A data é 21 de março desse ano. Syelle de Paula visitou a clínica universitária de odontologia da Unama para um trabalho de restauração. Aquela não era a primeira vez que buscava o serviço: primeiro dada as condições financeiras, pois era acessível ao seu bolso; segundo: pelo atendimento dos acadêmicos que muito a agradavam. Aquela não era a primeira vez, mas depois do que aconteceu poderia muito bem ser sua última.
“Já havia ido outras vezes e tudo certo. Estava ciente de que era um ambiente acadêmico onde os alunos realizavam os procedimentos. Fui lá, fiz meu procedimento tudo certinho com as estudantes (que foram um amorzinho), até que uma delas chamou a professora para verificar se tudo tudo ok. Ela [a professora] alegou que havia algo errado e disse que iria demonstrar como fazia. Nisso, ela enfiou a mão na minha boca, forçando completamente minha mandíbula até que estalou e deslocou”, narra Syelle, no seu relato inicialmente feito nas redes sociais.
A jovem ressaltou que, sem suportar as dores e com a boca travada, precisou impedir que a professora continuasse com o que estava fazendo. “Não aguentei e pedi para parar. Relatei que estava sentindo muita dor e que ela havia me machucado. E aí, pasmem, a dentista não me prestou socorro ou sequer pediu desculpas. Ao contrário, disse que eu tinha um problema e que deveria buscar um especialista. Ela foi embora e me deixou lá com a boca travada e cheia de algodão”, disse.
Veja o relato de Syelle no Twitter:
DENÚNCIA / EXPOSED
— Má Influencer (@Syelledpaula) April 16, 2022
Vou relatar aqui pra vcs o caso de como fui ao dentista pra fazer uma simples restauração e voltei com a mandíbula deslocada.
Segue o fio.
A vida mudou (para pior)
Ao DOL, a jovem professora desabafou sobre os gastos que tem sido obrigada a arcar desde o procedimento invasivo.
“Tive que buscar por fora outros especialistas, enquanto não inicio o tratamento adequado, eu tô tendo que me readaptar”, explica. “Minha alimentação faço em porções pequenas, falo articulando menos a boca, evito bocejar, entre outras coisas simples que, pra mim, estão sendo reconfiguradas”.
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Syelle precisa também lidar com as dores constantes que não sentia antes do ocorrido. “Todo dia eu acordo com dor de cabeça e dor nos ouvidos. Antes do ocorrido, minha mandíbula abria e fechava normal, não tinha nada disso de estalar, de sair do lugar. Eu não sentia nada!”, ressalta. “Eu tô tomando remédio para dores e aguardando até que eu consiga fazer todos os exames e saber se preciso de cirurgia”, explica.
Sem respostas
Além da qualidade de vida comprometida, Syelle alega que a Unama, depois de procurada, não se responsabilizou pelo caso. Um cirurgião teria sido acionado pela instituição para analisar o caso, mas se limitou apenas a dar alta à jovem, justificando que a universidade nada poderia fazer. Ele a encaminhou para o SUS (Sistema Único de Saúde) para que tentasse conseguir uma consulta com um especialista da área, mas que atende de 15 em 15 dias, o que, até o momento, não obteve sucesso.
“Eu tentei recorrer muito por conta própria, não deu em nada. Busquei um advogado particular, mas infelizmente não tenho como pagar, até porque eu tenho que pagar o meu tratamento. Tenho vários exames bem caros para fazer”, relata.
Por conta da publicação, que ganhou exposição nas últimas horas da sexta-feira (15), Syelle, que a cada dia que passa sente que sua boca abre menos, conseguiu um atendimento com uma advogada, que se interessou pelo caso. Ela espera, agora, que seja reparada pelos danos provocados e tenha de volta a mesma qualidade de vida de antes.
Posicionamento
O DOL procurou a Unama e aguarda um posicionamento sobre o caso.
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