Hobby é qualquer tipo de atividade na qual o ser humano é capaz de gastar horas se dedicando por prazer e lazer. Para muitos, é terapia. Pode ser uma distração intelectual, um esporte, uma atividade manual, entre outras inúmeras possibilidades. Existem pessoas que vão além: conseguem visualizar uma oportunidade de renda com aquele hobby que amam. Mas, como todo empreendimento, é necessário fazer o dever de casa e bem feito: afinal, empreender exige criar um planejamento estratégico.
Esse passo a passo da construção de um negócio é o que vai apontar se aquele hobby pode virar uma atividade comercial e, de fato, ser lucrativa, conforme explica o gerente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) na Região Metropolitana de Belém, Miguel Pantoja. O primeiro passo é fazer uma pesquisa de mercado. Ou seja, buscar informações sobre o serviço/produto, saber quem são os fornecedores, os concorrentes e os clientes. Isso inclui analisar os custos para desenvolver a atividade e os valores de mercado para a comercialização.
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“É muito importante buscar orientação com pessoas que já fazem esse tipo de negócio e com instituições como o Sebrae ou profissionais liberais. Nessa busca, a pessoa pode identificar o que pode dar certo ou não. E com isso, evita perder tempo e dinheiro. E, às vezes, aquela ideia inicial pode ser ampliada e melhorada. No Sebrae, por exemplo, os analistas darão dicas de melhorias para a oferta desse produto”, pontua o especialista.
EXPERIÊNCIA
O passo seguinte do planejamento é a modelagem do negócio, que consiste em oferecer uma degustação do produto/serviço com o qual você pretende trabalhar, para avaliar o feedback das pessoas. A modelagem é o termômetro que vai indicar se o produto vai ser aceito, quem são os clientes e como deve ser a divulgação. “No final da modelagem, a pessoa consegue verificar se aquilo pode ser um negócio ou não. A pessoa precisa fazer primeiro uma experiência antes de lançar o serviço no mercado para saber se vai ser aceito. Outra atenção que a pessoa deve ter é de como apresentar o hobby de forma que chame atenção, pensar desde a embalagem, entrega, se a loja vai ter ponto físico ou será virtual. São vários aspectos”, destaca o gerente do Sebrae.
NECESSIDADE
A bicicleta nem sempre foi um hobby para o professor de educação física e microempresário Artur Lopes, 24 anos. Na verdade, foi por necessidade que ele transformou a bicicleta no seu meio de transporte para fazer o trajeto casa/faculdade. Segundo ele, não havia linhas de ônibus com esse itinerário. Então, Artur passou a sair de sua residência, no conjunto 40 Horas, em Ananindeua, pedalando até à faculdade, situada no conjunto Cidade Nova 8. Ele teve de vencer o medo e entender como funcionava a rotina do ciclista no trânsito. Depois de se familiarizar e passar a gostar de se locomover de bicicleta, Arthur passou a percorrer destinos mais longínquos e hoje é um ativista do ciclismo.
E, a partir desse contato, Artur percebeu a necessidade de realizar constantes manutenções na bicicleta, a exemplo da troca de peças, percebendo que precisava ter peças reservas para atender imprevistos durante trajetos mais longos. “As pessoas começaram a me procurar para tirar dúvidas sobre qual bicicleta podiam comprar, pediam para dar uma olhada quando a bicicleta estava com algum problema, porque elas acabam procurando quem elas conhecem e confiam. Passei a estudar para poder entender e comecei a ajudar, comprava peças para amigos, fazia pequenos serviços”, disse.
Hoje Artur se divide entre dar aulas de educação física e os serviços da sua microempresa, que se tornou a sua principal fonte de renda e recebeu o nome de “Anarciclismo”. Ele divulga os serviços pelas redes sociais. O foco maior não é a manutenção das bikes, mas sim ajudar pessoas que precisam de orientação para comprar um equipamento, além de prestar consultoria personalizada para pessoas que querem começar a pedalar pela cidade, para que elas possam fazer isso em segurança. “Tem muita gente iniciando e a pessoa fica receosa de comprar uma bicicleta errada. Às vezes, é linda, mas não é confortável. Tem de se adaptar a pessoa, são muitos biotipos diferentes. Então, ajudo a comprar, altero a altura do guidão, tamanho do banco. Hoje em dia faço bastante consultoria, levo a pessoa para andar e vou ensinando o percurso, mostro o que é a ciclovia, quais locais é melhor evitar e etc. Quando você sai para um passeio é muito diferente de sair sozinho”, frisa.
