Neste fim de semana, após 7 dias de operações, o navio MV Liberator zarpou do Porto de Belém transportando 40 mil toras de teca com destino ao porto de Kandla, na Índia. A viagem está prevista para durar 40 dias. A madeira foi produzida pela pela Teak Resources Company (TRC). A operação portuária é do Grupo Atlântica Matapi.
“A TRC manifestou as dificuldades que encontrou para a exportação. A gente conseguiu colocar uma solução logística que agradou, fechou a conta. O desafio é grande, mas acho que com planejamento e contrato de longo prazo, a tendência é equalizar e trazer uma posição muito favorável a todos nós”, comentou Tiago Pinto, vice-presidente do grupo.
Ao todo, foram 15.200 toneladas de madeira. Foi a primeira vez, no Brasil, que aconteceu uma operação de embarque de toras de teca em navio break bulk (carga fracionada). O navio break bulk costuma ser utilizado no transporte de cargas em sacos, caixas, engradados, tambores, barris, e pouco perecíveis. Além disso, atende a demanda de transporte de vários clientes com o objetivo de "rachar" o frete. A solução para receber toras de madeira vem justamente no momento em que o setor logístico enfrenta os desafios impostos pela pandemia, que resultaram em escassez de contêineres com o reaquecimento da economia global. Antes, cargas de madeira eram exportadas em contêineres por Vila do Conde, em Barcarena. André Gonçalves, consultor da RA Comex Trading, afirma que é um fluxo que nunca havia acontecido no Pará. "A gente conseguir, de forma pioneira, efetivar isso dentro do nosso Estado, dentro da nossa cidade, aonde o porto não estava mais sendo trabalhado, é realmente um projeto que abre portas e mostra que o Porto de Belém ainda tem condições de trabalhar e de abrigar muito o movimento de carga", comentou.
Segundo a Companhia Docas do Pará, que administra a instalação portuária, o primeiro trecho do porto foi inaugurando em 1909, com 120 metros de cais e um armazém com dimensões 20x100 metros. As atividades voltadas para o descarregamento de mercadorias para atender ao mercado consumidor local, sendo que, em 1915, a movimentação geral de importação participou com mais de 60% do total. Naquela época predominava na exportação a borracha nativa, produzida em larga escala no norte do Brasil. Desde 1970, porto passou a ser exportador e, atualmente, predomina a carga geral conteinerizada e granal sólido, como trigo a granel. De janeiro a maio de 2022, o porto movimentou apenas 44,4 mil toneladas de carga. Enquanto isso, os portos de Vila do Conte e Santarém, movimentaram, no mesmo período, de 3,3 e 5,1 milhões de toneladas, respectivamente. Alumina, bauxita e soja são as comodities que mais contribuíram para os resultados.
Para o exportador madeireiro, a solução logística encontrada é fundamental para o escoamento da produção de teca produzia no Pará. O diretor executivo da TRC, Sylvio Coutinho, veio de São Paulo para acompanhar os últimos dias de operação no porto da capital paraense. "Os produtos brasileiros, no nosso caso, a teca brasileira, está competindo lá fora com produção de outros países. Então, nesse cenário de competição global, para a gente conseguir ganhar esse jogo lá, precisa ter com custos baixos e trabalhar junto, buscando eficiência na cadeia e logística. Da porteira pra fora, tem muita coisa pra melhorar e dá pra ver que dá pra chegar lá", destacou Coutinho.
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