Dono de um aroma e sabor inconfundível, o café figura entre as bebidas mais consumidas do mundo, disputando a liderança com a água e o chá. E tamanha paixão por um bom cafezinho quente se deve em muito às propriedades estimulantes que ele apresenta, graças a presença da cafeína em sua composição. E, nesta sexta-feira, 24 de maio, é o Dia Nacional do Café. A data foi instituído pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) em 2005 e representa o início da colheita do café na maior parte do país.
Mas, como tudo na vida, o consumo em excesso pode trazer consequências preocupantes. Muitas das pessoas que se consideram viciadas em café não sabem, mas podem estar expostas a perigos por exagerarem na dose.
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Para esclarecer sobre as consequências que o consumo exagerado de café pode provocar no corpo humano, o DOL ouviu especialistas de diversas áreas para entender os efeitos do vício na bebida.
De acordo com o nutricionista Matheus Cristo, o consumo de café em doses elevadas deve ser evitado, isso porque provoca efeitos adversos variados, como agitação e insônia.
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Apesar disso, segundo o profissional, consumir café em doses moderadas é positivo pelas suas propriedades termogênicas, auxiliando na queima de gordura corporal, e melhora do fluxo sanguíneo, além da ajuda nas funções intestinais e redução do estresse oxidativo, desta forma retardando o envelhecimento celular e risco de infecções.
“O consumo de café dentro da recomendação diária é importante como cofator para a perda de gordura corporal, pois ele ajuda na prática de atividade física juntamente a uma alimentação saudável. Em relação a metas de hipertrofia, é relativo a cada caso. Não tem como generalizar. O ideal é realizar uma consulta e acompanhamento com o nutricionista para adaptar e individualizar cada caso”, explicou.
O CAFÉ E A SAÚDE DO CORAÇÃO
Já sobre os efeitos do consumo excessivo de café quanto à saúde do coração, o Dr. Antônio Monteiro, médico cardiologista, esclareceu que estudos comprovam que o consumo de café de forma exagerada não aumenta o risco de doenças cardiovasculares e de surgimento de câncer, assim como também não influenciam na pressão arterial.
“A cafeína pode inicialmente elevar os níveis de epinefrina (hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais) e a pressão arterial, mas a tolerância geralmente se desenvolve em cerca de uma semana. Estudos combinados mostram que a cafeína isolada pode aumentar tanto a pressão sistólica quanto a diastólica, mas ensaios que consideraram o consumo de café com cafeína não demonstraram um efeito significativo na pressão arterial. Isso pode ser devido a outros componentes do café que podem contrabalançar o efeito da cafeína. Em um estudo de acompanhamento, não houve associação entre o consumo de café e um maior risco de hipertensão”, comentou.
O especialista também disse que estudos sobre os efeitos do consumo moderado de café no coração encontraram resultados variados quanto à influência em arritmias cardíacas. Segundo ele, algumas pesquisas não encontraram associação entre a cafeína e alterações na frequência cardíaca, enquanto outras sugerem que o consumo moderado de café pode até reduzir o risco de doenças cardiovasculares, mesmo em pessoas com histórico de problemas cardíacos, hipertensão ou diabetes.
O médico ainda faz um alerta: consumir doses muito elevadas de café pode ser fatal. “Pode desencadear uma arritmia que é alteração do ritmo, ou elevar a pressão arterial. Se for uma pessoa que já tem uma predisposição, ou alguma doença no coração que não sabia, pode estimular uma descompensação e, nesse caso, ser algo fatal. Porém de maneira geral, em quantidades moderadas, os estudos não demonstraram um perigo potencial”, ressaltou.
O CAFÉ E A SAÚDE DO ESTÔMAGO
Um dos principais órgãos do corpo afetados pelo café é o estômago e o sistema disgestório como um todo. Isso porque é para lá que a bebida vai assim que adentra o corpo humano. Desta forma, ele é a primeira parte a ser afetada pelo consumo excessivo da bebida.
Segundo o Dr. Eden Tanaka, médico gastroenterologista, o abuso na ingestão do café traz sérias complicações ao estômago, em especial para quem já possui problemas como gastrite e refluxo gastroesofágico.
"O café em uma bebida muito popular aqui no Brasil! O consumo de café em pequena quantidade não faz mal, até 200 mg/dia ou duas xícaras pequenas. Mas excedendo isso, pode aumentar a acidez gástrica, piorar o refluxo e aumentar o trânsito intestinal", explicou.
O médico afirmou, ainda, que a ingestão moderada de café traz um benefício muito importante para o fígado, protegendo o órgão do acúmulo de gordura hepática (a famosa "gordura no fígado"), além de quadros de fibrose e cirrose. "Recentemente saiu um pesquisa que mostra que o café tem um certo efeito protetor para o fígado. O café pode retardar a fibrinogenese no fígado, conferindo a ele proteção", destacou.
O CAFÉ E A SAÚDE DA PELE
Sim, a ingestão do café também tem efeitos na saúde da pele humana. Isso se deve ao fato da bebida ser rica em substâncias antioxidantes que proporcionam o combate aos radicais livres*, deixando a pele com um aspecto mais bonito.
De acordo com a Dra. Fernanda Nichelle, médica dermatologista especialista em estética, apesar desse benefício muito importante para as pessoas, essa é uma via de mão dupla. "O café em excesso pode gerar ansiedade, assim aumentando a produção do cortisol, o hormônio do estresse, esse aumento não faz bem pra derme. A piora do sono, causada pela ansiedade, também faz mal. E, principalmente, o açúcar que acompanha o café, ele sim é muito maléfico pra saúde da pele”, comentou.
Já sobre o uso do café para cuidados da pele, o famoso "skincare", o pó de café é considerado um grande aliado para determinados tipos de pele. “Em dermes que exigem uma esfoliação, a borra de café pode ser misturada com algum hidratante e servir como esfoliante natural”, explica a médica especialista.
*Radicais livres são moléculas cujos átomos possuem um número ímpar de elétrons. Esta molécula incompleta é capaz de capturar elétrons de proteínas que compõem a célula para recuperar o número par. Assim se inicia uma reação em cadeia. A molécula desfalcada se torna um novo radical e vai em busca de um elétron da molécula vizinha, e assim por diante.O problema é que não se tira ou acrescenta elétrons em uma molécula sem alterar as suas características. Deste processo podem surgir produtos tóxicos para a célula. E esta célula “intoxicada” pode dar origem a males como Parkinson, catarata, senilidade, Alzheimer, degeneração muscular, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e até alguns tipos de câncer. (Fonte: Essential Nutrition)
Repórter: Adams Mercês
"Paraense com o sangue da cor do açaí. Repórter do DOL e assessor de comunicação do Ministério das Cidades do Governo Federal. Formando em Comunicação Social - Jornalismo pela UFPA e um grande admirador de games, carros e da história das pessoas boas."
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