Pesquisadores de diversas instituições realizaram, pela primeira vez, durante 18 dias embarcados, uma expedição para mapear o Rio Pará, quinto maior rio do mundo. O estudo “Influência dos processos hidrodinâmicos sobre as trocas de carbono e nitrogênio no sistema estuarino do Rio Pará”, liderado pela professora e doutora da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Vânia Neu, tinha como objetivo coletar amostras, realizar medições diárias ao longo de 10 municípios, em um trajeto de quase 900km, de Belém a Breves, no Marajó, e entrando no rio Tocantins até o município de Baião.
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Durante a expedição, os pesquisadores realizaram medições sobre a quantidade de água que está saindo de todos esses rios e canais (vazão do rio); gases de efeito estufa, dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) lançados do rio para a atmosfera, e que podem influenciar nos dados sobre mudanças climáticas; avaliação da qualidade da água e monitoramento de sedimentos presentes no rio e a quantificação de microplástico nas águas do Pará, incluindo os efeitos sobre o pescado (peixes e camarões), o que influencia diretamente na segurança hídrica e alimentar da comunidade que depende do rio.
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Segundo a pesquisadora, essa é a primeira vez que um estudo desse porte é realizado no estuário. “Essa é a primeira medição nesta região, sendo o primeiro banco de dados. A expedição é importante para o projeto, pois os dados têm impacto internacional e podem contribuir para a agenda ambiental do Estado, especialmente nesse momento de interesse de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), em 2025”, diz.
“A nossa ideia é juntar esses dados que a gente tem aqui com o trabalho que a gente faz na Foz do Amazonas para ter previsões futuras do nível de água e correntes, gerando um sistema de monitoramento para previsão de riscos e desastres para a população do Pará. Juntamente estamos tendo a primeira estimativa do microplástico que está saindo do rio Pará e indo para o oceano. Já chegamos a apresentar em maio alguns dados do primeiro cruzeiro. Nesse mês de outubro minha colega Maria de Lourdes está indo para Manaus apresentar os dados e eu irei para Foz do Iguaçu apresentar esses dados também. Além disso, estamos escrevendo artigos sobre esses estudos feitos aqui”, adianta.
Equipamento
A pesquisadora detalha sobre o equipamento usado para fazer o monitoramento nas coletas. “A Exosonda, que analisa os parâmetros físicos químicos da água, a cada dois minutos faz o armazenamento dos dados e o Picarro, analisador de gases, lê de um em um segundo, sendo que na região Norte só existem dois equipamentos de Exosonda, um deles fica aqui. Com esses equipamentos a gente consegue medir a vazão dos rios, todos esses rios por onde a gente navegou a gente mede quanto de água sai e faz a coleta química. Por exemplo, a gente consegue fazer cálculos e dizer quantas toneladas de sedimentos, gás de efeito estufa, carbono ou nitrogênio estão saindo desses rios”, destaca.
Para atingir o objetivo de fazer o levantamento e monitoramento do Rio Pará, o projeto montou uma equipe multidisciplinar: existem pesquisadores e doutores na área de oceanografia, ecologia, engenharia ambiental, engenharia civil, biologia e outras especialidades. O grupo se desloca em um barco laboratório, o percurso da expedição é georreferenciado e a coleta de dados ocorre durante todo o dia, tanto por meio de equipamentos, quanto por coletas completas, realizadas pelos pesquisadores em sete pontos específicos, de acordo com o ciclo da maré. “Por ser uma região que nunca foi trabalhada, é algo inédito. É muito gratificante poder contribuir de alguma forma com a pesquisa e para o conhecimento desses corpos hídricos”, conta Emerson Silva, doutorando do Programa de Ciências Ambientais da UFPA.
PARA ENTENDER
Detalhes
O projeto “Influências dos Processos Hidrodinâmicos sobre as trocas de carbono e nitrogênio no sistema estuarino no rio Pará” é financiado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet) e executado pela Fundação Guamá. Além de pesquisadores de iniciação científica, mestrado e doutorado, o projeto também reúne cientistas da Universidade Federal do Pará (Ufpa); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade de São Paulo (Usp); Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Museu Emílio Goeldi e Fundação Guamá.
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