Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) oferecem serviços de saúde e devem contar com uma equipe diversificada que trabalha em conjunto para atender às necessidades de saúde mental da comunidade. Na prática, a população que precisa deste serviço e mora no bairro do Maguari, em Ananindeua, lida com a escassez de medicamentos e profissionais, assim como o mau atendimento no espaço quando precisam de ajuda.
Nas redes sociais, o autônomo Messias Reis, 30 anos, que é paciente desde 2022 do CAPS III Ananindeua, localizado na rua Cláudio Sanders, denunciou a falta de infraestrutura, medicamentos e profissionais de saúde para atender à demanda, tal como a falta de preparo dos funcionários para atender pacientes em sofrimento psíquico.
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De acordo com o Ministério da Saúde, o CAPS III deve atender pessoas com problemas mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso decorrente de álcool e outras drogas. Além disso, é previsto atendimento 24 horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, inclusive CAPSad, possuindo cinco leitos para acolhimento noturno.
Mas nada disso é realidade no CAPS III Ananindeua, começando pelo acolhimento. De acordo com Messias Reis, o espaço não possui uma sala fechada para atender os usuários, tornando-se constrangedor relatar o motivo da busca por atendimento na frente de outras pessoas. “Algumas pessoas são vítimas de abuso sexual, violência doméstica, imagina você não ter um local apropriado para relatar o que você está passando e te levou a chegar ali?”, conta.
O denunciante também afirma que sua última consulta foi realizada em março deste ano e até o momento ainda não conseguiu marcar a próxima. Além disso, ele faz uso de sete medicamentos para tratar ansiedade e depressão, nenhum é oferecido na unidade, tendo que gastar mais de R$500 reais com medicação.
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“Preciso de uma avaliação profissional, estou há mais de 6 meses com a mesma medicação e só percebo piora no meu quadro, então preciso de acompanhamento de fato. Tenho constantes crises, isso vem me impedindo de trabalhar e não consigo dormir”, revela.
INFRAESTRUTURA
Messias Reis denuncia ainda que o centro não conta com psicoterapeuta e tem apenas um psiquiatra para atender a demanda naquela área. Inclusive, o funcionário que deveria atuar na portaria, também recepciona os usuários.
Em relação à infraestrutura do espaço, o paciente também afirma que em dias de renovação de receita médica, onde o fluxo de usuários é intenso, não há lugar para que todos aguardem de maneira confortável e alguns ficam em pé. Mato e lixo fazem parte do caminho de quem busca pelo serviço no centro.
O local que deveria possuir leitos para acolhimento noturno nunca foi utilizado. Já o atendimento é realizado das 8h às 17h, quando deveria ser 24 horas. O paciente destaca. “Esse CAPS possui estrutura zero, enquanto do outro lado, o contraste, um parque que custou milhões para os cofres públicos e que não é acessível para o povo mais vulnerável. E o CAPS que é para acolher e ter atenção especial, não se tem. A saúde mental é prioridade para essa gestão?”, completa.
A reportagem solicitou um posicionamento da Prefeitura de Ananindeua sobre a situação do CAPS III Ananindeua, mas não houve retorno.
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