Uma jovem que apresenta Transtorno do Espectro Autista (TEA) denuncia que uma academia de musculação localizada em um shopping de Belém se negou a matriculá-la. O caso aconteceu na última segunda-feira (14), quando a massoterapeuta Rosimeire Azeredo foi levar a filha para se matricular no local. O exercício físico é uma recomendação médica para a jovem Beatriz Azeredo.
A mãe relata que ao chegar na recepção da Selfit, a funcionária percebeu que sua filha possuía uma leve dificuldade na fala e perguntou se ela tinha algum problema. Rosimeire respondeu que Beatriz apresentava TEA em grau leve. O comportamento da recepcionista mudou imediatamente, relata a mãe.
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A gerente da Selfit exigiu então que Beatriz apresentasse um laudo médico informando sobre a condição. Mãe e filha retornaram no dia seguinte com o documento, no entanto, a gerente exigiu um outro laudo, confirmando que Beatriz não precisaria de um instrutor permanente durante as atividades no local.
“Ela disse que a academia não tinha condições de colocar um profissional exclusivo pra Beatriz, mas eu disse que ela não precisava. Ela já foi matriculada em outras academias, nunca fizeram isso. Mesmo que precisasse, por lei eles teriam que fornecer”, diz Rosimeire à reportagem, citando a Lei de Proteção aos Autistas, que, entre outros pontos, obriga estabelecimentos como academias a manter profissional capacitado para acompanhar pessoas com TEA.
Boletim de Ocorrência e Processo
Mãe e filha registraram um Boletim de Ocorrência e, com o apoio de uma ONG que auxilia autistas, deram entrada em um processo judicial contra a Selfit. Para Rosimeire e Beatriz, a academia dificultou a matrícula por preconceito.
“Sem dúvida que foi um caso de discriminação. Colocaram dificuldades dela se matricular por causa do autismo. Vamos em frente com o processo, porque as pessoas precisam aprender a trabalhar a inclusão, ao invés da exclusão. Precisam aprender que discriminação é crime”, diz.
OUTRO LADO
O DOL tentou contato por telefone com a academia Selfit. Por meio de nota, a empresa informou que "repudia qualquer tipo de atitude discriminatória e constrangedora, prestando a sua solidariedade pelo vivenciado por seus clientes, especialmente às clientes (mãe e filha)".
"No entanto, apuramos os fatos e esclarecemos ser um caso isolado, ocorrido por uma falha no atendimento operacional no ato da matrícula. Pedimos desculpas", continua a academia no comunicado.
A empresa afirma ainda que irá "todo o time da Selfit passará por novo treinamento junto ao Instituto do Autismo".
Veja a nota na íntegra.
"A Selfit Academias vem, por meio desta, esclarecer o caso ocorrido na última segunda-feira, dia 14/02/2022 com duas clientes, mãe e filha, em uma das Unidades de Belém/PA.
Primeiramente, cabe destacar que a companhia repudia qualquer tipo de atitude discriminatória e constrangedora, prestando a sua solidariedade pelo vivenciado por seus clientes, especialmente às clientes (mãe e filha).
Assim, reiteramos publicamente o compromisso de reforçar os nossos procedi- mentos internos com o intuito de aprimorar o atendimento, garantindo a melhor experiência para tod@s. E afirmamos que todo o time da Selfit passará por novo treinamento junto ao Instituto do Autismo (https://institutodoautismo.com/), centro de desenvolvimento motor e social para crianças e adolescentes com autismo, parceiro da Selfit, cuja uma das unidades é localizada junto à Academia Selfit.
Informamos, ainda, que o nosso CEO entrou em contato pessoalmente com a família para entender detalhes do caso e, de forma genuína, pedir desculpas, reforçar que a Selfit rechaça qualquer conduta discriminatória e reafirmar o seu compromisso institucional de inclusão de tod@s, já que sua história e cultura, tem como alicerce o respeito às diferenças.
Entendemos que a construção de uma sociedade justa é para tod@s. Esse é o compromisso da Selfit. Seguiremos fazendo a nossa parte!"