Na manhã do último domingo (10), mensagens ameaçadoras chegaram ao e-mail da vereadora de Belém, Bia Caminha. O criminoso dizia que iria praticar um "estupro corretivo" contra a parlamentar. O estupro corretivo é uma prática criminosa na qual uma ou mais pessoas, geralmente familiares ou pessoas próximas, estupram mulheres lésbicas ou bissexuais, supostamente para tentar alterar sua orientação sexual.
VEJA TAMBÉM: Suspeito de estupro virtual é procurado pela polícia no Pará
Ao notar a mensagem incomum, Bia conta que a primeira sensação foi de pânico. "O que mais me assusta é a parte em que eles dizem ter meu endereço e que vão me fazer uma ‘visita’", relata Bia.
Em um dos trechos da mensagem, o autor das ameaças diz: "Isso não é violência, é o que chamamos de 'estupro corretivo terapêutico', uma terapia de eficácia comprovada que 'cura' o homossexualismo feminino, porque ser sapatão é ser uma aberração. Referi-me a bissexuais, pois o bissexualismo feminino é uma variante dessa doença chamada lesbianismo."
Não é a primeira vez que a vereadora recebe esse tipo de ameaça. "Da primeira vez, o susto foi muito grande. Era no período em que escolas estavam sendo atacadas em todo o país, e a ameaça seguiu uma série de crimes que fui vítima no mesmo período", explica a vereadora.
Bia também destaca que esse tipo de ação criminosa é mais direcionado a mulheres LGBTQIAP+. "Eles se sentem no direito de nos expulsar dos espaços políticos, mesmo que para isso precisem usar ameaças e violência", relata a parlamentar.
Ao que tudo indica, os autores das ameaças são parte de uma rede de ódio que direciona as mensagens a parlamentares mulheres, negras e LGBTQIAP+. Junto com Bia Caminha, outras 14 parlamentares de diversos estados também receberam ameaças semelhantes. Entre elas estão a deputada federal Daiana Santos (PCdoB), as deputadas estaduais Rosa Amorim (Psol) e Bella Gonçalves (Psol) e as vereadoras Mônica Benício, Iza Lourença e Cida Falabella, todas do Psol.
Diante da ameaça à sua vida, a parlamentar fez um boletim de ocorrência na Diretoria Estadual de Combate à Crimes Cibernéticos. Ela espera que autor das ameaças seja encontrado.
"É muito importante que todos façam a denúncia. Não podemos achar que a internet é um espaço onde a lei não funciona e onde é livre para cometerem lesbofobia, racismo e crimes de ódio", conclui a vereadora.
O que fazer em casos como esse?
Denúncias de qualquer crime cibernético podem ser feitas por meio da Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Pará, localizada na Av. Pedro Miranda, 2288, entre Perebebuí e Passagem D’hotel - Pedreira, ou na Delegacia Geral da Polícia Civil, na Avenida Governador Magalhães Barata, nº 209, Bloco D (2º piso), Bairro: Nazaré.
De acordo com a Central Nacional de Denúncias da Safernet, só em 2022 foram encaminhadas 111.929 denúncias relacionadas a esse tipo de crime, um aumento de 9,9% em relação a 2021.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar