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INFRAESTRUTURA

Moradores de Ananindeua reclamam do abandono da prefeitura

Buracos, lama, sem macrodrenagem. O problema é observado até em lugares onde a prefeitura de Ananindeua anunciou obras milionárias. População diz que não há diálogo com a administração municipal.

Imagem ilustrativa da notícia Moradores de Ananindeua reclamam do abandono da prefeitura camera Cratera na Avenida Nonato Sanova tem atrapalho o trânsito e não há sinal de que a prefeitura vá resolver a situação tão cedo. | Wesley Rabelo

Quando o Instituto Trata Brasil divulgou, no último dia 22, a pesquisa Ranking de Saneamento 2022, em que aponta que Ananindeua permanece entre os municípios com os piores índices de Saneamento Básico do país, revelou uma realidade bem diferente do que se pode ver nas redes sociais da prefeitura. Os perfis costumam apresentar uma cidade limpa, onde se trabalha bastante para melhorar a qualidade de vida de seus 540.410 habitantes. No entanto, basta andar pelos bairros e conjuntos residenciais para constatar a situação de abandono pelo poder público.

No conjunto Cidade Nova, por exemplo, que até apresenta sinais de uma melhor infraestrutura urbana, os buracos e a lama tomam conta de diversas ruas. Na Avenida Nonato Sanova, exatamente no cruzamento com a Travessa WE 31, uma cratera no meio da pista põe em risco a segurança de motoristas e usuários do transporte coletivo. O problema foi sinalizado de forma improvisada pelos moradores, que colocaram paus e fita de isolamento para alertar quem dirige e passa por ali.

Na WE 68 da Cidade Nova 6, entre as SN 24 e 23, o asfalto sem manutenção deu espaço para buracos e lama. “Está assim desde o ano passado. Já pedimos para a prefeitura uma ação de tapa buraco, mas não fomos atendidos. A cada chuva essas crateras ficam mais profundas”, reclamou o comerciante Geraldo Melo, 65. “Estamos perdendo clientes, inclusive, que estão deixando de vir aqui porque quando chove a pista fica intrafegável”, acrescentou.

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Ananindeua sofre com falta de iluminação e saneamento

Ainda dentro do conjunto Cidade Nova 6, os problemas relacionados à falta de saneamento básico são muitos. Inclusive, um dos pontos mais críticos fica bem atrás da Unidade Básica de Saúde localizada na Travessa WE 80, bem ao lado da feira, que também está em situação precária. Ali, lixo, entulho e lama tomam conta de tudo. O odor é sentido à distância e prejudica até quem está à procura de atendimento médico.

A sujeira se espalha por uma área considerável, que corta as travessas WE 79, 78 e só não chega até a WE 77 porque um canal, sem nenhum tipo de infraestrutura, cerca este lixão a céu aberto.

“Já são quatro anos que passo por aqui e toda vez preciso desviar da sujeira e caminhar entre urubus e ratos. O lixo é recolhido, mas no dia seguinte o entulho está gigante de novo”, relatou o morador David de Deus, idade não divulgada, que caminhava pelo local.

“É uma coisa horrível que a prefeitura não dá um jeito definitivo. Não é só recolher a sujeira. É uma questão de dar uma nova ocupação a este terreno, com um uso compartilhado com a população”, sugeriu. “De manhã tem idosos que vêm ao posto de saúde e precisam, antes de chegar, caminhar por esta sujeira”, prosseguiu o morador.

CÁLCULO

O curioso é que ao lado do canal, bem próximo a tanta sujeira, existe um prédio alugado para a Secretaria Municipal de Saúde de Ananindeua. Quem trabalha lá convive com o mau cheiro do canal e do lixo. Este fato chama a atenção para uma realidade que o município não tem seguido: Para cada um real que se investe em saneamento, a prefeitura poderia economizar R$ 29,19 em serviços e benefícios sociais à população – incluindo Saúde. Este cálculo matemático foi feito pelas pesquisadoras Rafaella Lange e Juliana Almeida Dutra no estudo “Quanto vale cada real investido em saneamento no Brasil?”, que virou um livro lançado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes).

Asfaltamento não foi concluído ou ficou mal feito

Projetos de saneamento básico vão além do asfalto. É preciso vir acompanhado de sistemas de drenagem e de estações de tratamento de esgoto. E sobre isso os moradores do conjunto Nova Águas Lindas entendem bem. Segundo Almir Araújo, 57, há cerca de cinco meses a prefeitura começou a asfaltar algumas vias, porém o serviço não foi concluído.

A mãe dele, por exemplo, mora na Rua Minas Gerais, que na última sexta-feira (25) estava coberta por lama. A chuva da tarde resultou no alagamento com os quais a comunidade convive há anos. A água não tinha para onde escoar. “Para eu chegar na casa dela (da mãe), sem meter os pés no aguaceiro, tenho de vir de bicicleta, mas isso pelo menos duas horas depois de a chuva cessar. Na hora da chuva não tem condições nem de bicicleta”, comentou.

No início da via uma placa da prefeitura indica que as obras de pavimentação estão orçadas em 11,8 milhões de reais. “Mas já tem quase cinco meses que não fizeram mais nada. Nem máquina passa por aqui para dizer que estão trabalhando em algum ponto. Todo esse dinheiro, aí, se foi usado não foi em melhorias para a gente que mora aqui”, disse em relação ao valor do projeto.

“O prefeito esteve aqui quando a placa foi instalada. Montou o palco e só fez promessas”, disse Almir, que ainda sente esperanças de que os trabalhos sejam retomados. “Vivo há 30 anos esperando por isso”, desabafou.

SEM DRENAGEM

O conjunto Novas Águas Lindas fica no bairro de Águas Lindas, na área de responsabilidade e competência da prefeitura de Ananindeua. Lá, apenas a Rua Pernambuco foi asfaltada, mas sem um sistema de drenagem. O resultado é que os alagamentos continuam, só que numa pista asfaltada. “Na verdade, o que foi feito aqui foi que jogaram o asfalto sobre a lama. Sem terraplanagem, sem um sistema de esgoto. A água não tem para onde escoar”, disse Javé Neyre.

Ele mantém o projeto ‘Jóias do esporte’, que atende jovens da comunidade. “Quando chove não tem condições das nossas crianças e adolescentes virem aqui. A rua vira um rio. Estamos na Pernambuco, que está asfaltada e alagada. Também estamos cercados por ruas que nunca receberam um trator sequer. Vocês passaram pela Rua Minas Gerais que está ruim, e se forem na Curitiba e Sergipe é pior ainda. O carro de vocês (da imprensa) não vai entrar. Não entra nem viaturas da polícia, muito menos ambulância”, reclamou.

Javé critica a falta de comunicação da prefeitura para com a população. “Não temos diálogo e nem espaço para isso. Temos um gestor que não tem experiência e não nos dá espaço para conversar e construir uma cidade melhor. Ele começou o projeto aqui sem audiência pública, sem ouvir os nossos anseios. Sabíamos, desde o início, que o saneamento daqui não ia ser resolvido apenas com asfalto. Precisamos de tudo”, pediu o morador.

A reportagem solicitou um posicionamento da prefeitura de Ananindeua, mas até o fechamento desta edição não houve resposta.

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