Com um crescimento de 5,7% nas atividades turísticas de junho para julho de 2024, o Pará se destaca como um dos principais estados brasileiros no setor, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quinta-feira (12), que apresenta o Estado pela primeira vez no índice dos locais pesquisados. Conforme, ainda, o Indicador de Atividades Turísticas (IATUR) mostra que esse avanço contrasta com a retração nacional de 0,9% no mesmo período, reforçando o estado como um destino atrativo.
Anderson Santos, de 40 anos, presidente da cooperativa Cooppertrans Combu, relatou que o fluxo de turistas na travessia para a Ilha do Combu, – situada no Terminal Hidroviário Ruy Barata da Praça Princesa Isabel, no bairro da Condor –, tem crescido de forma excepcional. “Em média, passam por aqui cerca de mil pessoas por dia, e a demanda está tão alta que tivemos que aumentar a frota de embarcações de cinco para dez lanchas diariamente”, contou ele sobre o período que, em comparação com o ano passado, melhorou significativamente, especialmente por ser um ano que antecede a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30.
Ele ainda destacou que, com a aproximação do Círio de Nazaré e os preparativos para a COP 30, a expectativa é de um crescimento ainda maior. Treinamentos tanto para a administração local quanto para os barqueiros estão sendo feitos; entre as preparações, Anderson diz que até a troca dos uniformes já começou a ser realizada para “melhorar a experiência dos turistas”. “Em tempos de pico de viagens, se comparado a um dia comum, duplicamos a quantidade de pessoas que passam por aqui; e, pelo que estamos observando, no Círio teremos mais de 3 mil pessoas”, acrescentou.
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O aumento do turismo também impacta diretamente o setor gastronômico. Em busca de paisagens e pratos típicos, como o filhote de peixe acompanhado de risoto de jambu, Hélio Santos, 41, garçom há 2 anos em um restaurante localizado na Estação das Docas, conta que a culinária local é um dos principais atrativos. Segundo ele, o movimento de 2024 tem sido intenso, e é durante os meses de férias que o fluxo de turistas é maior; dentre eles, o melhor é julho. Contudo, há um mês que se sobressai dos outros, que é outubro. Caminhando para o evento religioso, a agitação já começa a ser sentida.
“Normalmente, em um dia comum, atendemos 800 pessoas. Em julho, isso duplica. Durante o Círio, atendemos mais de duas mil pessoas, no mínimo, em um único dia. E agora, com a COP do ano que vem, estamos nos preparando com um cardápio especial para estrangeiros e trazendo funcionários capacitados em novos idiomas”, explicou.
Entre os turistas que visitam Belém, a diversidade cultural e gastronômica se destaca. O artista visual Caru Costa, de 29 anos, morador de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, é um dos visitantes que se encanta com os sabores únicos da capital paraense. Ele, que chegou para passar uma semana aproveitando a cidade, tirou a tarde de sábado para visitar a Ilha do Combu pela segunda vez, a qual tinha conhecido no ano passado.
“Tenho familiares e amigos aqui. O Pará é único e destino certo. Gosto muito do tacacá, é uma das minhas comidas preferidas. O peixe daqui tem um sabor completamente diferente de qualquer outra região”, afirmou. Caru, que também explorou outro ponto turístico belenense, a ilha do Mosqueiro.
PESQUISA
No acumulado de janeiro a julho deste ano, o indicador de atividades turísticas no Brasil apresentou uma expansão de 1,3% em relação ao mesmo período de 2023. O Pará, por sua vez, obteve um crescimento ainda maior, com uma alta de 8,8% no mesmo intervalo. Comparando especificamente o mês de julho de 2024 com o de 2023, o Pará registrou um aumento expressivo de 17,4%, enquanto o Brasil teve uma expansão de 1,2%.
Na análise regional, 11 dos 17 estados pesquisados também apresentaram alta nas atividades turísticas, como o Rio Grande do Sul (12,2%), Minas Gerais (2,1%) e São Paulo (0,3%). Por outro lado, estados como Rio de Janeiro (-3,5%) e Bahia (-5,8%) tiveram quedas expressivas. De acordo com a pesquisa, dois fatores influenciaram negativamente o desempenho geral do setor no país: o aumento das passagens aéreas, que subiram 19,39% em julho, e o reajuste de 6,93% no aluguel de veículos. Além disso, a base de comparação mais elevada, após um crescimento de 3,4% no mês anterior, também limitou o resultado do turismo em julho.
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Entre os indicados na Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE) da IATUR sobre as atividades de serviços pesquisadas no índice de atividades turísticas, destacam-se serviços prestados a famílias, como alimentação, alojamento e outros tipos de tarefas; com relação aos serviços profissionais, administrativos e complementares, estão as agências de viagens e operadoras turísticas, e locação de automóveis sem condutor; já sobre transportes e serviços auxiliares, os transporte de passageiros aéreo e o por meio aquático compõe maior classificação.
A divulgação desse levantamento marca a primeira vez que o Indicador de Atividades Turísticas (IATUR) da PMS abrange 17 estados (que antes compreendia apenas 12), ampliando o estudo para locais como Amazonas, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas e Mato Grosso; já os estados tradicionalmente analisados estão Ceará, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal.
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