O evento “Diálogos Amazônicos”, realizado nos dias 4, 5 e 6 de agosto em Belém (PA), possibilitou que lideranças, entidades governamentais e sociedade civil pudessem dialogar sem impeditivos entre si. Da mesma forma, ofereceu um amplo espaço para que inúmeros movimentos sociais, muitas vezes silenciados, pudessem ser ouvidos.
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Exemplo de protagonismo que figurou durante esses três dias de evento, estão as mulheres que fazem parte do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Seis caravanas, que saíram de Itaituba, Altamira, Marabá, Baião, Mocajuba e Cametá - todos eles municípios paraenses -, expuseram ao mundo muito do que o coletivo tem a contribuir para a sociedade.
Expressão artística
A “Arpillera” é uma dessas contribuições. A técnica de bordado chilena foi adotada pelo movimento em 2013 como forma de expressão artística. Desde então, tem se somado à luta do coletivo de mulheres do MAB, que, a partir do uso de pequenos retalhos, contam suas próprias histórias de luta.
“Essa é uma das ferramentas de luta que o MAB considera importante para o trabalho das mulheres. A gente entende que existe uma limitação em relação a elas de estarem dentro do movimento por várias questões, então a gente encontrou uma forma de envolvê-las no processo de luta, dentro da organização social”, explica Lucielle de Sousa, militante do coletivo de mulheres do MAB e moradora de Itaituba, sudoeste paraense.
Os materiais utilizados na Arpillera são simples e de fácil acesso: retalhos de roupas, jutas e linhas se entrelaçam e formam as peças carregadas de simbolismos. Separadas as ferramentas necessárias, entra em cena a criatividade das artistas. Sim, no plural. As peças, por vezes, são resultados de várias mãos. Um verdadeiro trabalho em equipe.
“Não precisa saber costurar ou fazer o ponto mais lindo do mundo, mas você tem que ter pelo menos uma base de como fazer um corte e usar a criatividade. Pensar é importante porque a peça vai desde o que você decide fazer, a criação do desenho até a arte em si”, enfatiza.
Despedida
Nesse domingo (6), a exposição das Arpilleras se despediu dos “Diálogos Amazônicos”, assim como os mais de 400 eventos que fizeram parte da programação nos últimos três dias, com debates sobre temas que precisam estar cada vez mais em pauta pela sociedade.
“A gente parte de uma discussão atualmente de que nós precisamos ser vistos e ouvidos. Cabe também às autoridades entenderem os nossos questionamentos porque são muitos e a gente quer defender o que é nosso, a nossa Amazônia. Eu tô otimista, mas um pouco preocupada. A gente sonha, mas a gente acredita que a luta não é só agora e que é preciso permanecer firme nos nossos objetivos”, finaliza.
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