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Belém é uma das cidades com maior aumento de calor

A capital paraense está entre os 15 municípios que registraram alta na temperatura acima da média, com 0,63º entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, segundo cientistas da Climate Central

Imagem ilustrativa da notícia Belém é uma das cidades com maior aumento de calor camera Belém já havia sido incluída em levantamento inédito no ano passado, que a indicava como uma das cidades que mais vai vivenciar calor em 2050 | (Foto: Irene Almeida)

O Brasil enfrenta uma nova onda de calor. Entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, 93% da população brasileira sofreu com temperaturas acima das médias normais, o que pode ter afetado cerca de 200 milhões de brasileiros. A média de aquecimento no país nestes meses foi de 0,71°C. Cerca de 80% da população mundial, ou cerca de 6,7 mil milhões de pessoas, foram expostas a um calor incomum associado às alterações climáticas. Os dados foram coletados por um grupo de cientistas independentes da Climate Central, organização sem fins lucrativos.

Belém é listada entre as 15 cidades brasileiras que registraram aumentos acima da média, com 0,63 °C de aumento, segundo a Climate Central. Vila Velha, no Espírito Santo, registrou 1,15°C a mais e Brasília cravou 0,59°C de elevação. Não é a primeira vez que a capital paraense é listada como uma das cidades que vai sofrer mais severamente os efeitos das mudanças climáticas.

Em agosto do ano passado, Belém foi incluída em um levantamento inédito feito pela ONG Carbon Plan, da Califórnia, como uma das cidades que vai vivenciar 222 dias de calor intenso em 2050. Até 2030 a ameaça à saúde de pessoas expostas ao sol vai afetar mais de 4 milhões de pessoas e na virada do século, daqui a 7 anos, mais de 2 milhões de habitantes do planeta já estarão expostos aos riscos causados pelo aumento da temperatura mundial.

Um dos maiores especialistas em Ciências Naturais do país, o professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, Saulo Rodrigues, disse, em entrevista, que o efeito estufa tem se intensificado e que a previsão é de que a temperatura média da Terra aumente 1,5ºC. “E esse 1,5ºC é a zona de segurança daqui para o futuro. Um aumento maior do que isso pode levar a efeitos catastróficos, que serão antieconômicos, desumanos, injustos, insuportáveis. Não tem outro caminho, a crise climática veio para ficar e está sobre a nossa mesa. A gente tem que dar um jeito de enfrentar isso”, alertou.

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Doutor em Ciências Naturais pela Universitat Heidelberg, na Alemanha, pós-doutorado em Estudos Ambientais pela University of California, Santa Cruz e University of California, o professor defendeu que a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, que vai acontecer pela primeira vez no Brasil, em Belém, em 2025, precisa avançar em ações integradas entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil, cobrando a necessidade de investimentos em ações de prevenção. “Precisamos avançar nessa arquitetura de governança. A ciência ainda não dá conta de prever onde eventos extremos vão ocorrer. Por isso, é preciso trabalhar numa gestão de prevenção de risco”, completou.

DESASTRES

Em recente encontro, cientistas que participaram da audiência pública realizada pela Comissão Especial de Prevenção e Auxílio a Desastres Naturais da Câmara dos Deputados, apontam para um quadro de “colapso climático” no planeta. Segundo esses estudiosos, o aquecimento global segue em velocidade acima da esperada em contraste com o pouco avanço em acordos internacionais.

O físico Alexandre Araújo da Costa comparou a elevada concentração de gases do efeito estufa a bombas atômicas. Doutor em ciências atmosféricas, ele defende a urgência na adoção de medidas que proporcionem a descarbonização, o reflorestamento e o monitoramento dos biomas como formas de enfrentar a sucessão de eventos extremos.

“Esses gases se acumulam ao ponto de hoje termos 50% a mais de CO2, duas vezes e meia mais de metano e acima de 30% a mais de óxido nitroso do que tínhamos, por exemplo, em 1800. Esse desequilíbrio climático é tão grande que equivale a pegar a energia de 21 bombas de Hiroshima por segundo, alterando o ciclo hidrológico, aumentando as temperaturas globais, multiplicando eventos extremos, dilatando os oceanos e derretendo geleiras”, explicou.

Alexandre Costa também é professor da Universidade Federal do Ceará e integrou a equipe de cientistas que elaborou o primeiro relatório brasileiro de mudanças climáticas. Segundo ele, a manutenção do atual cenário de emissões de gases poluentes leva a um “futuro catastrófico”.

“Estamos presenciando aumento de temperatura nos oceanos como a gente nunca viu. E, neste ano, está pior ainda. Dá para dizer que o colapso climático ainda não começou? Desculpa. Não dá. Pelo que estamos vendo, parece que está incontrolável e escapando da mão”, revela a coordenadora do Laboratório de Gases do Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (LaGEE/INPE), Luciana Gatti.

Responsável pelo levantamento “mapas de anomalias” que mostra que o recente aquecimento da superfície dos oceanos vai muito além do fenômeno El Niño, Luciana Gatti é coautora de um dos artigos mais lidos na revista científica “Nature” sobre o impacto do desmatamento na Amazônia Legal, que impedem a floresta de absorver CO2. A situação é mais crítica em áreas de Pará e no Mato Grosso.

“Se a gente pega o aumento da temperatura em 40 anos e o compara com os últimos 20 anos, o aumento é de 50%. Isso é o ponto de não-retorno chegando. Deveria ser decretado estado de emergência no sudeste da Amazônia”, disse Luciana Gatti.

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O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, manifestou a “ansiedade” por medidas concretas no mundo inteiro ao lembrar a projeção da Organização Mundial de Saúde de 250 mil mortos por ano em consequência do aquecimento global entre 2030 e 2050. Ele lembrou que os últimos oito anos foram os mais quentes da história, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMN). Recentemente, houve recordes de degelo na Antártida e na Groenlândia, além de registro de 38°C na Sibéria.

Gustavo Luedemann, da Rede Clima e do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), elogiou o AdaptaClima, plataforma que orienta os municípios sobre a ocorrência de eventos extremos, mas pediu apoio para lidarem com mais efetividade diante das vulnerabilidades da população, sobretudo em relação à saúde e moradias de risco.

Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios, mostra que 93% das cidades brasileiras já enfrentaram algum tipo de desastre natural ao longo dos anos de 2013 e 2022. Na região Norte, 16,33% dos municípios foram afetados por desastres ou outros eventos naturais. No Sudeste, 20,98% do total de casas foram danificadas e destruídas.

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