Belém mantém viva e cheia de sabor a tradição das vendas dos chamados cachorros quentes de rua. Pelo menos nos últimos 50 anos, os lanches de rua se consolidaram como um negócio que proporciona uma experiência gastronômica que conquista o paladar. E por mais que se modernize a estrutura, se mantém uma característica: funciona na calçada, geralmente em uma esquina.
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Um levantamento feito pelo Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará, em 2018, apontou a existência de quase 800 vendas de cachorros quentes de rua em Belém. Na ocasião, esses empreendimentos movimentavam uma economia de aproximadamente R$1,2 milhão por mês.
“Esta pesquisa foi feita na época em que os ‘foodtrucks’ estavam virando uma ‘febre’ na cidade, trazendo um hambúrguer ‘gourmet’, dito artesanal. Mas na prática, esses carrinhos mantinham a mesma estrutura que a gente conhece, funcionam em calçadas e esquinas ditas de localização estratégica”, disse o assessor do sindicato, Fernando Soares.
Ele pontua que a pandemia contribuiu para aproximar os belenenses das vendas dos cachorros quentes de rua. Com a restrição de funcionamento e a recomendação de ficar em casa, essas lanchonetes abriram para o delivery, o que ajudou a potencializar os negócios.
A empresária Telma Miranda, 55, sabe bem o que foi entrar para o delivery e apesar do crescimento do serviço, ela ressalta que os clientes que são fiéis não abrem mão de frequentar a Oficina do Lanche. O empreendimento fica na calçada próximo da Praça Amazonas e há 25 anos é uma referência na cidade por causa do cachorro quente e das maioneses temperadas. “Começou com o meu marido, Ivan Braga de Miranda, que lançou vários sabores de maionese e aperfeiçoou a receita de cachorro quente. O x-leitão também é o carro-chefe do cardápio.
O empreendimento tem, hoje, 22 funcionários fixos. Começou como um sonho de Ivan que sempre gostou do hábito do paraense de comer na calçada, em uma experiência em que reúne a família ou amigos para comer. Telma comenta que tem clientes que se deslocam de Marituba, na Região Metropolitana de Belém, para lanchar na Oficina do Lanche. “É uma honra ser reconhecida e lembrada pelos moradores. Um sonho que não pode acabar”, acrescentou, ao citar que o espaço já foi pauta em revistas e jornais, que destacam o turismo gastronômico e a economia de Belém.
Ao mesmo tempo em que as vendas dos lanches de rua mantêm uma tradição do cachorro quente, elas vão elaborando novos sanduíches e ousando nas iguarias, tornando-as referência em determinados bairros. É o caso, por exemplo, do x-doidão, preparado pelo Gilson Amaral, 38. Ele começou como funcionário de carrinhos de lanche de rua e hoje é proprietário de duas dessas lanchonetes, a Gilson Lanches. “Comparados aos grandes cachorros quentes de Belém, ainda somos crianças. Temos oito anos no mercado, mas já temos um espaço consolidado no bairro do Jurunas”, diz.
O x-doidão leva todos os ingredientes dos demais sanduíches: frango, carne de hambúrguer, picadinho, calabresa, salada, ovo, queijo, presunto e vários outros itens. O lanche pesa 2,5 quilos e serve até seis pessoas. “Eu até brinco dizendo que se uma pessoa comer um deste sozinho, eu pago R$300”, desafiou.
“O lanche foi criado a pedido dos clientes que, além de gostarem dos lanches mais tradicionais, sugerem algumas misturas. Isso também faz parte do lanche de rua de Belém, ter no cardápio uns sanduíches sugeridos pelos clientes”, ressaltou. Gilson diz que, se permitir, o funcionamento da lanchonete vai até de manhã. “É da cultura dos clientes saírem da balada e vir lanchar aqui”,.
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