No dia 26 de dezembro, em Bragança, todos os caminhos levam até a centenária Igreja de São Benedito. A construção do século XVIII é o ponto de partida da procissão solene que homenageia o Santo Preto, o Glorioso São Benedito, e que percorreu as ruas do município na tarde desta terça-feira (26). Após percorrer as ruas do município acompanhados do andor com a imagem do Santo, os Marujos e Marujas encerraram a 225ª edição da festividade em homenagem ao padroeiro com a tradicional dança da Marujada no entorno da igreja.
Horas antes do início da louvação realizada pelas Comissões de Esmolações, os Marujos e Marujas já começavam a andar pelas ruas de Bragança colorindo o horizonte com o vermelho da vestimenta típica. Saindo de diferentes pontos da cidade, todos caminhavam rumo à praça que também recebe o nome do santo. A vice-governadora do Estado do Pará, Hana Ghassan,participou da festividade.
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Há cinco décadas esse ritual se repete na família Santos, reunindo diferentes gerações. Acompanhado das irmãs Maria de Nazaré, de 73 anos, e Raimunda Édna, de 54 anos, o aposentado José Ribamar Santos, 67 anos, conta que a devoção a São Benedito foi passada de pais para filhos. “Eu comecei a fazer parte da Marujada por causa de uma promessa que a minha mãe fez, quando eu ainda era criança, mas depois eu dei continuidade e enquanto eu tiver vida, vou sair de Marujo”, conta. “Todo ano a gente se prepara para o mês de dezembro e a Marujada. Toda a família faz parte, todos os irmãos, os sobrinhos. Isso é algo que vem de gerações”.
Foi também durante a infância que o professor Valfir Souza, 33, iniciou a sua história com a Marujada. Ele lembra que ainda criança adorava ver o cortejo em homenagem a São Benedito passar e prometeu que quando fosse adulto, seria Marujo também. “Quando eu era criança os meus pais não tinham dinheiro para me vestir como Marujo e eu prometi que quando eu fosse adulto, que estivesse trabalhando, sairia de Marujo e assim eu fiz”, conta, ao lembrar que já realiza esse sonho há 10 anos. “Hoje eu sou professor e há 10 anos sou também Marujo. Para mim é um sonho que foi motivado pela devoção a São Benedito”.
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As histórias de devoção ao Santo se repetem entre as dezenas de Marujos e Marujas que fazem a Festividade de São Benedito. Capitoa da Marujada de São Benedito de Bragança, Maria de Jesus do Rosário Silveira, 67 anos, começou a fazer parte da irmandade por intermédio do esposo, que já era Marujo e há 10 anos se tornou capitoa.
“Na minha família ninguém fazia parte, mas eu casei com um Marujo e passei a acompanhar a festividade. Com uns cinco anos eu me tornei Maruja também e estou há 30 anos, 10 só como capitoa”, conta, ao apontar que toda a movimentação que integra a festividade inicia semanas antes da grande procissão solene do dia 26. “A esmolação começa em abril, quando os Santos saem, passam oito meses, e voltam em novembro. Quando ele chega, em novembro, já começa a festa e quando chega dezembro a minha dedicação é total à Marujada. Ser capitoa é muito bom, mas eu me considero uma Maruja igual a todas”.
A grande procissão é um dos pontos altos da Festividade do Glorioso São Benedito, que iniciou ainda no dia 18 de dezembro, em Bragança. Porém, no dia 31 de dezembro e no dia 01 de janeiro ainda ocorrem celebrações.
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