A demanda por açaí tem aumentado massivamente nos últimos anos. O fruto, que originário da região norte do Brasil, é uma das principais características da cultura e produção paraense.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a produção de açaí no Brasil é de cerca de 1,7 milhão de toneladas por ano, com valor anual da produção estimado em R$ 6 bilhões, sendo exportado para diversos países.
Com isso, várias questões sobre a forma de produção e manejo sustentável da fruta são levantadas. São justamente esses questionamentos que serão abordados e debatidos no evento “Açaí: força da sociobioeconomia amazônica”. O encontro será realizado em Belém, nos dias 31 de maio, 1 e 2 de junho.
O evento é realizado pela rede Diálogos Pró-Açaí, e o principal objetivo é apresentar soluções e promover ações coletivas entre diferentes cadeias, debater ações de governo e práticas produtivas, além de disseminar experiências de sucesso e compartilhar informações técnicas e científicas para os desafios enfrentados pelo setor.
“Com a realização do evento temos a possibilidade de promover discussões cruciais para a cadeia do açaí e irá proporcionar um ambiente de debate qualificado na busca de soluções coletivas, envolvendo importantes atores que estão atuando nessa cadeia, trazendo subsídios para a construção de políticas públicas e para o aprimoramento de práticas de sustentabilidade do setor”, ressaltou Tarcila Portugal, coordenadora geral substituta de Acesso e Conservação dos Biomas, Sociobiodiversidade e Bens Comuns do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
Do ponto de vista social, o açaí é uma importante fonte de renda e essencial para muitas famílias da região amazônica. A cadeia envolve mais de 300 mil pessoas, sendo que mais de 200 empreendimentos comunitários (cooperativas, associações, agroindústrias) da agricultura familiar na Amazônia que atuam diretamente com o fruto.
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Só em Belém estima-se que existam cerca de 10.000 batedores de açaí, sendo que a presença do fruto é relevante em 391 municípios e 13 estados brasileiros. Em termos de renda, no estado do Pará, o açaí movimentou R$ 3,7 bilhões, que é 2,8 vezes o valor original da produção rural.
A demanda distribui-se em 54% no mercado externo e 46% no mercado interno. A agregação de valor (191%) acontece em diferentes elos da cadeia, porém com maior importância nas empresas de processamento de polpa que abastecem os mercados locais (27,3% da renda total gerada).
Sustentabilidade
Uma das organizações que estará presente no evento será a Embrapa. O orgão fará parte da primeira mesa redonda, dedicada ao tema dos principais vetores para a sustentabilidade na cadeia produtiva do açaí.
No debate, a organização apresentará a tecnologia de Manejo de mínimo impacto para produção de frutos em açaizais nativos. "Os açaizeiros precisam que outras árvores com raízes mais profundas tragam os nutrientes das camadas que estão mais abaixo no solo. Por isso manter a biodiversidade é fundamental", explica o engenheiro florestal José Antonio Leite, da Embrapa Amazônia Oriental.
A tecnologia consiste em atingir uma combinação adequada de árvores, açaizeiros e outras palmeiras, de forma bem distribuída, em uma área. A recomendação da Embrapa é que em cada hectare seja mantida uma proporção próxima a 400 touceiras de açaízeiros, 50 palmeiras de outras espécies e 200 árvores. Segundo Leite, além de aumentar a produção de frutos, o adequado manejo de açaízais também proporciona a expansão do período de colheita do fruto ao longo do ano.
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