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RETOMADA

Bares devem contratar 63 mil até o final do ano

Setor comemora aumento do movimento, que se equipara a antes da pandemia, e se prepara para um final de ano com maior faturamento. Por outro lado, inflação e aumento nos custos de serviços ainda preocupam

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Imagem ilustrativa da notícia Bares devem contratar 63 mil até o final do ano camera Bares devem contratar fixos e temporários para o final de ano | Antônio Mello/Diário do Pará

Todo ano o fenômeno se repete: com o Círio ocorre um aquecimento na economia, que movimenta o setor de comércio e serviços que, no embalo, “emenda” a maior festa religiosa dos paraenses que encerra na segunda quinzena de outubro com o “Black Friday” que ocorre esta semana. E para não deixar cair o faturamento, as promoções são mantidas já para o Natal, a grande festa de consumo esperada em todo o ano.

O setor de bares, restaurantes e eventos manteve essa pegada e vem retornando à normalidade pré-pandemia, graças ao avanço da vacinação e a diminuição de casos de Covid-19. Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgado este mês, estima que o segmento vai oferecer 63,40 mil vagas temporárias até o fim do ano em todo o Brasil.

Everson Costa técnico do Dieese-PA lembra que o departamento já previa a criação e cerca de 4 mil empregos temporários em toda a região metropolitana de Belém após o Círio e já emendando no período de festas de final de ano, sobretudo na érea de serviços e comércio.

“Vale destacar que a empregabilidade do setor de serviços, que engloba os bares e restaurantes, vem crescendo no Estado como um todo. Com o aumento da vacinação a economia está reabrindo, com a contratação de mais trabalhadores para dar conta da demanda. O saldo positivo de empregos formais na área de serviços esse ano chega a 22 mil postos formais. É o setor que mais contrata e o Pará é líder na contratação dentro desse segmento na região Norte”, diz.

O entrave atual é que, segundo Everson, essa retomada vem competindo com o desemprego alto e com o aumento da inflação, elevando o custo dos serviços o que, segundo ele, pode retardar os avanços conquistados nos últimos meses. “Nesse quadro os preços e os custos de produção sobem, retirando a renda das famílias, que acabam reduzindo o consumo”, explica. Por outro lado, o técnico lembra que nesses 2 últimos meses do ano serão injetados na economia paraense algo em torno de 4,5 bilhões decorrente do pagamento das parcelas do 13º salário a cerca de 2 milhões de trabalhadores.

“Isso com certeza vai movimentar muito os setores de comércio e serviços neste final e ano, sobretudo a partir da última semana deste mês, quando ocorre o Black Friday em todo o país. A combinação de empregos temporários, sobretudo na área de serviços, e a grande injeção de recursos na economia nessa reta final do ano será criará um cenário bem favorável para a nossa economia como um todo”, acredita.

Rosane Oliveira, presidente da seção paraense da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes observa que o retorno dos clientes aos estabelecimentos já está quase na sua totalidade em relação a meses anteriores. “Com avanço da vacinação, já conseguimos voltar ao nosso patamar de atendimento. Isso é muito importante para setor como um todo, tanto os bares, restaurantes e eventos. Já estamos com público normal”, garante.

Segundo ela as contratações já estão aquecidas, mas os bares e restaurantes estão passando por um gargalo difícil: a mão de obra sumiu do mercado e ficou muito difícil repor os colaboradores e mesmo contratar novos.

A empresária ressalta que, devido à pandemia, muitos trabalhadores migraram para o mercado informal ou mesmo criaram suas microempresas individuais (MEI’s) e agora trabalham por conta própria. “As expectativas são as mais positivas e as melhores possíveis e aguardamos um final de ano muito aquecido, tanto em vendas , como em posto de trabalho. Acreditamos em um percentual de 50 a 60 % de novas contratações em geral”.

Cuidados ainda são necessários

Fernando Soares, assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará, diz que a perspectiva do setor para esse final do ano é a melhor possível graças à retomada do movimento nos estabelecimentos em razão do avanço na vacinação em todo o Estado.

“Nosso único receio é que haja um recrudescimento da COVID-19 nas próximas semanas, uma possível quarta onda que já vem se desenhando em alguns países da Europa. Por isso todo o cuidado é pouco nesse momento e tanto a população quanto os estabelecimentos devem manter os cuidados sanitários”, alerta.

Ele acredita que haverá um incremento na geração de empregos no setor, mas não em percentuais tão altos. “Teremos com certeza a contratação mas preferimos não arriscar um percentual nesse momento. Mas contratação haverá sim, sobretudo as temporárias para atender aos estabelecimentos às sextas, sábados e domingos onde o movimento cresce bastante. Não acreditamos que será tão alta como em anos anteriores muito em razão da situação econômica da população que não está nada boa”, calcula.

Maurício Façanha, proprietário do “Ver-a-Cerva” boteco especializado em cervejas artesanais, além de um restaurante de comidas típicas, disse que já vem contratando para as duas casas. “Já contratei nu último final de semana uma pessoa fixa e devo contratar mais 2 temporários para os finais de semana. A expectativa é que haja um crescimento de 30% na minha equipe neste final e ano”,

Ele diz que seu faturamento vem crescendo até de certo modo de forma surpreendente. “Estamos fazendo eventos específicos aos finais de semana que vêm atraindo muito público. O que faturei nos primeiros 2 finais de semana desse mês surpreendeu positivamente quando comparado aos finais de semana de outubro”, calcula.

Caio Lopes Guimarães comanda a cervejaria Amazon Beer, na Estação das Docas; e uma pizzaria, empregando 49 funcionários no primeiro estabelecimento e outros 10 no segundo. A cervejaria é muito solicitada em dezembro por conta das festas de confraternização e, por essa razão, o empresário já aumentou o quadro do estabelecimento em 15%. No caso da pizzaria o incremento foi na ordem de 10%. “Até agora atingimos 80% do nosso faturamento pré-pandemia, o que ainda não é o ideal para o negócio, mas estamos avançando e esperamos ter um final de ano bem melhor do que foi ano passado. Nossas expectativas são bastante altas”, espera.

Deivison Azevedo, sócio-proprietário da cervejaria Caboca, localizada no Boulevard Castilhos França, conta que desde a flexibilização das restrições autorizadas pelo governo do Estado, consequência do avanço da vacinação contra o Covid-19, o movimento tem acelerado a cada mês e a programação cultural e artística da casa tem ganhado força. “Estamos contratando em média 35 colaboradores para dezembro, entre horistas e contratos via MEI. Um aumento de 60% em relação ao quadro atual. Nossa agenda para confraternizações está reservada até primeira semana de janeiro, inclusive em dias de menor movimento como as terças-feiras”, comemora.

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