Com o passar dos anos, a população passou a consumir informação de forma online, por meio dos sites e portais, blogs, redes sociais como Youtube, Instagram, Facebook, X, entre outros. Mas, apesar dessa grande revolução na forma de consumo da notícia e da informação, as bancas de revistas ainda resistem e estão em funcionamento há décadas, cada vez mais diversificando suas vendas.
Em Belém, por exemplo, esses espaços estão, sobretudo, em áreas comerciais no centro da cidade, assim como em pontos turísticos, a exemplo das praças. Dentre os locais está a Banca da Praça Brasil, no bairro do Umarizal. Por lá, o proprietário José Maria de Jesus, 69, desenvolve a atividade há mais de 40 anos. Ele segue comercializando jornais, revistas, livros de receitas e os infantis, e, para diversificar a renda, tem um bomboniere e outros itens como calças legs e sombrinhas.
“Eu era taxista, mas enjoei do táxi e comprei essa banca. Foi negócio para mim, estava trabalhando bem. E, graças a Deus, até hoje estou aqui. Mas naquela época era muito bom. Tinha de três a quatro funcionários trabalhando aqui comigo. Não acho que perdeu espaço, é que foi aparecendo outras coisas. Mas a gente ainda permanece. A gente vende de tudo um pouco. Tenho a minha aposentadoriazinha e estamos vivendo, tranquilos”, declara José, que trabalha de domingo a domingo e não pensa em parar com a atividade.
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REPÚBLICA
A Praça da República abriga bancas antigas, que seguem em atividade. Uma delas é a famosa Banca do Alvino, que precisou variar a oferta de produtos para se manter ativa no mercado. As revistas e os jornais permanecem no espaço, que ganhou o incremento de outros tipos de produtos como apostilas para concursos públicos, itens de conveniência como bebidas e sorvetes, assim como o serviço de impressão de documentos. Anos atrás, os espaços não tinham autorização para comercializar alimentos, por exemplo, mas com o passar dos anos foram liberados, justamente para diversificar a renda, conforme explicou Everton Rolim, 54, que atua no local há 30 anos junto com o tio Alvino.
Rolim conta que quando começou a trabalhar no local, a venda de impressos era muito expressiva. “Com essa globalização e a internet, hoje tem poucas bancas. Estamos sobrevivendo e nos reinventando. Quando comecei, não tinha internet, não tinha assinatura, não tinha nada. Na época que começou a Folha de São Paulo, em um só no domingo a gente vendia 650 exemplares. Era muito jornal de fora, do estado de São Paulo, o Globo, o Jornal do Brasil. A gente está tentando ampliar mais, para agregar mais valor, porque só revistas e essas coisas está difícil de sobreviver”, pontua.
Depois que passou a trabalhar com o tio no loca, Everton se identificou com a rotina que, para ele, é prazerosa. “Não tentei fazer outra coisa, ainda não. O que eu mais gosto daqui é esse atendimento ao público. São 30 anos, então fiz muitas amizades, muitos amigos. É uma banca famosa, a gente já recebeu turistas de Macapá, São Paulo, Brasília. Até a atriz Camila Pitanga já passou por aqui”, conta.
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SERVIÇOS
Já outra banca também localizada na praça, próxima ao Theatro da Paz, tem como carro-chefe a confecção de chaves e carimbos. O proprietário José Maria da Silva, 75, que possui a banca há 30 anos, garante que não tem do que se queixar, já que a procura pelos serviços é grande. Segundo o empreendedor, que comprou a banca do irmão, no início trabalhava com jornais e revistas, mas como sempre trabalhou com chaves, desde aquela época teve a visão de agregar o serviço em seu novo empreendimento.
Hoje, além das chaves e carimbos, o espaço também oferece manutenção de videogames, serviço feito pelo filho de José. “O movimento era mais fraco, agora está melhor. Mas não posso reclamar, não. Sempre foi um ponto bom. Eu já trabalhava com chave antes de vir para cá e por isso coloquei. Essa banca tem uns 90 anos, é muito antiga. Aqui é um local muito bom. É para filhos e netos, até porque é uma coisa difícil de conseguir”, conta o empreendedor, que criou cinco filhos com a renda da atividade.
HISTÓRIA
De acordo com um artigo publicado pelo site História Hoje, as bancas de jornais teriam surgido no Brasil por volta de 1860 e acredita-se que o primeiro jornaleiro a montar um ponto fixo de venda de jornais na cidade do Rio de Janeiro foi o imigrante italiano Carmine Labanca, por isso a denominação de “banca”. A primeira banca consistia em tábuas sustentadas por caixotes onde os jornais eram vendidos.
Com o surgimento das revistas em quadrinhos, os espaços começaram a diversificar os materiais impressos, passando a atrair também a atenção das crianças, que procuravam os locais em busca de gibis, figurinhas, livros de colorir e as populares bonecas de papel.
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