Ao contrário dos filmes de ficção, mitos e histórias em quadrinhos, os heróis da vida real não precisam de capas ou superpoderes para ajudarem a salvar a vida de quem precisa.
A tragédia da última quinta-feira (08), por exemplo, onde uma embarcação com mais de 80 tripulantes naufragou nas proximidades da Ilha de Cotijuba, distrito de Belém, que causou tristeza e comoção não só no Pará, como em todo país, só não foi pior, graças ao ato heroico do pescador José Cardoso Lemos, de 49 anos, conhecido como “Zezinho”. Ele foi um dos voluntários que ajudou a salvar a vida de cerca de 50 ocupantes da lancha Dona Lourdes II, tragédia que vitimou 18 pessoas até o momento.
Sobe para 18 o número de mortos no naufrágio em Cotijuba
No momento do naufrágio, Zezinho estava junto com o filho e o sobrinho quando prestou o apoio aos sobreviventes. Além dos tripulantes, o pescador não sabia que também ajudou a resgatar o responsável pela embarcação, que fugiu logo após ser socorrido.
Em entrevista ao DOL, emocionado, Zezinho relembrou o momento em que se deparou com a tragédia e precisou agir com força e coragem para salvar a vida de muitas pessoas. “Saímos para pescar. Estava eu, meu filho e meu sobrinho. A gente estava em uma embarcação que não é tão grande, e saindo para linhar o material de pesca, nos deparamos com a tragédia no meio do rio. Muita gente pedindo socorro. Ficamos abismados com a situação, aquela cena que eu nunca tinha visto na vida. E começamos a socorrer o povo, mais ou menos umas 40 a 50 pessoas. Trouxemos de duas vezes, indo e voltando. Na terceira vez, foi só corpos que encontramos. Eram aproximadamente sete e trouxemos aqui para beira da praia”, relatou.
Ele ainda seguiu dizendo que ficou emocionado de ter ajudado aquelas pessoas que estavam se afogando. Além disso, ainda lamentou que não pôde ajudar mais, porque o barco não aguentava.
Além dos passageiros, o pescador Zezinho também ajudou a salvar a vida do responsável pela embarcação que, segundo o pescador, fugiu logo em seguida.
“Quando estávamos socorrendo, ele e a esposa, foram os primeiros a subir no barco. Ele disse que estava passando mal e queria ir para a beira para registrar um boletim de ocorrência do acidente, avisar a polícia e o corpo de bombeiros".
O pescador lembra que acreditava que o homem resgatado era apenas o comandante da lancha, mas foi informado que o homem que havia resgatado era um dos donos do barco e que havia sumido.
"Eu fiquei em estado de choque dele ter feito isso, ter desaparecido sem prestar socorro a todos que estavam precisando ali", desabafou.
Até a publicação desta matéria, o responsável pela embarcação ainda não havia sido encontrado pela polícia.
O dono da embarcação, que estava irregular segundo a Arcon, foi identificado como Marcos de Souza Oliveira, de 34 anos. Ele deve responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar.
Antes da tragédia acontecer, Marcos tinha sido notificado pelos órgãos responsáveis, mas ele recorria a outras embarcações para continuar realizando as travessias.
No entanto, segundo o advogado que está à frente do caso de Marcos de Souza Oliveira, ao perceber que o navio ia afundar, ele procurou fazer o possível dentro de suas possibilidades.
"Ele é habilitado, é um contra mestre. Soltou as boias e avisou para as pessoas se posicionarem, se colocarem no colete salva vida, mas só que houve um pânico", contou.
Segundo o advogado, Marcos deve se apresentar em breve à polícia .
Confira a entrevista completa com o Paulo Magno, da RBATV:
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