Neste ano de 2023 o famoso “tijolão”, primeiro de seu tipo a ser criado, completa 50 anos. Desenvolvido e apresentado no início da década de 70, o aparelho era completamente diferente do que se entende hoje por telefone celular. Inventado por Martin Cooper, ex-engenheiro da Motorola, e denominado DynaTAC 8000x, pesava mais de 1 kg, tinha apenas botões físicos, se assemelhava a um telefone sem fio, tinha a única funcionalidade de receber e realizar ligações. E custava caríssimo: quase R$ 25 mil. De lá pra cá, o equipamento foi praticamente reinventado, e substituiu dezenas de outros objetos do dia a dia, desde relógio e calculadora, até mesmo ao cartão de credito/débito e ao próprio computador.
O diretor da Faculdade de Engenharia da Computação e Telecomunicações (FCT) do Instituto de Tecnologia (Itec) da Universidade Federal do Pará (UFPA), Leonardo Lira Ramalho, confirma que quando de sua criação, o telefone celular foi inicialmente utilizado mesmo somente para comunicação de voz. No entanto, desde a sua criação até hoje, o aparelho e as tecnologias de comunicação evoluíram consideravelmente.
"Tijolão" de 1,4 kg deu início à era do telefone celular
Na década de 90, além de permitir a comunicação por voz, os telefones e as redes celulares também permitiram a transmissão de texto via SMS (Short Message/Messaging Service), que em português significa serviço de mensagens curtas, uma febre que durou muito tempo até a chegada dos aplicativos de mensagens instantâneas - como o WhatsApp e o Telegram, por exemplo.
“Nos últimos 30 anos, o celular evoluiu muito, permitindo que os usuários tivessem na palma da mão, agenda telefônica, calculadora, jogos eletrônicos, câmera fotográfica, navegador web, editor texto, editor de planilhas, mapas, carteira digital e uma infinidade de outros aplicativos para diversas funções, como pedir comida para chegar em sua casa até realizar transações financeiras ou monitorar sua saúde”, elenca Leonardo, que é graduado em Engenharia da Computação e tem doutorado em Energia Elétrica, também pela UFPA.
CONTÍNUA
Toda a evolução da utilização do telefone foi realizada de maneira contínua, ou seja, os aprimoramentos foram realizados gradualmente com funcionalidades sendo aprimoradas ou novas adicionadas às que já existiam. Porém, é claro que algumas tecnologias quando surgiram foram mais notórias que outras.
Tais evoluções ocorreram principalmente por duas razões: aprimoramento das tecnologias de transmissão de dados e a própria evolução dos telefones. “O aprimoramento das tecnologias para transmissão de dados é importante, pois viabiliza que o telefone possa trocar dados de maneira mais rápida e forneça uma melhor qualidade de experiência para o usuário quando alguma comunicação de dados ou voz é necessária.
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Já o avanço dos telefones ocorreu principalmente pelos avanços em microeletrônica, o que permitiu aumentar o poder computacional dos telefones e assim aumentar a quantidade de funcionalidade do aparelho”, detalha ele, que é também pesquisador no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, Automação e Eletrônica (Lasse) e no Inesc P&D Brasil.
TEMPO
Leonardo Ramalho lembra que somente na década de 80 surgiu a primeira geração (1G) de telefonia celular devidamente popularizada. Inicialmente o telefone celular era utilizado apenas para comunicação de voz, trazendo algo inédito para época de seu lançamento, que era poder realizar ligações de diferentes locais com um mesmo aparelho. Essa primeira geração de telefonia celular transmitia a voz dos usuários de maneira analógica, o que tornava o serviço muito propenso a interferência e ruído.
Mesmo assim, o lançamento da tecnologia naquela época foi fundamental, pois pavimentou uma área tecnológica que possibilitou o surgimento de vários serviços que utilizamos hoje em dia, tais como comunicação móvel, troca de mensagens instantâneas, acesso a serviços bancários de qualquer lugar, serviços de entrega, dentre vários outros que só são possíveis graças ao telefone celular.
A segunda geração (2G) de telefonia celular avançou no início da década de 90 para transmitir nossa voz de maneira digital e também permitir a transmissão de SMS. Dessa maneira, a qualidade do serviço de comunicação melhorou consideravelmente, além de permitir um novo serviço, que era a troca de mensagens de texto por SMS.
“Nessa época houve um avanço em outras tecnologias, de maneira que tornou mais popular os aparelhos celulares e possibilitou que os mesmos tivessem outras funcionalidades além de apenas realizar ligações, tais como calculadora, agenda de contatos, rádio e jogos”, pontua o pesquisador.
No início dos anos 2000 vem a terceira geração (3G) de telefonia celular, quando além de ligações e SMS, foi possível também ter alguma conexão de dados móveis e acesso a internet no celular. “Os aparelhos celulares também evoluíram, ganhando novas funcionalidades. Passou a ser possível navegar em páginas web, registrar momentos com fotos ou controlar outros equipamentos através do bluetooth”, cita.
A quarta geração (4G) de telefonia móvel foi padronizada em 2008 e sua popularização ocorreu ao longo da década de 2010. Nessa época, os telefones celulares avançaram ainda mais, e os chamados “smartphones” começaram a se popularizar. Houve grande avanço na qualidade do sinal e velocidade de acesso de dados, bem como aprimoramento considerável no aparelho celular.
Nos últimos dez anos os telefones foram utilizados cada vez mais como verdadeiros computadores portáteis, com sistema operacional e diversos aplicativos disponíveis na palma da mão. “Com o 4G e os smartphones que foram desenvolvidos concomitantemente, tornou-se mais comum usar o celular para várias outras atividades, como navegar pela internet, estudar, assistir vídeos, escutar música, interagir com outras pessoas pelas redes sociais ou por aplicativos de mensagens instantâneas, solicitar transporte, pedir comida, realizar transações financeiras e utilizar vários outros aplicativos”, aponta Leonardo.
O diretor da FCT/UFPA vê no atual momento a padronização da quinta geração (5G) de telefonia móvel , que continuou melhorando a qualidade de experiência do usuário com maiores velocidades de transmissão de dados, além de outras funcionalidades para além da comunicação de telefonia móvel que as pessoas estão acostumadas a utilizar.
Da mesma maneira, os smartphones foram se aperfeiçoando cada vez mais, ganhando mais poder computacional e capacidade de executar mais coisas. Hoje já é possível substituir computadores pessoais por aparelhos de celular para realizar diversas atividades de trabalho ou estudo. Com o celular, é possível editar textos, planilhas, apresentações, ler livros, participar de reuniões online, editar fotos, vídeos e várias outras atividades, graças ao poder computacional dos aparelhos e aos diversos aplicativos que não param de ser lançados.
“O telefone celular é cada vez mais essencial na nossa vida. Até mesmo a antiga carteira física está aos poucos sendo substituída pelos smartphones, pois neles podemos carregar documentos digitais, incluindo habilitação, usar cartão de crédito ou débito, realizar pagamentos instantâneos com PIX e ter uma identificação digital por aplicativos. O número de funções irá ser ainda maior, além das que já foram implementadas nos últimos 50 anos”, finaliza Leonardo.
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