A interdição da ponte de Outeiro, em Belém, fez com que os moradores da ilha voltassem ao drama vivido antes de 1986, ano que a estrutura foi inaugurada pelo então governador Jader Barbalho. Antes da construção, moradores e frequentadores do distrito precisavam enfrentar ônibus lotados e travessias de balsas para chegar e sair da ilha. A inauguração da ponte, realizada com uma grande festa, foi a solução para a vida de milhares de moradores, que não contavam que iriam ficar sem a estrutura de um dia para o outro.
Governo disponibiliza navio para transporte a Outeiro
As imagens das balsas completamente lotadas de pessoas, com famílias e crianças chorando em meio a tanta aglomeração e outros riscos de acidente, impressionam e mostram também o quanto Outeiro cresceu demograficamente. Se antes do ano de inauguração da ponte a maioria das pessoas iam para a ilha a procura de lazer, atualmente o panorama mudou. São mais de 80 mil moradores e trabalhadores, que precisam chegar e sair do distrito diariamente e a todo momento. Com a interdição da estrutura, a rotina de transporte, que já era precária, mudou catastroficamente para pior, como era antes de 1986.
As embarcações disponibilizadas pelo poder público estão operando desde o dia 17. O quantitativo foi aumentado pelo governo paraense com mais lanchas e um navio nesta quarta-feira (19), mas a alta demanda, natural de um lugar com tantos trabalhadores e estudantes, faz com que os relatos continuem sendo de sofrimento para quem precisa se locomover na ilha.
Para os que moram na ilha desde o período anterior a construção da ponte, a interdição da via terrestre é uma oportunidade de mostrar aos mais jovens como era antes de 1986. "Sou da época que só tinha balsa pra Outeiro. Agora está igualzinho de novo", diz em tom de bom humor um morador, ao relembrar o período. Os relatos mais recentes, de quem precisa sair da ilha, não são tão divertidos como as memórias dos mais antigos.
“Estou revoltada e de coração partido de ver tanto sofrimento. Meu genro conseguiu chegar em casa 23h30, depois de sair às 17h do trabalho. Isso é um absurdo”, comenta Ana Maria Silva, moradora do Outeiro.
“Também vivi essa tribulação hoje. Tive que atravessar a ponte andando na ida e na minha volta pra casa enfrentei uma fila imensa para pegar a embarcação. Jesus, somos guerreiros mesmo, eu vejo que nós outeirenses somos uma população muito sofrida. Eu saio de casa às cinco da manhã pra trabalhar pra ver se não pego ônibus muito cheio, mas é difícil, não sei até quando vamos ser esquecidos, massacrados, amassados e atropelados uns pelos outros dentro de ônibus lotados, sujos, fedorentos, sem limpeza, e agora nem isso mais”, diz a moradora Socorro Ribeiro
DANOS
A Secretaria de Segurança Pública, Polícia Científica, Polícia Civil, Detran, Arcon, Secretaria de Estado de Transporte e Corpo de Bombeiros estão mobilizados para avaliar os danos causados na estrutura da ponte. Na manhã do acidente, na segunda-feira (17), o secretário Adler Silveira, da SETRAN, sobrevoou a área com o Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp).
Uma sala de situação foi montada pela SEGUP no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) envolvendo os órgãos de segurança, tanto do estado quanto do município, para gerenciar as atividades realizadas no local do acidente.
O Corpo de Bombeiros Militar do Pará e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, informam que equipes do Grupamento Marítimo, peritos e vistoriadores estão no local avaliando a situação juntamente com a Defesa Civil Municipal. O local continua isolado por medida de segurança.
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