Primeiro “empurrão” é sempre necessário
Quem já teve a oportunidade de conferir o trabalho da cantora paraense Karina Brito, 26, seja ao vivo em seus shows ou pelos vídeos publicados em suas redes sociais, não imagina que há pouco mais de quatro anos ela sequer cogitava estar se apresentando nos palcos da capital paraense, apesar de desde cedo nutrir um amor pela música. A artista sempre cantou por hobby, em casa. Mas, certo dia, ela resolveu dar uma palinha em uma festa de aniversário e foi observada por um amigo, que tinha uma banda e precisava de uma mulher no vocal. Dias depois, ela recebeu o convite e aceitou.
Na época, Karina trabalhava de carteira assinada no setor de marketing de uma empresa. À medida que a agenda de shows foi aumentando, ela resolveu sair do emprego para se dedicar integralmente à música. E não se arrependeu. “Era um hobby, gostava de cantar, mas tinha vergonha. Fiz meu primeiro show em 2018. Lembro que quando subi no palco pensei: ‘se eu soubesse que ia gostar tanto de fazer isso teria feito há mais tempo’. Em 2019 sai da banda e comecei a investir em carreira solo, cantando nas noites de Belém, fazendo eventos em bares”, recorda. “Meu estilo musical é a música paraense e a vertente principal é o brega. O canto é algo meu, porque até então não tinha ninguém na minha família que cantasse”, disse.
Casada e com um bebê de sete meses, Karina está retomando a rotina de shows e agora quer avançar na carreira produzindo as suas primeiras composições autorais. “Quando comecei ganhava o cachê de vocalista e eu fazia isso todo fim de semana. Vi o quanto eu gostava e podia fazer mais. Comecei a investir nas redes sociais, produzindo vídeos cantando, entrando em contato com casas de shows e mostrando meu trabalho. A partir disso as oportunidades foram surgindo. Recentemente tive um filho, que foi um gás maior que eu precisava. As pessoas têm que conhecer o seu trabalho, invista nisso sem medo de julgamentos”, afirmou.
Impulso nas redes sociais
Já a dentista Lylyan Prado, 45, sempre foi apaixonada por artesanato. Ela produzia peças de decoração variadas para uso próprio e para presentear. Mas, chegou um momento em que o espaço que reservava para as peças dentro de casa já não comportava a quantidade de objetos. Foi, então, que o esposo da artesã deu a ideia de começar a divulgar esse trabalho pelas redes sociais. Desde 2013, Lylyan passou a comercializar as suas peças, a maioria sob encomenda. E hoje o principal trabalho são os terços personalizados, incluindo para eventos como batizados e casamentos.
“Sempre gostei de trabalhos manuais e acho que a minha profissão também não deixa de ser artesã, da arte de fazer sorrir, né? Então, tenho muita habilidade manual. Muitas coisas aprendi com pesquisa mesmo. Quando comecei a fazer os terços, em 2017, ninguém fazia. Hoje em dia é um boom. Fui atrás dos materiais, viajava de ponta a ponta indo atrás de fornecedores. E, assim, foi uma paixão louca, tinha sede de fazer um, dois, três, porque fluíam ideias na minha cabeça e eu ficava até 8h da manhã trabalhando”, informou ela, que comercializa terços no valor de menos de R$ 10,00 até R$ 380,00.
Hoje Lylyan tem dois perfis comerciais no Instagram separados para anunciar os trabalhos, sendo um só para as peças de decoração, o Ateliê Tulip, e o outro para os terços, que ela nomeou de Terços Deluxe. “Resolvi criar uma marca e colocar lá as peças para a venda. Fiquei muito feliz, porque na época eu conseguia vender as peças e ter novas oportunidades para fazer outras artes. E presenteava também. Hoje em dia faz parte da minha da renda, então, isso me traz uma alegria muito grande. Quando você está ali concentrado, você desconecta dos problemas totalmente. Até os médicos indicam um trabalho manual. É uma terapia”, sustentou.
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