Uma semana após a derrota do presidente da República Jair Bolsonaro (PL) nas eleições, um grupo de manifestantes com pautas antidemocráticas continua acampado em frente ao 2º Batalhão de Infantaria de Selva, na avenida Almirante Barroso, no bairro do Souza, em Belém.
Os manifestantes pedem às forças armadas intervenção militar e denunciam suposta fraude nas eleições que decretaram a derrota de Bolsonaro e a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao comando do país, através do voto. O ato golpista levanta teses de eventual fraude nas urnas eletrônicas, sem comprovação.
Golpistas exibem faixa em inglês pedindo intervenção militar
Na manhã deste domingo (6), os manifestantes, em número de aproximadamente 50 pessoas, se espalharam pela calçada do quartel do Exército e na ciclovia da Almirante Barroso. A principal via de Belém segue com fluxo normal de veículos, porém, o pedestre ou ciclista que deseja se locomover neste trecho da avenida deve procurar outras rotas, já que os espaços foram ocupados por tendas e barracas de camping. A reportagem do DIÁRIO esteve nesta manhã no local e constatou a presença de crianças e até de cachorros levados por pais e tutores, respectivamente, à manifestação.
FAIXAS EM INGLÊS
Já durante a tarde, os manifestos pró-Bolsonaro continuaram, mesmo com o tempo nublado. A Polícia Militar do Pará acompanhou a manifestação. E diante do volume de veículos, equipes da Semob também foram deslocadas para o local. De tempos em tempos, os golpistas fazem vídeos e transmissões ao vivo pelas redes sociais para chamar os amigos a comparecerem.
Com o decorrer da tarde, mais pessoas e inclusive crianças levadas por pais e tutores chegavam pela calçada do quartel do Exército e na ciclovia da Almirante Barroso, com barracas e cadeiras de apoio, vendedores ambulantes e faixas de toda ordem espalhadas, como uma colocada em uma passarela com os dizeres “S.O.S Military Forces Save Brazil”, com isso, um engarrafamento foi se formando no sentido de São Brás.
A Constituição Federal estabelece que é livre a manifestação do pensamento. A liberdade de expressão, porém, não é um direito absoluto e não protege discursos que ferem a legislação e atacam o próprio Estado. “Quando a manifestação passa a atingir algo que é considerado ilícito, o próprio Poder Judiciário vai criar as balizas e permitir essa manifestação ou não. A apologia ao nazismo e à intervenção militar violam bens jurídicos que são tutelados pelo Estado e que devem ser preservados”, diz Alexandre Wunderlich, professor de direito penal da PUC-RS e autor do livro “Crime Político, Segurança Nacional e Terrorismo”, em entrevista à Folha de S. Paulo, dada nos últimos dias.
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