Com a chegada de setembro, consumidores brasileiros devem se preparar para um aumento na conta de luz. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou na sexta-feira (30) a ativação da bandeira vermelha patamar 2, que acrescenta R$7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Esse aumento ocorre em um momento crítico: o país está enfrentando um período de chuvas abaixo da média, combinado com temperaturas superiores à média histórica, especialmente na região Norte.
A bandeira vermelha patamar 2 foi acionada devido à previsão de baixa afluência nos reservatórios das hidrelétricas, que estão operando com cerca de 50% da capacidade usual. Com a escassez de água, as termelétricas, que têm um custo de produção mais elevado, passam a operar mais intensamente. O cenário foi agravado pelo aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) e pelo risco hidrológico – que é medido pelo Generating Scaling Factor (GSF) –, fatores que contribuem diretamente para o encarecimento da energia. O custo adicional é repassado diretamente ao consumidor.
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Cleiton Soares, 45, analista de Relacionamento com o Cliente da Equatorial Pará, diz que o acionamento da bandeira vermelha patamar 2 é uma medida necessária para garantir o fornecimento de energia em um cenário de escassez de recursos hídricos. “A previsão de chuvas baixas e a afluência reduzida nos reservatórios fazem com que as termelétricas, que são mais caras, sejam acionadas, o que impacta diretamente na conta de luz”.
O período mais quente do ano, especialmente para os belenenses que enfrentam o avanço do verão amazônico, já está elevando o consumo de energia, com o uso intensificado de aparelhos como ventiladores e ar-condicionado. Esses dispositivos, essenciais para amenizar o calor, são também vilões na conta de luz. Segundo Cleiton Soares, a dica para economizar é manter o ar-condicionado em uma temperatura média de 23°C, além de intercalar o uso com ventiladores.
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FATURA
A geladeira é outro ponto de atenção. Ela é responsável, em média, por cerca de 30% da fatura de energia. “É importante que a pessoa esteja atenta para a borracha de vedação, verificar se o motor está funcionando e disparando corretamente, assim como não ficar abrindo-a o tempo todo”.
Outros aparelhos, como máquinas de lavar, secadoras e fornos elétricos, são conhecidos por serem grandes consumidores de energia. Além disso, dispositivos como micro-ondas, televisores, computadores e carregadores de celular também contribuem para o aumento da conta de luz quando deixados ligados ou em stand-by por longos períodos.
“Para os aparelhos que não precisam ser usados todos os dias, a principal dica é tirá-los da tomada, porque mesmo que estejam desligados ainda há uma corrente elétrica ali, o que resulta em uma ajuda de consumo e no resultado”, observa o analista.
Estar atento ao consumo de energia de cada eletrodoméstico é essencial na hora da compra do aparelho. Esses equipamentos possuem uma etiqueta de eficiência energética, como o selo Procel – os avaliados com selo A são mais eficientes e consomem menos energia. “Também é necessário ter atenção ao consumo do kWh, pois quanto menor o número, maior a economia. Esse número indica quanto de energia o eletrodoméstico consome por mês, considerando seu uso em condições normais”, acrescenta.
O representante ainda recomenda que os consumidores aprendam a calcular o consumo total de um aparelho, multiplicando o consumo em kWh pelo número de horas de uso diário, e o resultado do cálculo é feito de acordo com cada realidade. “Isso ajuda a planejar melhor o uso dos eletrodomésticos e evitar gastos desnecessários; mas é uma conta que não é genérica, só pode ser feita de forma individual”, pondera.
Orientações
Com o aumento dos custos, a conscientização e a economia de energia tornam-se mais necessárias. É importante adotar práticas de consumo consciente, ressalta Cleiton.
- Ar-condicionado: utilize a função timer, o temporizador, e mantenha a temperatura em 23°C. O uso intercalado com ventiladores também ajuda a reduzir o consumo.
- Geladeira: verifique a borracha de vedação e evite abrir a porta desnecessariamente. Instale o aparelho em local ventilado e protegido do sol.
- Iluminação: aproveite a luz natural durante o dia e substitua lâmpadas incandescentes por modelos de LED.
- Carregadores: desconecte da tomada quando não estiverem em uso. Mesmo sem carregar, eles consomem energia.
- Tarifa Social de Energia Elétrica: é um benefício concedido pelo Governo Federal que oferece descontos na conta de luz para famílias de baixa renda. Para se qualificar, as famílias precisam estar inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e ter uma renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo, ou possuir um membro que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Além disso, indígenas e quilombolas também têm direito ao benefício.
“Essas famílias podem verificar junto à concessionária de energia elétrica se estão ou fazem parte de algum desses grupos que possuem o benefício. E muitas famílias no Estado [do Pará] não o utilizam. A adesão à Tarifa Social é um passo para que muitos mantenham o consumo de energia, especialmente em tempos de aumento nas tarifas, evitando que o pagamento da conta de luz se torne um peso insustentável”, afirma o analista.
CONSUMIDORES
- O aposentado José Luiz Figueiredo, 68 anos, morador do bairro Cremação, compartilha sua estratégia para enfrentar o aumento na conta de luz. Mesmo sendo um usuário da tarifa social baixa renda, a fatura de José Luiz costuma variar entre R$180 e R$200, o que já pesa no bolso dele e da esposa, Rosilene da Costa, 60. A menor fatura, segundo recordam, foi em maio deste ano, custando R$171; já no mês de agosto chegou a R$221,05. “Temos uma geladeira que fica ligada direto, e um freezer que usamos quando é preciso. Fora isso, não utilizamos micro-ondas, aparelho de som, nada; apenas o ventilador quando está muito quente”, diz José.
- O produtor musical Luiz Carlos Ribeiro, 51, enfrenta um cenário desafiador. Após retirar a central de ar, sua conta de luz, que já chegou a R$1200, caiu para cerca de R$677,70, mas ainda é um valor alto considerando a utilização e renda, já que em uma casa de quatro pessoas, apenas ele e a mãe trabalham. “E, aqui, durante o dia, é tudo no escuro; ligamos as coisas apenas quando é necessário. Minha mãe dorme, inclusive, com meus sobrinhos para economizar o uso de mais ventiladores”, conta. “Durante o dia usamos apenas a geladeira, que é inevitável, o meu computador para trabalhar e o ventilador mesmo”.
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