Os constantes aumentos no preço do combustível no país têm tirado o sossego de muitos brasileiros, já que diversos setores, que à primeira vista não aparentam ter relação com o reajuste no preço do combustível, também são impactados. No final do mês de outubro, a Petrobras reajustou o preço do litro da gasolina em 7,04%, o décimo quinto aumento somente este ano. O mesmo ocorre com o gás de cozinha.
De acordo com Everson Costa, técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA), o aumento no valor do combustível está atrelado à Política de Paridade Internacional (PPI) adotada há cerca de dois anos pela Petrobrás e que baseia o valor do barril de petróleo no mercado internacional e no dólar.
“O problema é que essas variações não acompanham o poder de compra da população brasileira. Mesmo com a economia reaquecendo, setores retornando e a vacinação aumentando, infelizmente, ninguém está conseguindo acompanhar a política de preço da Petrobrás, até porque o reajuste do salário mínimo sequer acompanhou a inflação do ano”, afirma.
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“Não é só o combustível que aumentou de preço. Alimentos, vestuário, habitação, remédios, daqui a pouco as mensalidades das instituições de ensino também vão sofrer reajustes, o material utilizado no ambiente escolar.... 74% das famílias brasileiras estão endividadas porque os custos de vida se elevaram rapidamente e os salários não acompanham. Sem contar que até o final do ano, o Governo Federal já sinalizou que haverá novos aumentos no preço do combustível”, comenta.
O farmacêutico Diego Lobo conta que os sucessivos reajustes no valor do combustível têm impactado bastante o orçamento do mês e que precisou adotar algumas estratégias para não gastar tanto.
“Antigamente, se colocasse R$ 50 de gasolina, conseguia rodar bastante, mas hoje em dia já não está mais rendendo. Tanto que estou evitando sair de casa de carro, só uso mesmo para trabalhar porque não posso ficar sem ele, mas quando preciso sair para algum compromisso pessoal, sempre procuro andar de carona ou dividir corrida para economizar mais”, disse.
Odiléia Pacheco trabalha há mais de 20 anos vendendo comidas típicas, como tacacá, vatapá e caruru. Ela conta que usa cerca de dois botijões de gás por mês e que tem sido bastante difícil equilibrar as contas da banca em que trabalha.
“O movimento também caiu bastante, até porque não foi só o gás que aumentou, mas outros produtos. Então, as pessoas estão evitando sair para comer fora”, comenta.
Em virtude do baixo movimento e do aumento no valor dos insumos, Odiléia disse que precisou retirar do cardápio um dos pratos mais consumidos pelos paraenses e cujo preparo demora cerca de sete dias para ficar pronto: a maniçoba.
“Até o mês de junho ainda estava vendendo, depois disso não tive como manter. Fiquei bastante triste, pois durante o Círio, principalmente, a saída era grande, mas ultimamente está bastante complicado, já até pensei em desistir da banca e tentar outro negócio”, desabafa.
SAIBA COMO ECONOMIZAR:
- NO GÁS:
Use panelas de acordo com o tamanho da boca do fogão.
Tampe a panela durante o cozimento. Cozinhar com a panela fechada gasta 50% menos gás e ainda preserva melhor o sabor da comida.
Evite abrir a porta do forno quando estiver fazendo algum assado - Abuse da panela de pressão: ela cozinha os alimentos muito mais rapidamente. Só tome cuidado para não abrir antes de deixar toda a pressão escapar.
Outra forma de ganhar tempo e economizar é cozinhar legumes no vapor enquanto prepara o arroz, por exemplo. Basta utilizar uma cesta de metal com furinhos, encontrada em lojas de utilidades domésticas, encaixá-la sobre a panela, colocar os legumes e tampar.
Repare na cor da chama do fogão: a tonalidade correta é azulada. Caso esteja amarela, os queimadores podem estar desregulados e liberando mais gás do que o necessário.
Coloque o botijão sobre um suporte para afastá-lo do chão e protegê-lo da umidade, que pode causar ferrugem e gerar vazamentos.
Verifique periodicamente a mangueira do gás, certificando-se de que está em bom estado. Caso apresente algum defeito ou vazamento, troque imediatamente. Além de serem de extrema importância para a segurança do seu lar, esses cuidados podem ser aliados na economia de gás.
- NA GASOLINA:
Ao dirigir, respeite a troca de marchas. Procure trocá-las sempre na rotação correta, mantendo o giro do motor compatível com a marcha escolhida.
Mantenha a manutenção em dia. Essa prática evita que o motor consuma mais combustível que o necessário, além de aumentar sua vida útil. É importante checar regularmente e, se necessário, trocar os filtros de ar, óleo, combustível e fazer a substituição das velas.
Pegue leve no uso do ar-condicionado. Este conforto está ligado diretamente ao consumo de combustível, já que o equipamento é operado pelo motor. Carros com menor cilindrada gastam mais com o ar ligado. Por isso, ligue apenas quando realmente for necessário.
Verifique a pressão dos pneus. Circular com eles em boas condições é essencial para economizar combustível. Pneus murchos influenciam diretamente no rendimento do veículo, pois geram mais atrito com a via.
Mantenha o alinhamento e o balanceamento do veículo em dia. O alinhamento correto faz com que os pneus se desgastem menos e o balanceamento evita trepidações ao rodar. Além disso, ambos previnem o aumento do atrito dos pneus no solo e não deixam que o veículo perca desempenho.
Não acelere parado no farol: esse hábito contribui para esvaziar o tanque mais rápido. Outra prática que ajuda na economia é ir observando o trânsito à frente e, ao notar que o tráfego vai parar, desacelerar o veículo aos poucos antes de frear. Com o carro engrenado, mas sem acelerar, a injeção eletrônica envia menos combustível ao motor.
Evite acelerar e frear bruscamente. Dirigir de maneira agressiva, além de perigoso, também não é uma boa prática quando o objetivo é economizar. Para prevenir o desgaste do motor, é importante trocar as marchas de forma suave e medir a força do pé no acelerador para não desperdiçar combustível.
Mantenha uma velocidade constante. As acelerações e freadas exigem mais do motor e aumentam o consumo.
Cesta básica dos paraenses ficou 16% mais cara em um ano
A rotina da alta de preços atinge também a alimentação básica do paraense. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), a cesta básica teve alta acumulada, entre os meses de setembro de 2020 e 2021, de 16%. Enquanto no passado, custava R$ 459,21, hoje custa R$ 532,56.
De acordo com a pesquisa, todos os alimentos que compõem a cesta básica contribuíram para a alta dos preços. Entre eles, o óleo de soja (900 ml) que sofreu aumento acumulado de 51,85%, seguido do Café com alta de 45,32%; Açúcar com alta de 31,40%; Carne Bovina com alta de 23,12%; Arroz com alta de 22,87%; Manteiga com alta de 17,15% e o Tomate com alta de 17,01%.
Ainda de acordo com o Dieese-PA, as causas destes aumentos nos preços dos alimentos se devem pela sazonalidade de vários produtos, fatores ligados à comercialização, altas consecutivas nos preços dos combustíveis e consequentemente aumentos nos custos dos fretes.
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