalta a neuropsicopedagoga.
Projeto “A emoção do parto eternizada”
Após o parto, a família foi presenteada com uma arte da placenta. O Projeto que foi batizado de "A emoção do parto eternizada " começou a ser implantado na unidade em julho deste ano e faz parte da estratégia do setor de obstetrícia da Fundação Santa Casa, enquanto Hospital Amigo da Criança (HAC), para garantir o parto humanizado.
A placenta passa por um processo de higienização para que possa receber o trabalho artístico. Com tintas à base de água, o órgão é colorido e depois é carimbado em uma folha de papel cartão, para ser entregue à família, antes da alta hospitalar.
Michele Pinho, enfermeira obstétrica (Coordenação do Centro Obstétrico), explica que a intenção do projeto é eternizar o momento do nascimento das crianças, a partir da reprodução da placenta, que na medicina, é considerada a primeira morada do bebê, onde é construído o primeiro vínculo com a mãe e por onde a criança recebe os nutrientes e o oxigênio, necessários para que se desenvolva e cresça com segurança.
"Nossa proposta é institucionalizar esta iniciativa e garantir a promoção da qualidade obstétrica e contribuir com a dignidade materna na hora do parto”, reforça a profissional.
Serviço:
A Santa Casa é referência no atendimento à Gestação de Alto Risco e anualmente realiza mais de 200 partos gemelares. A unidade mantém atendimento porta-aberta 24 horas, recebendo, diariamente, gestantes de todo o estado e conta com uma infraestrutura de quatro salas cirúrgicas exclusivas para a obstetrícia e dez salas de PPPs (pré-parto, parto e pós-parto) estruturadas com barra de ling, camas PPP, cavalinho, bolas de pilates, banquetas, disponibilidade de água morna, entre outras condições, onde é trabalhado o parto de forma humanizada.
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