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HISTÓRIA EMOCIONANTE

"Irmãos de rins" planejam realizar seus sonhos após doação

Dois meninos pacientes da Santa Casa de Misericórdia do Pará podem voltar a sonhar depois de receberem transpalntes de rim do mesmo doador. Conheça a emocionante história dos dois

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Imagem ilustrativa da notícia "Irmãos de rins" planejam realizar seus sonhos após doação camera Freepik

O sorriso de Leandro Rodrigues Alves, de 15 anos, traduz a alegria de começar um novo ano e uma vida nova. Depois de passar cinco anos de sua jovem vida preso à máquina de hemodiálise, ele, que desde 2021 aguardava no início da fila por um transplante de rim, finalmente conseguiu um órgão compatível e foi transplantado no dia 17 de dezembro de 2022 na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará ( FSCMP). Agora, prestes a receber alta, Leandro quer viver a vida de um adolescente sem tantas limitações.

"O transplante foi uma coisa muito boa pra mim. Agora eu posso beber água, vou poder ter mais liberdade, porque antes eu tinha que fazer hemodiálise todos os dias e não podia passear. Quero realizar o meu sonho de viajar, quando eu estiver melhor; e na escola eu vou poder fazer aula de educação física junto com os meus colegas. Então vai ser muito melhor pra mim", planeja o menino, que apesar do tratamento rigoroso, se manteve na escola e hoje cursa o primeiro ano do ensino médio.

Para Risalva Maciel, mãe de Leandro, o transplante foi uma grande vitória na vida do adolescente, que teve o diagnóstico de insuficiência renal em 2014, quando ainda era criança.

"O Leandro tinha 7 anos e começou a sentir uma sede que não acabava, bebia muita água e depois começou a ficar inchado. Então fomos encaminhados para a Santa Casa. No início, ele tratava com medicamentos, mas em 2017, recebemos a notícia de que a solução para o problema dele só viria com o transplante", lembra Risalva que aguarda ansiosa pela alta de Leandro.

Leandro com a mãe, Risalva.
📷 Leandro com a mãe, Risalva. |Divulgação

Quem também está ansioso por uma vida nova é João Pedro Silva, de 7 aninhos, que acaba de receber alta. Irmão de rim de Leandro, pois recebeu o órgão do mesmo doador, o menino começou a apresentar sinais de que seus rins não funcionavam aos 2 anos de idade, lembra a avó dele, Rosimeire Silva.

"Foi tudo muito rápido, ele sentia muita sede, ficou inchadinho e começou a sentir dores. Não sabíamos o que era, até que fomos encaminhados para o hospital regional de Marabá e ele recebeu o diagnóstico. Depois foi encaminhado para a Santa Casa para fazer hemodiálise", conta a avó.

Do diagnóstico até o transplante foram 4 anos. Por ter começado o tratamento muito cedo, o menino não estranha a rotina hospitalar, mas , agora que recebeu alta, já sonha com a liberação médica para experimentar alguns dos prazeres da infância fora do hospital.

"Eu quero tomar banho de piscina, de praia. também quero comer coxinha no shopping e brincar com os meus irmãos", conta animado, enquanto exibe o boneco feito por ele mesmo e que garantiu os momentos de brincadeira, enquanto esperava a alta.

Para a nefrologista pediátrica Thaís Serra, que acompanha os dois meninos desde que fizeram o transplante, a cada dia eles vem apresentando melhoras Mesmo assim, Leandro ainda precisa ficar internado e João, que está de alta, terá a saúde monitorada bem de perto por algum tempo.

"Nesse pós operatório a gente precisa ficar muito vigilante para saber como o paciente vai evoluir. Os primeiros três meses são cruciais e no caso do João, a perspectiva é que ainda melhore um pouco mais a creatinina, talvez ainda precise de alguns medicamentos, e o acompanhamento ambulatorial será semanal durante esse período."

Quanto ao sonho dos dois de viverem aventuras e experimentarem novos sabores, hoje proibidos, a médica garante que depois de totalmente recuperados do transplante, eles vão poder fazer quase tudo, mas com moderação.

"O melhor tratamento de um paciente renal crônico que vai para a diálise é o transplante. Principalmente para a criança, que precisa crescer e pra isso comer bem e precisa beber bem água, pois o transplante proporciona a esse paciente uma vida quase normal. Mas é claro que é preciso se manter os cuidados para não expor o paciente ao risco de infecções, sejam elas respiratórias ou mesmo alimentares e pra isso é preciso ter muita atenção ao que ele vai ingerir", afirma a médica.

A nefrologista pediátrica também reforça que durante os primeiros três meses pós transplante, esse acompanhamento é semanal, com orientações claras direcionadas à família e ao paciente. "Nesse primeiro momento, a gente pede que ele não coma alimentos feitos fora de casa, que tenha cuidado com as frituras e aí depois dos três meses, quando ele estiver bem estável, a gente começa a liberar mais a dieta do paciente. Então, de vez em quando, ele vai poder comer a coxinha dele, o pão com queijo e presunto, desde que isso não vire uma rotina pra ele, nem pra qualquer outra criança, pois esses alimentos embutidos e processados fazem mal pra qualquer um, por isso o seu consumo só pode ser eventual", explica Thaís Serra.

Outras atividades, como tomar banho de piscina, mar ou igarapé, e até o banho de chuveiro, também vão estar ao alcance dos pacientes depois dos três meses da alta do hospital, quando eles estiverem estáveis e já puder ser feita a retirada do cateter usado na hemodiálise.

Sinais de alerta e causas da insuficiência renal crônica em crianças

O inchaço, o excesso de sede, além de dor ou dificuldade para urinar, são alguns dos sintomas comuns das insuficiência renal em crianças. O inchaço pode ser por todo o corpo, mas também localizado no rosto, pálpebras, mãos, pés, braços e pernas.

Vômitos, anemias de difícil tratamento, pressão alta, infecções urinárias repetitivas e até atraso no desenvolvimento e crescimento da criança também podem ser sinais de alerta para a doença.

Por isso, a família deve procurar atendimento médico quando um ou mais desses sintomas susurgem, para que seja feito o correto diagnóstico e início mais rápido do tratamento.

Entre as causas da insuficiência renal crônica em crianças estão as malformações congênitas do trato urinário, que podem ter origem em fatores genéticos, infecciosos ou ambientais; as doenças hereditárias; e as glomerulopatias, doenças que afetam os glomérulos renais, que são as estruturas responsáveis pela filtração do sangue e produção de urina.

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